Alfaiate de Mão-Cheia
ALFAIATE DOS ANJOS
– Dudé, por favor, traga aqueles forros e enchimentos novos para perto da pedaleira da máquina de costura. – Disse Afonso com toda educação.
Aquele humilde senhor trabalhava como um faz-tudo em troca de um pequeno salário.
Afonso tinha preocupação com ele e o protegia da ameaça de demissão. O medão que tinha de ir pra rua só compreendia quem havia ido visitá-lo. O dinheirinho que ele ganhava era pro sustento da casa dele, que ficava a caminho do bairro do Serrote. Sabia que ele tinha uma vida difícil, era viúvo, morava com a mãe e tinha cinco filhos por criar.
Como não conseguia pregar botão com o rigor necessário, ninguém se atrevia a ensinar mais nada, deixando-o a cargo dos serviços pesados e do almoxarifado, onde estavam as prateleiras de madeira de lei, que abrigavam da luz e da umidade os melhores cortes de tecido. Ali no depósito, todos os rolos ficavam empilhados de cinco em cinco, ordenados paralelamente, protegidos das traças e roedores.
Quando premido pelo tempo, era a ele quem Afonso confiava fazer algumas entregas em domicílio ou a comprar caixas de agulhas ou carretéis de linhas no armarinho de dona Amâncio, tudo de acordo com a gramatura do tecido a ser usado.
E Dudé passou a reverenciar mais ainda a Afonso quando ele deu a oportunidade de seu filho mais velho começar como ajudante. Aos poucos, o rapaz aprendeu a fazer ponto mole, e não demorou muito para saber chulear e acolchoar entretelas, lapelas e baixo de gola.
Afonso já era mestre e tinha sua própria equipe de trabalho. Depois de anos de experiência, já não havia nele qualquer vestígio daquele aprendiz de alfaiate, quando iniciou em 1940, aos 21 anos de idade, com o aval de Raimundo Freire, o proprietário da Alfaiataria RF. Havia começado fazendo o nada fácil trabalho de pensas, bolsos e ilhargas, depois passou a coleteiro e, daí em diante, ninguém o segurou mais.
Rapidamente, graças a sua inteligência e dom, cresceu muito e passou a ser requisitado pelos principais clientes. O proprietário, percebendo a predileção pelo jovem alfaiate, deu carta branca para que ele escolhesse e formasse seu grupo de trabalho.
Com uma carreira promissora pela frente, casou-se, cinco anos depois, com a bela jovem de 16 anos, Jovita Alves, conhecida por todos como Nenen.
Logo vieram os primeiros filhos daquela linda união.
Mas Nenen não queria ser apenas dona de casa. Quando os filhos estavam mais crescidos, tratou de se encaixar na alfaiataria com a responsabilidade de dar o toque final no trabalho do seu marido. Aquela função de passar era das mais importantes, pois dela dependia todo o trabalho artístico do artesão, que começava com apenas um giz, uma fita métrica e uma régua, para depois finalmente passar para a tesoura. Não tardou muito para ela levar também sua irmã, Francisquinha, quatro anos mais nova que ela, para também aprender o ofício.
Enquanto Afonso encaixava pessoas queridas naquele mercado de trabalho, seus frutos profissionais cresciam. E o sucesso dele não estava só na qualidade do seu corte, mas também no atendimento: o bom trato que dava à clientela era um ponto alto. Era nesse contato que ele escolhia seus clientes.
Naquela tarde em que o prefeito adentrou a alfaiataria, Raimundo Freire ficou despreocupado com a presença da autoridade. Dava gosto de ver a maneira como era tratado por seu melhor mestre.
Logo o homem foi conduzido para o ateliê para mais uma sessão de provas, somente para checar se não tinha havido alterações. Ao entrar no biombo, vestiu o paletó de risca de giz, com as mangas apenas alinhavadas, pois aquele era um modelo tradicional, com três botões, de tecido cambraia, todo forrado. O bolso era feito no estilo clássico, com portinhola. Após aqueles procedimentos preliminares, dava gosto ver o ar de satisfação no rosto do atendido. Estava certo que o trabalho artesanal, que sairia daquelas mãos, iria coroar com muita elegância o compromisso social que estava por vir.
