Toque de Cordas
A ALMA DAS CORDAS
CÉU ESTRELADO, LUA CHEIA
DE CAVACO, VIOLA E VIOLÃO
NA BOCA A ALMA INCENDEIA
FERE AS CORDAS A SOLIDÃO
NA CAIXA ACÚSTICA O SOM
UM BELO CANTO SE ENTOA
A NOTA VIBRA AO AR ECOA
O ARTISTA A DAR SEU DOM
DEDILHA COM DIVINA MÃO
E BATE FUNDO NAS BORDAS
COM A MENTE E O CORAÇÃO
TOCA A ALMA DAS CORDAS
Autor José Maria Cavalcanti
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Minha homenagem ao violonista e compositor brasileiro Rafael Rabello
Quem toca, sabe: o corpo do violão é o prolongamento corpóreo do tocador, que coloca sua alma nas cordas, ao arrancar cada som melodioso que repercute nas paredes do velho pinho.
É fusão de dois corpos, numa só alma, movido pela destreza e dom de arrancar do aço o doce som que provoca o sentimento.
Bela homenagem ao maior músico violinista do Brasil. Me fez lembrar que minha irmã, Graça, tinha uma violão esmaltado, Giannini, na cor verde. Com ele fui acampar e sempre levava-o para a ETFERN, onde era muito disputado por vários tocadores. Certa vez, no laboratório de Mecânica, fizemos uma cantoria e para isso montamos um palco improvisado, soldando mesas e cadeiras. Estávamos tão empolgados com nosso show que não notamos a entrada surpresa do professor João. Ele subiu no palco, arrebatou o violão e, quando esperávamos levar uma tamanha bronca, ele sentou-se na cadeira, soldada no centro do tablado, e tocou e cantou duas músicas dos Beatles. Logo depois, entregou o violão ao tocador e disse: – Vou a lanchonete e, em cinco minutos tô de volta. Ao retornar, ele encontrou tudo bem arrumado e todo o palco desfeito. A partir daquele dia, a relação nossa passou a ser de admiração e mais respeito pelo solidário professor-cantor. Para nossa turma, foi um presente. É lembrando dessa história que vejo que encaixa muito bem a frase de Fernando Pessoa: “Tudo vale a pena, quando a alma não é pequena.”
Uma Mulher Chamada Guitarra
Vinicius de Moraes
UM DIA, casualmente, eu disse a um amigo que a guitarra, ou violão, era “a música em forma de mulher”. A frase o encantou e ele a andou espalhando como se ela constituísse o que os franceses chamam um mot d’esprit. Pesa-me ponderar que ela não quer ser nada disso; é, melhor, a pura verdade dos fatos.
0 violão é não só a música (com todas as suas possibilidades orquestrais latentes) em forma de mulher, como, de todos os instrumentos musicais que se inspiram na forma feminina — viola, violino, bandolim, violoncelo, contrabaixo — o único que representa a mulher ideal: nem grande, nem pequena; de pescoço alongado, ombros redondos e suaves, cintura fina e ancas plenas; cultivada, mas sem jactância; relutante em exibir-se, a não ser pela mão daquele a quem ama; atenta e obediente ao seu amado, mas sem perda de caráter e dignidade; e, na intimidade, terna, sábia e apaixonada. Há mulheres-violino, mulheres-violoncelo e até mulheres-contrabaixo.
Mas como recusam-se a estabelecer aquela íntima relação que o violão oferece; como negam-se a se deixar cantar, preferindo tornar-se objeto de solos ou partes orquestrais; como respondem mal ao contato dos dedos para se deixar vibrar, em benefício de agentes excitantes como arcos e palhetas, serão sempre preteridas, no final, pelas mulheres-violão, que um homem pode, sempre que quer, ter carinhosamente em seus braços e com ela passar horas de maravilhoso isolamento, sem necessidade, seja de tê-la em posições pouco cristãs, como acontece com os violoncelos, seja de estar obrigatoriamente de pé diante delas, como se dá com os contrabaixos.
