Anysio e Millôr
“MORRERAM CHICO ANYSIO “
Com mais de 200 personagens, Chico não era só um, era múltiplo. Durante 63 anos de carreira, fez o Brasil inteiro chorar de rir com seus tipos que caracterizavam o homem brasileiro.
Ele era humorista, ator, radialista, diretor, poeta, escritor e pintor. Na companhia de mulheres famosas, produziu outros talentos: Lug de Paula (Seu Boneco) e Nizo Neto (Seu Ptolomeu), filhos dele com a atriz Nancy Wanderley; e da união com Alcione Mazzeo, veio o Bruno Mazzeo, que hoje é um grande sucesso. Chico é tio do Marcos Palmeira e da atriz e diretora Cininha de Paula e é tio-avô de Maria Maya, filha de Cininha de Paula com o ator e diretor Wolf Maya.
Criou inúmeros bordões para seus personagens que ganharam a boca do povo. Pertinho de sua morte, aos 80 anos, pronunciou uma frase mais séria: “Não tenho medo de morrer, tenho é pena, pois não irei ver crescer meus netos e bisnetos.”
MILLÔR FERNANDES
Aos 88 anos, o Brasil perdeu um pouco mais de sua graça desenhada e escrita, já que com o Chico Anysio o humor era principalmente encenado. Perdemos um excelente humorista, cartunista, escritor, tradutor, desenhista e jornalista. Millôr, além de ser um dos fundadores de O PASQUIM, e ter trabalhado em O Cruzeiro, Veja e Jornal do Brasil, foi o autor de inúmeras frases que ficaram famosas. Dentre elas, cito algumas:
A verdadeira amizade é aquela que nos permite falar, ao amigo, de todos os seus defeitos e de todas as nossas qualidades.
Como são admiráveis as pessoas que nós não conhecemos bem.
As pessoas que falam muito mentem sempre, porque acabam esgotando seu estoque de verdades.
Viver é desenhar sem borracha.
Democracia é quando eu mando em você, ditadura é quando você manda em mim.
Esnobar é exigir café fervendo e deixar esfriar.
Não devemos resisitir às tentações: elas podem não voltar.
Chato…Indivíduo que tem mais interesse em nós do que nós temos nele.
Esta é a verdade: a vida começa quando a gente compreende que ela não dura muito.
Jamais diga uma mentira que não possa provar.
O cara só é sinceramente ateu quando está muito bem de saúde.
Quem mata o tempo não é assassino, mas sim um suicida.
Pais e filhos não foram feitos para ser amigos. Foram feitos para ser pais e filhos.
De todas as taras sexuais, não existe nenhuma mais estranha do que a abstinência.
Quando todo mundo quer saber é porque ninguém tem nada com isso.
Anatomia é uma coisa que os homens também têm, mas que, nas mulheres, fica muito melhor.
Viva o Brasil onde o ano inteiro é primeiro de abril.
Sim, do mundo nada se leva. Mas é formidável ter uma porção de coisas a que dizer adeus.
Millôr Fernandes
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Dois gênios do humor, duas inteligências ímpares.
O Brasil, sem dúvida, ficou mais empobrecido sem essas cabeças pensantes.
Chico com suas inúmeras caras e Millôr que nos fazia rir com sutilezas.
Imensa perda para a cultural nacional, mas sempre estarão vivos em nossas memórias…. Mestres do humor brasileiro.
O texto excluiu que o genial Chico Anysio é também cantor e compositor. Por muitos anos, ele foi garoto propaganda das Sandálias Havaianas e, por isso, sempre era convidado para apresentar um show nas convenções da Alpargatas. Naquele ano, o palco era o hotel Quatro Rodas, em Olinda/PE.O mestre do humor, depois do grande espetáculo, resolveu se misturar aos convencionais e tudo foi muito divertido com ele no centro das atenções. A meia-noite, estávamos no piano bar do hotel quando ele surge e pede para que o pianista tocasse. Ele cantou uma musica para a plateia de uma dúzia de vendedores presentes, entre eles eu. Tudo foi surreal. Concordo quando ele disse que sentia pena de morrer, pois acho que foi um sentimento comum a todo bom brasileiro.