Com Afonso não havia estresse, e o cliente saía dali sorridente e confiante, para sossego do proprietário.
Toda manufatura das roupas acontecia num dos belos casarões, que fora transformado em estabelecimento comercial, localizado na João Pessoa com a Getúlio Vargas, no centro de Cajazeiras, onde Afonso já era um profissional completo em seu ofício. E por sua simplicidade, elegância e educação, havia desde muito caído no gosto do patrão e de todos os funcionários. Com tais características foi que ele aos poucos foi conquistando uma clientela cada vez maior, até mesmo da capital do estado e cidades circunvizinhas.
Somente para que se tenha uma ideia da fama de Afonso, quando a primeira roupa prêt-à-porter, isto é, pronta para usar, surgiu no início dos anos 60 no interior da Paraíba, foi vista com desdém pelas pessoas de bom gosto e refinadas da época, na cidade de Cajazeiras. A razão disso era que ali vivia o melhor alfaiate da região: Afonso dos Anjos, um verdadeiro artista da confecção fina. Ainda jovem, no auge dos seus 39 anos de idade, já gozava de comprovada experiência e era um profissional reconhecido.
Os homens da família Rolim, da família Cartaxo, pessoas como o prefeito, o delegado, o gerente do banco, os fazendeiros e comerciantes não iriam se render a massificação da moda e dos panos sintéticos baratos, feitos em série para o povão. Eles faziam questão de divulgar a arte de trato refinado daquele profissional que enchia os olhos com suas produções exclusivas e impecáveis.
Cada peça ficava com o caimento perfeito. Afonso fazia tudo com capricho. Além de determinar o estilo e o tipo de corte, cerzia, chuleava e costura à perfeição cada roupa, não importando se era de linho, percal, tergal, gabardine ou outros tecidos especiais.
Isto tudo numa época em que as máquinas de costura eram mecânicas e movidas graças a destreza do operador, e nisso o bom alfaiate tinha que se especializar. O ferro de passar pesava sete quilos ou um pouco mais, mais era com ele que os ternos recebiam o toque final de classe. Isso já era uma tarefa de Nenen e Francisquinha, que aos poucos iam aprendendo outras funções de destaque.
Os anos do início da década de 60 se passavam e, quando as coisas estavam correndo a todo vapor, surgiu na esquina da praça um fato inesperado: a concorrência.
Além de o novo estabelecimento executar os mesmos trabalhos, fazia também pequenos serviços de reparos, remendos, colocação de botões e zíperes. E de lá surgiu uma figura feminina chamada Dolores, que era uma conhecida modista de Natal.
Aquele fato novo não estava nos planos de Raimundo Freire, que, de tão aperreado, logo se reuniu com Afonso para ver que ações tomaria frente aquela contingência.
Afonso sorriu e disse:
– Meu amigo, não se preocupe com quem coloca reparo novo em pano velho. Nada vai mudar, dê tempo ao tempo, ele é senhor de tudo. Coloque uma copa para servir um bom café, água e biscoitos finos, que o resto eu faço.
Raimundo Freire se tranquilizou, embora seguisse com a pulga detrás da orelha. Ainda seguindo as orientações de Afonso, pintou todo o prédio, jalecou os funcionários, mandando bordar o nome e função de cada um ao lado das grandes letras RF. Contratou mais uma funcionária para o atendimento da copa e mandou emitir cartões de apresentação da empresa. Tudo isso fez uma grande diferença.
O que mais orgulhava Afonso era que, na nova vitrine da loja, ficavam expostos seus lindos ternos. Aquilo dava a mesma alegria de estar no Maracanã, vivendo a mesma emoção do craque de futebol ao fazer um gol de placa.
Em contrapartida, já em 1964, um caixeiro viajante surgiu nos sábados de feira para vender seus produtos. Num ponto estratégico, fazia exposição de ternos prontos e baratos, feitos na máquina de overloque industrial.
Outra reunião requisitou Raimundo Freire com Afonso, que contestou aquela nova situação com sábias palavras:
– Seu Raimundo, verifiquei que o produto é áspero e quente e tudo requer ajuste, mas é a oportunidade de o pobre adquirir seu terninho para batizar um filho ou até mesmo se casar mais arrumadinho. Isso não vai mexer com nosso mercado e clientela, fique tranquilo.