Mesmo uma mulher-bandolim (vale dizer: um bandolim), se não encontrar um Jacob pela frente, está roubada. Sua voz é por demais estrídula para que se a suporte além de meia hora. E é nisso que a guitarra, ou violão (vale dizer: a mulher-violão), leva todas as vantagens. Nas mãos de um Segovia, de um Barrios, de um Sanz de la Mazza, de um Bonfá, de um Baden Powell, pode brilhar tão bem em sociedade quanto um violino nas mãos de um Oistrakh ou um violoncelo nas mãos de um Casals. Enquanto que aqueles instrumentos dificilmente poderão atingir a pungência ou a bossa peculiares que um violão pode ter, quer tocado canhestramente por um Jayme Ovalle ou um Manuel Bandeira, quer “passado na cara” por um João Gilberto ou mesmo o crioulo Zé-com-Fome, da Favela do Esqueleto.
Divino, delicioso instrumento que se casa tão bem com o amor e tudo o que, nos instantes mais belos da natureza, induz ao maravilhoso abandono! E não é à toa que um dos seus mais antigos ascendentes se chama viola d’amore, como a prenunciar o doce fenômeno de tantos corações diariamente feridos pelo melodioso acento de suas cordas… Até na maneira de ser tocado — contra o peito — lembra a mulher que se aninha nos braços do seu amado e, sem dizer-lhe nada, parece suplicar com beijos e carinhos que ele a tome toda, faça-a vibrar no mais fundo de si mesma, e a ame acima de tudo, pois do contrário ela não poderá ser nunca totalmente sua.
Ponha-se num céu alto uma Lua tranqüila. Pede ela um contrabaixo? Nunca! Um violoncelo? Talvez, mas só se por trás dele houvesse um Casals. Um bandolim? Nem por sombra! Um bandolim, com seus tremolos, lhe perturbaria o luminoso êxtase. E o que pede então (direis) uma Lua tranqüila num céu alto? E eu vos responderei; um violão. Pois dentre os instrumentos musicais criados pela mão do homem, só o violão é capaz de ouvir e de entender a Lua.
Os dez mandamentos do violonista (por Paulinho Nogueira)
1. É necessário ser fanático. Quem for muito moderado jamais poderá ser um bom violonista. E se o violão prejudicar os estudos, não vacile. Deixe de estudar.
2. Saiba escolher o seu violão. Não exija que ele seja perfeito. Basta gostar dele. Mas se após muita insistência ainda não o tiver encontrado, é possível que o violão não goste de você. Nesse caso, aconselho-o a desistir da idéia de abandonar os estudos.
3. Não espere muito pra começar a aprender. Ou estará destinado a ser um violonista do tipo ‘não toco bem, mas arranho um pouco’. É horrível. O violão não merece esse castigo.
4. Respeite os violões nos dias de chuva. Quando o tempo está úmido, nada funciona pra ele. Violão deve ter horóscopo.
5. Jamais esqueça o violão no carro. Infelizmente, os ladrões preferem deixar o carro e levar o violão. Mas se isso acontecer, não chame a polícia. Ladrão que toca violão tem cem anos de perdão.
6. Não toque quando estiver triste. Ficará mais triste ainda.
7. Não se considere auto-suficiente. Acredite sempre que existe um acorde que você ainda não sabe. E continue procurando, mesmo que jamais o encontre.
8. Não fique se matando de tanto estudar. Toque quando tiver vontade. O violão é um companheiro, não um secretário particular. E, sempre que possível, cante com ele.
9. Mantenha a calma quando alguém lhe convidar para uma festa e acrescentar: “mas leve um violão”… Aceite o convite e, no dia da festa, mande só o violão.
10. Estime seu violão como se ele fosse a mulher amada. Trate-o com carinho, conserve-o sempre afinado e troque as cordas de vez em quando. E se um dia o amor terminar, não troque por uma sofisticada guitarra elétrica. Lembre-se do que ele representou para você.
O violão era a primeira coisa que lembrávamos quando íamos nos reunir com a nossa turma, seja numa calçada, em uma casa de praia ou nos acampamentos de férias, mas era figura indispensável nas noites de lua cheia em que acendíamos uma fogueira e curtia o luau. Hoje, com a facilidade da aquisição de aparelhagem de som, o violão ficou em segundo plano, porém não há nada mais gostoso do que uma cantoria com uma turma animada. Nesses momentos, basta alguém lembrar de um pedacinho de uma letra para a música sair por completo, e como também é divertido fazer as rimas de improvisos. Só sei que em roda de amigos o violão faz a maior diferença, sempre para melhor. Parabéns pela homenagem para esse brasileiro que é mestre em pinho.