Parece humor negro, perder dois grandes humoristas em um mesmo mês. Obrigado Millôr! Obrigado Chico!
Chico Anísio…
Quantos personagens e quantas boas risadas.
Lembro da afetada Salomé, do “cara-de-pau” Tim Tones, do “anti-feminista” Nazareno, do exagerado Pantaleão (onde eu moro, vários pescadores sofrem da mesma síndrome… tiveram o “big fish” no anzol, mas escapou… = lembrei daquela propaganda super criativa da Kodak: “Não fotografou?… dançou…”), do oportunista Tavares, da Célia Caridosa de Melo (eu e a Denise “alugávamos” nossa irmã mais velha, com o mesmo nome…), do Vampiro Brasileiro (esqueci o nome dele…) e o que eu, com certeza, mais amava: “Alberto Roberto”!
Com certeza, muitos humoristas talentosos foram impulsionados por ele!
Millôr Fernandes…
Amava os livros didáticos de Português. Lia os textos assim que eram comprados, no início do ano letivo. E como me encantava os de Millôr Fernandes…
-“Sócrates, Horácio, Prometeu, Platão, Newton, Galileu fofocavam também feito você e eu?”;
– poeminhas cinéticos ;
– “Poesia Matemática”;
– Composições Infantis: “…A corcova do camelo também se chama bossa que eu acho que ele tem muita e que foi ele o inventor da bossa nova. O camelo trabalha oito dias sem beber ao contrário do meu tio que bebe oito dias sem trabalhar.”;
“Eu quando crescer vou ser adulto só porque sou obrigado senão eu ia ser sempre pequenininho.”
E gostei muito, muito das frases que você escolheu!
Obrigada, mais uma vez, por sua homenagem tão carinhosa a duas pessoas tão talentosas!
Obrigada pela generosidade. Nos nossos dias, como é necessária essa qualidade!
Zeca,
Que linda homenagem a dois mestres!Mais uma vez você nos presenteia com um texto sensível e criativo. Cá pra nós, perder o Chico e o Millôr em menos de uma semana é uma piada sem graça de Deus! Ou como disse João Cavalcante “humor negro”.
No seu texto você enfatiza que Chico, pertinho de sua morte, aos 80 anos, pronunciou uma frase mais séria: “Não tenho medo de morrer, tenho é pena, pois não irei ver crescer meus netos e bisnetos”. Millôr prevendo a sua morte, se despediu assim: “É meu conforto: da vida só me tiram morto”. Percebe-se que ele faz humor até com a própria morte!!!
Confesso que adorava ver a diversidade de tipos apresentados por Chico, mas amava e amo a linguagem enxuta e breve usada por Millôr, pois através da forma e conteúdo precisos, usava o humor como ingrediente para fazer o leitor pensar, e apontava a vida dura vivida no país para uma dimensão mais filosófica, por isso ele pode ser incluído na lista dos grandes pensadores, mas com senso de humor.
Você sabia que a forma de expressão que mais me atrai no Millôr é o hai-kai, pequeno poema criado no Japão, composto de três versos, e que não possui rima. Pois é, têm uns que nem precisam de ilustração para ajudar na interpretação, leia:
“Nunca tive medo, gente
se onde há perigo,
alguém vai na frente”
“A vida é um saque
que se faz no espaço
entre o Tic e o Tac”
“Meu dinheiro
Vem todo
Do meu tinteiro”.
“Probleminhas terrenos:
Quem vive mais
morre menos?”
Gostas???Você citou inúmeras frases que ficaram famosas, mas gostaria de acrescentar mais duas a sua lista: ”Se você agir sempre com dignidade, pode não melhorar o mundo, mas uma coisa é certa: haverá na terra um canalha a menos”; e “A terra é redonda e chata aos domingos”. Geniais, não!!!!
Apesar das minhas brincadeiras, sabemos que com a morte de Chico Anísio e a de Millôr Fernandes o país ficou mal-humorado e pouco inteligente, mas fica uma certeza de que os dois “desenharam a vida sem borracha” enquanto estavam entre nós.
