Texto Polêmico
Tomei a liberdade de transcrever na íntegra toda a fala do professor Ernani Pimentel, que também é escritor e palestrante, dada logo após o fechamento do acordo ortográfico entre os países que falam a Língua Portugesa. O texto é muito interessante e chama atenção sobre os aspectos contraditórios da reforma.
NOVA ORTOGRAFIA E ESCRAVIDÃO
“O decreto nº 6.583, assinado pelo Presidente da República Federativa do Brasil, fez nascer para o povo brasileiro a realidade de que a partir de 1º de janeiro último entraram em vigor as nossas novas regras de escrita, resultantes do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, subscrito pelos Governos da República de Angola, da República Federativa do Brasil, da República de Cabo Verde, da República de Guiné-Bissau, da República de Moçambique, da República Portuguesa, da República Democrática de São Tomé e Príncipe e da República Democrática de Timor-Leste. Independente de estarmos todos preparados para adotar as novas regras, como já o fizeram muitas empresas jornalísticas e editoras e muitas outras o estão fazendo, é importante refletirmos sobre a necessidade de aprimorar esse acordo para tirá-lo das premissas compatíveis com o século XX, época em que foi pensado, e adaptá-lo à realidade prática e racional do século XXI, período em que passa a viger. Se há algo que sempre atrapalhou o ensino-aprendizagem do capítulo ortografia, desmotivando alunos e professores, produzindo uma consciência coletiva de incapacidade de escrita e de subordinação compulsória ao dicionário, chama-se “exceção”. Se no século passado se aceitava que a “exceção comprovava a regra”, hoje a consciência predominante é de que “a exceção destrói a regra”, torna-a incapaz e desinteressante, porque transmite a sensação de perda de tempo: para que estudar uma coisa que é falha, que não tem lógica, que é irracional. Ao homem do terceiro milênio não interessam as formulações superficiais, não práticas, não racionais e dogmáticas. É, pois, preciso adequar a ortografia a essa nova etapa de evolução do ser humano, que deixa de ver o mundo sob a ótica da linearidade e passa a captá-lo sob um ponto de vista quântico, holístico.
Qualquer indivíduo inteligente, hoje, (e todos, a princípio, o são) não aceita imposições irracionais docilmente e vai querer saber:
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Por que blêizer se escreve com z e gêiser, com s?
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Por que estender com s e extensão, com x?
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Por que água-de-coco com hífen e suco de uva, sem?
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Por que Nova Guiné, sem hífen e Timor-Leste e Guiné-Bissau, com?
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Por que eliminamos o trema de nossas palavras e o usamos nas estrangeiras?
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Por que proto-herdeiro, com h e hífen, mas coerdeiro, sem eles?
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Por que duas grafias aceitas para uma mesma palavra, bi-hebdomadário e biebdomadário?
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Por que cor de café, cor de bonina sem hífen e cor-de-rosa, com?
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Por que paraquedas, paraquedista, paratudo, sem hífen, mas para-raios e para-sol , com?
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Por que para-raios e para-sol com hífen, mas contrarregra e contrassenso com rr e ss, sem hífen?
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Por que giravolta sem hífen, mas gira-mundo, gira-pataca (bobo) e gira-discos, com?
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Por que guarda-chuva e manda-tudo têm uma só grafia com hífen obrigatório, porém mandachuva está correto sem hífen ou com ele, manda-chuva?
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Por que as onomatopeias com palavras repetidas ora têm hífen (reco-reco, blá-blá-blá), ora o dispensam (panapaná, panapanã)?
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Por que, em madre-forma, madre-mestra e madre-caprina, o hífen é obrigatório, mas não é usado madrepérola?
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Por que água-de-colônia com hífen e água de cheiro, sem?
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Por que pé de botina, pé de sapato, pé de chinelo sem hífen e pé-de-meia, com?
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A palavra arco-íris tem quatro outras denominações arco de Deus, arco da chuva, arco da aliança e arco-da-velha. Por que só a última tem hífen, se todas têm preposição?