Primeiramente, vamos falar de poesia. Uma arte a contemplar a outra. Quando alguém enaltece o violão, rendo sempre minha homenagem: parabéns!!!!!!!
Gostaria de lembrar que o violão foi feito para emocionar as pessoas e portanto não se deve medir quem toca mais rápido como numa corrida de 100m rasos. Entretanto eu acho ser possível comentar sobre quais os violonistas que mais influenciaram e emocionaram os grandes ouvintes de violão no Brasil. Devemos sim nos basear na exposição da mídia para emitir opinião a respeito, pois assim as gerações de músicos iniciantes têm como conhecê-los. Esta lista é ampla e baseada em pesquisa e não pelo gosto pessoal:
– Garoto
– Canhoto
– Dilermando Reis
– PAulinho Nogueira
– Baden Powell
– Sebastião Tapajós
– Turíbio dos Santos
– Dino 7 Cordas
– Rafael Rabello
– Yamandú Costa
– João Bosco
Acho que outros nomes serão acrescentados por outros leitores, mas aqui segue a lista de alguns preferidos pela geral.
Inácio
Vô, agora quero aprender a tocar violão!
Esse instrumento de cordas é fantástico. Ganhei meu primeiro violão aos quinze anos, como presente de aniversário. Tentei aprender, mas só consegui “arranhar um pouco”, e, seguindo os dez mandamentos de Paulinho Nogueira, desisti. Em compensação tive a sorte de encontrar um marido músico maravilhoso e que me motiva sempre a cantar acompanhada pelo dedilhar de seu violão. Gostamos de aprender músicas novas para modernizar nosso repertório. Damos muitas risadas quando esquecemos as letras antigas, pouco cantadas por nós. O outro lado da moeda é ter que administrar as amigas românticas, que ficam sonhando em ter um marido músico ou até mesmo ver os pedidos das mais ousadas, que chegam a sussurrar os pedidos das canções, ao pé do seu ouvido. Mas, isso faz parte do show. Para mim ele é fantástico! Só não compartilho de sua ideia de formarmos uma dupla e sairmos cantando na night. Por outro lado, nosso filho caçula nos via sempre tocando e cantando em casa ou mesmo com amigos e não se mostrava interessado pelo instrumento e nós não forçávamos sua inclinação. Mas, quando completou 15 anos, pediu um violão como presente de aniversário. O pai muito feliz com o pedido, comprou um modelo bem melhor que os dele. E o melhor é que ele nos surpreendeu. Toca coisas lindas!
Voz e violão. Para mim é a melhor forma de apreciar todo o romantismo musical. Toda vez que saímos, a noite, para comer fora ou só para tomar uma cervejada, escolhemos sempre a opção de musica ao vivo. Hoje, estão modernizando os bares com telões que reproduzem DVDs maravilhosos de cantores da MPB, mas nada como apreciar os cantores da noite natalense. Tem uma rede de supermercado, o Nordestão, onde faço minhas compras, que sempre tem um cantor tocando e cantando preciosidades da MPB. Achei a ideia fantástica, pois acho que assim fica mais divertido fazer a feira semanal. Nesse último ano, resolvemos contratar um artista desses para animar o aniversário de meu marido, foi o maior sucesso, e hoje, para nossa maior alegria, sempre encontramos música ao vivo nas festas dos amigos que participaram da nossa. Temos um CD acústico de Geraldo Azevedo em que ele canta: “…quem inventou o amor, teve certamente inclinações musicais…”
A poesia é cheia de musicalidade no seu encadeamento de rimas, e, nela, o poeta traduz, com pouquíssimas palavras, tudo que carrega no coração.
O tema é o violão, instrumento companheiro e amigo, que mitiga as dores do coração solitário, principalmente em noites que entristecem: estreladas e enluaradas.
O tocador canta pra vencer a distância e o tempo, quem sabe ser escutado no silêncio noturno.
E seu sentimento é tão profundo que chega a “tocar a alma das cordas”.
Belíssima construção!
Amigo poeta, José Maria Cavalcanti, você faz arte.
Antero Luz
Antero, como você sempre diz: “O poeta é a alma do mundo!”.
A correria dos tempos está roubando a sensibilidade da humanidade. Por isso, todo artista da palavra tem a missão de tocar a mente e a emoção das pessoas, fazendo-as, uma vez mais, amantes dos versos e das rimas.