Mas, no ano seguinte, já com a família crescida, Afonso dos Anjos se deu conta que era hora de tirar sua família do interior e partir para um grande centro, onde pudesse levar sua arte para um público maior.
Movido também por interesses familiares, pois os pais e irmãos da esposa já haviam seguido para a nova capital do Brasil, Raimundo Freire naquele dia receberia a notícia mais triste para seu lucrativo negócio: o pedido de demissão de suas mãos de ouro, como ele dizia.
Raimundo Freire o gratificou bem pelos muitos anos de bons serviços prestados, e Afonso seguiu com Nenen e a família com destino ao sonho de Juscelino Kubitschek.
Era o ano de 1965 e, aos 46 anos, Afonso estava resoluto, frente às propostas de aumento para ele ficar, mas ele estava convicto que era hora de dar um novo rumo para sua vida profissional e abrir novas possibilidades e opções de vida para sua numerosa família. Pensando assim, resolveu, juntamente com Nenen, que iria se juntar à família na nova capital do Brasil. A exceção dos irmãos de sua esposa, Antônio Pedro, que morava em Pau dos Ferros/RN e Francisquinha, que morava em Goianinha/RN, todos os demais já haviam partido, alguns anos antes, para erguer a nova capital brasileira, inclusive seus sogros: Pedro Alves e Dona Moça.
Como Afonso possuía uma boa situação, graças a suas economias no Banco do Povo, não queria expor seus familiares aos solavancos e incômodos da longa viagem em um pau de arara. Pensando na comodidade, seguiriam até João Pessoa e de lá pegariam um ônibus para Brasília. Aquele era um luxo que ele poderia proporcionar a Nenen e aos quatro casais de filhos: Francisco, Ribamar, Rubismar, Iramar, Maria do Carmo, Geralda, Francismar e Rosimar.
O dia da despedida chegou e, para os amigos, aquela hora se fez difícil, principalmente para Dudé, que sentia perder naquele dia uma espécie de irmão e protetor. Afonso se fez forte e consolou o já idoso amigo, confortando-o com as seguintes palavras: “Não é o tempo ou a distância que apagará uma sólida amizade”. Ali no ponto do ônibus, todos se abraçaram demoradamente, e não tardou muito para que o ônibus seguisse seu trajeto para a capital do estado e depois um outro os levaria até o estado de Goiás.
A viagem transcorreu em cinco dias e, depois de calorosa recepção dos familiares, que já estavam instalados em Brasília, Afonso, Nenen e os oito filhos se sentiram acarinhados no Planalto Central.
Naqueles novos ares, Nenen estava radiante e feliz, ao lado dos seus pais e irmãos. Não demorou muito e mais dois filhos passaram a integrar o clã dos Alves dos Anjos. No novo rincão, vieram à luz Dicemar e Edmar.
Logo Afonso recomeçou a trabalhar para pessoas importantes e políticos dos ministérios governamentais. E foi assim por mais vinte anos até que se aposentou, deixando para trás toda uma clientela que se ressentia com a sua falta.
Mas a maior satisfação de um homem é olhar para o passado com muito orgulho de tudo que fez. Ali estava um homem que, com muito trabalho, dignidade, honestidade e fé em Deus, criou, com sua parceira inseparável, Nenen, todos os dez filhos, que hoje são motivo de orgulho e alegrias.
Mesmo depois de aposentado, com mais de quarenta e cinco anos de serviço, ele continuou apenas atendendo às pequenas demandas familiares. Por sua história profissional, com seu estilo requintado e o toque pessoal que concedia a cada trabalho, seu nome hoje poderia estar associado a uma verdadeira grife, com dois maiúsculos as, bordados em ouro, iniciais desse verdadeiro alfaiate: Afonso dos Anjos.
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Alguns homens nos transmitem conhecimento, outros se tornam modelo de retidão de caráter. Afonso foi um desses homens, um exemplo de bondade, honestidade e dignidade humana.