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Por que há duas grafias corretas para pré-embrião/preembrião, com ou sem hífen, mas uma só para pré-embrionário, com hífen?
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Por que só existe uma grafia, com hífen, para pré-esclerose, mas duas para seu adjetivo, pré-esclerótico/preesclerótico, com ou sem hífen?
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Por que só uma grafia para preeleger, sem hífen, mas duas, com ou seu hífen, para pré-eleito/preeleito, pré-eleição/preeleição…
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Por que duas grafias para ab-rupto ou abrupto, quando se deve ensinar que a melhor pronúncia é a que separa os dois elementos?
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Por que duas grafias corretas para adrenal /ad-renal, com ou sem hífen, mas uma só, sem hífen, para adrenalina e adrenalite?
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Por que futuro do pretérito se escreve sem hífen, mas mais-que-perfeito deve ser hifenado obrigatoriamente?
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Por que se mantiveram as grafias mal-andança (infortúnio), mal-assombro (fantasma), malconceito (má fama), malcriação, se o mal está indevidamente usado como adjetivo. Deveria ser má-andança, mau-assombro, mau-conceito, má-criação.”
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O acordo não mudará o modo de falar dos brasileiros, afinal, vejam só algumas diferenças do português do Brasil e de Portugal
Dicionário de Português Lusitano:
Ônibus – Autocarro
Caminhão – Camião
Vagão – Carruagem
Durex – Fita-cola
Sanduíche – Sandes
Fila – Bicha
Camisinha – Durex
Bicha – Paneleiro
Aeromoça – Hospedeira
Sapatão – Fufa
Dormentes – Travessas
Fazenda – Quinta
Mauricinho – Beto
Pão Francês – Cacete
Prefeitura – Câmara Municipal
Trem – Comboio
Pedestre – Peão
Furadeira – Berbequim
Rotatória – Rotunda
Garis – Almeidas
Faixa de pedestre – Passadeira de peões
História em quadrinhos – Banda desenhada
Telefone celular – Telemóvel
Bonde – Elétrico
Goleiro – Guarda-redes
Abridor de latas – Abre-latas
Geladeira – Frigorífico
Congelador – Geleira
Geleira – Glaciar
Dublagem – Dobragem
Conversível – Descapotável
Funileiro – Bate-chapa
Pelúcia – Peluche
Café-da-manhã – pequeno almoço/mata-bicho
Chiclete – Pastilha elástica
e muitas outras…
Já cantava o Paralamas do Sucesso: “Assassinaram a gramática”.
Meu Deus! Quantos erros de português existem por aí. Seja com a nova ou “velha” ortografia. É o tal de “internetês” dominando a galera. Concordância, ortografia e abreviações… Tudo errado.
Não sou professora de português e, muito menos, quero dar lição de moral em alguém, mas vamos aprender a escrever, né gente! É óbvio que conhecer a nossa língua em 100% é difícil, pois a Língua Portuguesa, além de linda e fascinante, é complicada. Mas, daí a avacalhar geral, não é bacana.
Sobre a nova ortografia, não curti muito. Mas, o novo, o desconhecido, sempre gera polêmica.
Achei ruim terem tirado a acentuação de algumas palavras, como por exemplo, “para” do verbo parar. Fica ruim na hora de uma leitura.
Boa sorte a todos!
DUPLA GRAFIA
Apesar de ser um acordo entre os países que falam português, essa reforma ainda permitirá a dupla grafia de palavras que são pronunciadas com entonação diferente em diferentes países.
No Brasil, por exemplo, fenômeno se escreve com acento circunflexo, enquanto em Portugal se usa o acento agudo (fenómeno), e além de escrita de forma diferente é também pronunciada de forma diferente. Em casos como esses, serão aceitas ambas as grafias.