Olá amigos do Blog.
Bom dia!!
Quando abri o vídeo do violinista Raphael Rabello, que som maravilhoso desta música. E quem não a conhece, não é mesmo?
Tamanha destreza. Fez-me relembrar de quando me matriculei na aula de violão. Isso foi em 2003. Nossa! Uma lástima…kkk…porque eu sentia dificuldade em dedilhar.
Lembro bem do professor com sua boa vontade e eu reclamando que era difícil demais dedilhar. Ele com sua calma disse: “Precisa cortar suas unhas”.kkk…
Mulher, com sua vaidade, não responde no primeiro momento. “Ah! Cortarei sim!!”
Tanto que, na semana seguinte, lá estava eu sofrendo o dedilhar e ainda com as unhas sem cortar.
Claro não durou 2 meses de aula. Fiquei só no “Atirei o pau no gato” e “parabéns a você” Uiii…!
Mas que maravilha ao ouvir este vídeo e ver a habilidade escancarada. Amei Raphael.
Olha como são as coisas, meu amigo Cavalcanti, pois, ao entrar aqui no blog para comentar, eu li seu comentário acima onde ressaltou ” A correria dos tempos está roubando a sensibilidade da humanidade.”
Eu falava exatamente disso ontem mesmo no blog do Omar.
http://carlosomarcolturi.blogspot.com/
Que lamentável, nossa pressa onde desperdiçamos ouro doados a nós.
A pressa nos trai muito.
Mas que bom que os artistas ainda assim conseguem chamar a atenção dos que se deixam contagiar com um pouco de sensibilidade.
Os sensíveis sofrem mais?! Não! Os sensíveis amam mais intensamente.
Bauces!!
Uma bela história sobre a petição de um jovem advogado que requisitou, de forma inusitada, para o juiz a soltura de um violão que fora injustamente apreendido.
Cavalcanti, admiro seu dom para a poesia e para os contos, além do talento para jogar xadrez.
Venha sempre a jogar em minha casa.
O xadrez, assim como o violão, é uma grande companhia.
Eloisio
Y así vibrarán siempre las cuerdas dulcemente, y el firme pulso de manos dueñas de genio latente que presto liberarán mágicos impulsos. Yo soy mis cuerdas vocales y también las cuerdas de mis guitarras que viajan entre silencios, creando las melodías
Cavalcanti e Marta:
Não se assustem… Meu nome é Gisele e sou irmã da Denise, que trabalha no CTA com a Marta. Eu amo ler (de tudo = até bula de remédio!) e irei me deliciar no Blog do Bollog. A Denise me indicou, por me conhecer e, saber de antemão, que eu iria virar frequentadora assídua. Não sou tagarela, como a galinha preferida da vovó (acho que sou quieta até demais…), mas quando estou escrevendo, acabo “falando” tanto, que até me espanto… Enfim, estou me apresentando e quero dizer que é um prazer conhecer vocês também pelo mesmo “canal” e estou amando tudo o que estou descobrindo. Lindíssima poesia, principalmente para quem, como eu, foi um “fracasso” musical (dois meses de violino = se prosseguisse, seria meu fim ou o do professor…), mas que ama os sons que saem da alma e dos instrumentos. Não tenho um marido músico maravilhoso, como a Maria das Graças acima, e minha filha herdou, infelizmente, a falta de ouvido musical do pai e minha. Mas me alegro em saber que na família temos a Letícia e o Gigi (será que o talento é da família do Itamar?).
Obrigada e vou continuar “visitando”…
Deus os abençoe e tudo, tudo de bom!
Que surpresa bacana, adoramos o seu contato, ainda lembro de você no casamento da Denise com (poucas) lágrimas e justo hoje quando Denise e Itamar completam 20 anos de casados.
Será um prazer ter você como frequentadora assídua do Blog do Bollog.
Sei que você gosta muito de animais e tem muitos gatinhos, por isso leia a história do meu cãozinho que me deu alegrias durante 16 anos. Você pode ler a história no índice do bollog, com o nome Chega de Saudades.
Aproveito para parabenizar o casal Itamar e Denise pelos 20 anos de amor e companheirismo.
Marta
Oi Marta e Cal…
Vocês viram que minha irmã gosta de ler e de escrever também!
Obrigada pela lembrança dos nossos 20 anos.
Beijos.
Denise