Tive oportunidade conhecer e de conversar com meu tio e, em todas as minhas conversas, o que se via era um homem calmo, de fala mansa e muita experiência de vida. Falando sobre sua habilidade como artesão da moda, ele me dizia: – Meu filho, a maior preocupação é no caimento e no casear. São as duas primeiras coisas que são notadas no dia a dia do cliente. Estou lendo um belo livro, Tempo entre as Costuras, da espanhola Maria Dueñas, que retrata um época de ateliês e alfaiatarias e, quando cita caimento e casear, logo lembro de Afonso dos Anjos, que era grande em tudo: paciência, educação, ponderação, discernimento e tinha como base um respeito muito grande para com o próximo. Bela homenagem a esse grande homem. Parabéns!
Que história linda! Que amizade terna ele mantinha com Dudé! Eu gostaria de continuar lendo, lendo, lendo… e também fico imaginando quantas pessoas maravilhosas a vida nos dá de presente, para compartilhar! Uns conversam com Deus “afiando navalhas” (que lindo conto esse seu!) e outros enquanto costuram… isso é viver!
E o Dudé, sua história tem continuação?
Ainda bem que seus tios tiveram dez filhos: isso “rende” muitas histórias! Que maravilha!
Quantas histórias mais, com certeza, você tem para nos contar…
Obrigada! É muito bom isso tudo!
Convivi com meus tios, Afonso e Neném e, nesse período, até os dias de hoje, consideram-me o 11º filho. Fui tratado como tal em todos os momentos em que estivemos juntos. Saudades daquele tempo de alegria.
“Nem só de pão o homem vive.” Essas eram as palavras que ele sempre dizia para poder enfrentar o dia a dia trabalhando. Naquele tempo, era a satisfação com sua arte o alimento maior que nutria sua alma. O zelo com o trabalho era tanto que tínhamos que lavar as mãos a todo momento, pois aqueles tecidos eram como jóias. No final de todo processo, impecáveis ternos saíam diretos para mãos das maiores autoridades políticas. Homenagem merecida para um grande profissional. Parabéns!
A tecnologia, com seus avanços e com a robotização, aos poucos vai se encarregando de extinguir algumas profissões É muito raro se ver um fotógrafo lambe-lambe (eles ficavam perto da igreja matriz de cada cidadezinha), um sapateiro, um amolador de facas ou aquele profissional que ia de porta em porta consertando panelas. A modista e o caixeiro-viajante, estes, creio que desapareceram de vez, assim como outros tantos ofícios.
Este belo texto nos mostra a arte, a destreza e o profissionalismo do alfaiate Afonso dos Anjos, que fez parte de uma época em que as pessoas se vestiam impecavelmente e tinham muito bom gosto.
Hoje compramos tudo pronto e depois mandamos aperta aqui e ali. Nunca ficando exatamente igual ao que queremos, mas já não há mais Afonsos para que possamos recorrer para sua habilidade no intuito de dar o caimento perfeito no nosso terno.
Bons tempos que não voltam mais.
Parabéns por essa construção que faz jus a excelência do artista.
Arquivo da categoria ‘Alfaiataria’
Clássicos ao longo de décadas
“Passam os anos, a moda sofre alterações periódicas, os hábitos estão em constante evolução e transformação, os gostos e comportamentos modificam-se, a indústria de confecções cresce e exporta. Grifes internacionais instalam-se em nosso País mas nomes como D’Carlos continuam atendendo, marcando sua presença e vestindo gerações de empresários, políticos, artistas, sempre com toque de classe, elegância e qualidade invejáveis.
Qual o segredo deste fenômeno? Para D’Carlos o segredo está em estudar a personalidade e o tipo físico de cada pessoa com profundo interesse e seriedade. O cliente, segundo D’Carlos, precisa sentir-se bem, com roupa bem talhada, confeccionada com tecidos de qualidade. O estilista precisa ter conhecimento profundo de seu trabalho e daquilo que está criando. Além disse, ele precisa ser simpático, atencioso, seguro para reconhecer que ninguém é igual a ninguém.
Roupa personalizada
Uma roupa personalizada joga a pessoa para cima. Ela cresce, produz mais, é mais bem-sucedida. O homem fica mais bonito, com aspecto agradável, porque é valorizado o que ele tem de melhor e disfarçado os pontos menos agradáveis de seu corpo. “Uso minha percepção, estudo cada detalhe, aplico a psicologia da prática de quem faz bem o que realmente gosta de fazer, há mais de 40 anos, sem esquecer de estar sempre se atualizando e aprendendo”.