A Academia Brasileira de Letras, responsável pela língua pátria, diz o seguinte:“Pelo novo acordo, o prefixo bem só não terá hífen se o segundo elemento for um derivado de fazer ou querer: benfeito (a), benfeitor, benfazejo, benfeitoria, benquerer, benquisto, benquerença etc. O advérbio bem é usado com hífen em todos os outros casos: bem-administrada, bem-elaborada, bem-estar, bem-criado, bem-falante, bem-ditoso, bem-aventurado, bem-humorado, bem-vindo(s), bem-te-vi, bem-sinalizado, bem-sucedido, bem-nascido etc.
Parabéns por ter esse conhecimento de temas interesantes e que enriquecem as pessoas que tem aquela necessidade de aprender cada día um pouco maís. Muitissimo obrigado por ser meu seguidor, no mesmo día que falamos por telefone. Continuarei visitando teu blog, pra seguir aprendendo. Um grande abraco pra vocé e Maria Marta, e lembrancas para Mario.
Carlitos, além de me tornar seguidor do “El Mago”, também fiz um comentário, afinal era a data do seu aniversário e queria te desejar os melhores votos, desde o Brasil, sua segunda pátria.
Grande abraço, amigão!
Para enriquecer o debate, agrego também o texto do escritor José Paulo Moreira de Oliveira:
“Enquanto o sapato português já foi çapato, a pharmácia levou séculos para se modernizar – e perder o ph. Sòmente, sêde e tôda foram mais duradouros: resistiram heroicamente até 1971.
Nossos irmãos lusitanos agora vão ter de habituar-se a largar de mão o h de húmido (será que vão?), não poderão mais activar o alarme; tampouco cometer infracções. Pela nova ortografia, será considerado policticamente incorrecto ir de férias ao Egipto ou encarar a vida com optimismo.
Aqui do lado de baixo do Equador também teremos nossa cota (ou quota) de sacrifícios: degustaremos linguiças sem trema e nossos sequestros nunca mais serão os mesmos. Será que vamos aguentar?
Menos mal que os portugueses continuarão a escrever facto e indemnizar, tão distantes dos nossos fato e indenizar. Tudo bem que eles continuem falando fémur, pónei, pénis e ónus. O que fazer se eles gostam das vogais abertas, enquanto nós preferimos as fechadas?
O fato é que muitos não creem no acordo e o repudiam; outros veem na reforma o aumento saudável do intercâmbio entre os povos de língua portuguesa, que poderá alçar voos mais altos.
Por ora, a questão é polémica – ou polêmica. O futuro é que vai decidir quem está com a razão. E se a ideia deste acordo valeu a pena.”
Acho que a ideia de unificar é no sentido de fortalecer. Toda caminhada começa no primeiro passo.
Nossa Língua Portuguesa é linda e rica, porém difícil.
Lendo esse texto, percebemos tudo isso e realmente ficamos
com milhares de dúvidas e mesmo querendo saber mais e escrever
melhor nos encontramos sempre com muitas barreiras.
O importante é buscar sempre escrever corretamente e valorizar nossa linda língua portuguesa.
Ai gente! Fiquei confusa!!
Sou a favor de lermos mais, aprendermos, aprofundarmos e os exemplos citados ajudam muito.
Mais que confunde, a ussi confunde.
Mais nós brasileiros relevamos muita coisa. Está na cultura.
Complicado hein essa de dupla grafia.
Vamos ao menos nos atentar para o faser, felis, serem escritos corretamente.
Isso dói ao lermos.
(fazer, feliz) Ufa’ esses ainda lembro como se escreve. rsrs…
Se nós brasileiros não lemos o suficiênte, precisamos no mínimo buscar o básico ao escrever.
Até a próxima!
Hello foi a 1ª vez que li a tua página e adorei tanto! Bom Projecto!
Até à próxima
Não deveriam mexer com o acordo ortográfico. O melhor era fazer uma ortografia simplificada e com poucas regras para o uso no dia-a-dia e de uso opcional. Confiando na lei do menor esforço, ela rapidamente seria majoritária.