Lena
Achei lindo o que o autor de O Menino Maluquinho declarou:
“Quem teve a maior perda em uma semana fui eu. Primeiro o Chico e agora o Millôr. Amava muito o Chico e o Millôr era uma dos meus melhores amigos. Conheci o Millôr quando tinha 10 anos de idade”.
Ziraldo
Só fiquei com a certeza de que o céu está mais cheio de bom humor. Bela homenagem. Parabéns!
Admiro Millôr Fernandes desde tenra idade, na época da revista “O cruzeiro” com os desenhos do “Amigo da onça”, em parceria com o cartunista Péricles. Com sua maneira diferente de fazer humor, usando a escrita e artes gráficas para dar vasão a sua criatividade. Millôr foi órfão, ateu, escritor, humorista, jornalista, produtor, inventor, autodidata, tradutor, cartunista, roteirista, pintor, crítico, expositor, atleta, ilustrador e dramaturgo. Entre suas sábias frases, fico com estas:
“A verdadeira amizade é aquela que nos permite falar, ao amigo, de todos os seus defeitos e de todas as nossas qualidades”.
“As pessoas que falam muito, mentem sempre, porque acabam esgotando seu estoque de verdades”.
Chico Anysio nos ajudou com seu humor a suplantar muitos momentos de tristeza. Ele se multiplicou e se reinventou por meio de muitos personagens, que hoje vivem no nosso imaginário.
Millôr deixava nas entrelinhas sua mensagem. Foi assim no O Cruzeiro por mais de vinte anos, Veja, Jornal do Brasil, O Pasquim, sempre com leitores ansiosos por suas sacadas geniais.
Morrem os homens iluminados, mas ficam seus legados.
Antes da morte de Chico Anísio, tive a oportunidade de analisá-lo por duas vezes. em suas entrevistas, com os sequintes comentários:
– Viajei todos os finais de semana, durante meus cinquenta anos de carreira, fazendo show de humor, por este Brasil e nunca fiquei rico. O que mais me arrependo, é nunca ter tido a oportunudade de passar um final de semana com meus filhos.
– Perdi muitas noites em boates e bobagens. Depois de muito tempo é que cheguei a conclusão de que deveria ter passado mais noites em casa ou na casa de parentes e amigos.
Dois grandes brasileiros que fizeram uso do humor para nos alertar sobre as injustiças sociais que tanto machuca nosso povo. Com belas frases de efeito, Millôr cuidava da classe intelectual nas páginas de O Cruzeiro, Veja e dos grandes jornais, enquanto Chico Anysio, com seus personagens televisivos e populares, falava na linguagem do povo. Um completava o outro e, fazendo ri, eles davam o recado para que todos abrissem os olhos. Morrem as referências, aguardaremos seus discípulos.
Nossa eu não tinha conhecimento de Millôr. Por isso amo o blog do meu amigo Cavalcanti. Isso é cultura!!
Chico Anísio disse em sua última entrevista que se recordava das surras que levou quando pequeno, não que houvesse mágoas, ainda, mas a ideia era atingir quem o fez sofrer com isso, porque estaria assistindo a entrevista. Isso marcou em mim.
Quanto mais árdua a caminhada, mais dou-me conta da imensidão de coisas superadas na fortaleza de não nos tornarmos vítimas, mas resultados lindos de superação.
Chico Anísio é superação!
Beijos amigos do Blog
O País perdeu mesmo duas pessoas que eram a cara do Brasil, o que fica mesmo são as belas recordações que não são poucas. Chico desde o início ficou presente em nosso dia a dia, o que para um comediante é muito difícil conseguir se fazer presente durante todo o tempo de sua carreira, isso não é pra qualquer um não.
Vale a pena lembrar sempre.
É difícil dizer qual dos dois foi o maior. Cada um tinha seu próprio campo de atuação, mas ambos tinham um objetivo comum: tornar nossas vidas mais engraçadas.
E eles faziam rir e nos ajudava a pensar mais sobre nossa realidade.
Grandes perdas por nós sentidas.