“Posso afirmar que mesmo em problemas de crise econômica do País, os clientes continuam a vir em meu atelier, porque eles sabem que uma boa aparência é fundamental para o sucesso, para vencer os tempos mais difíceis e a concorrência, conta D’Carlos.
D’Carlos diz que, hoje, veste com igual critério os jovens empresários, que começam a participar das indústrias e as empresas dos Pais, os quais ainda são meus clientes. Quando eles chegam juntos aqui fico olhando e penso “puxa, como eles são parecidos. Vou buscar as medidas de mais de 20 anos e as medidas de ambos batem. Alguns conservam até hoje o mesmo tipo físico e conservam em seus guarda-roupas costumes dessa época. Basta um aperto aqui outro ali, nada de grandes transformações porque não crio modismos, crio roupas de corte tradicional, com tecidos especiais e estes nunca envelhecem”.
saiba mais sobre o assunto acessando http://www.dcarlos.com.br e http://www.escoladealfaiataria.com.br
Trabalhar com moda exige talento, experiência e muita disposição para acompanhar as tendências e diversificar as coleções de acordo com as estações. Então, como chegar a um denominador comum de roupa que denote equilíbrio nas mais diversas ocasiões?
A idéia do estilista D´Carlos vai ainda mais além desses requisitos fundamentais. Extremamente ligado aos princípios de elegância, D´Carlos considera o blazer como o coringa do guarda roupa masculino. Para ele, o blazer reúne os imperativos da vida profissional, social e o lazer do homem atual. A ordem é: todas as atenções voltadas para o blazer! Na verdade, essa peça acabou facilitando a vida de homens que consideram elegância uma palavra natural quando se tem o privilégio de ser vestido por um estilista de alta-costura masculina.
D´Carlos faz parte do time que trabalha com fervor a arquitetura da silhueta masculina. Para o nosso estilista, a escolha dos materiais, o equilíbrio das formas e cores provam La recherche do mais puro raffinement.
Versátil, o blazer tornou-se majestade.
O privilégio dos homens acabou assumido também pelas mulheres que costumam usá-lo como complemento de sua élégance. A fama dos blazers D´Carlos, já alcançou as mulheres brasileiras, que insistem em ter em seus magníficos guarda-roupas peças by D´Carlos, of course!
Não há dúvida, o blazer é o verdadeiro curinga no jogo de vestir-se bem, e recebe o aval e o aplauso de um público classe A.”
Saudações
Bom dia
Mario Carlos Ferrnandez.
Querido Primo, agradeço imensamente por essa belíssima homenagem. Nosso Pai já não está mais conosco de corpo, mas a sua presença é real no nosso dia-a-dia com a base de educação, caráter, moral e bons costumes que ele nos deixou. Fiquei muito emocionada com a maneira tão carinhosa como descreveu a nossa família, que carinhosamente chamamos “Família Dos Anjos”. Deus nos agraciou com Pais e irmãos maravilhosos!!! A cada dia tenho a certeza que a minha família é a minha família. Aos tios e primos um grande beijo. Saudades de todos. E a você, primo, o meu carinho mais que especial. Muito Obrigada!!!
No início da década de 50, meu pai veio morar no Brasil com minha mãe, e aqui nasci com meus irmãos, entre o Rio de Janeiro e São Paulo.
Meu pai sempre gostou de se vestir com muito bom gosto, trocando de terno duas vezes por dia.
Todos ficavam surpresos com a quantidades de ternos, gravatas e sapatos que ele tinha.
Como ele era muito exigente, buscou o melhor “sastre” (alfaiate) do Rio. O melhor profissional indicado era o mesmo que atendia ao presidente Getúlio Vargas no palácio presidencial.
Durante quase dez anos, foi o único a fazer com perfeição todas suas roupas sociais.
Um alfaiate, naqueles tempos, gozava de muito prestígio junto às pessoas mais importantes da sociedade, pena que hoje a profissão não ocupa o mesmo lugar merecido.
O conto, que homenageia o talentoso Afonso dos Anjos, é uma homenagem muito merecida pelo seu exemplo de profissionalismo.
Parabéns a toda sua família que teve a honra de tê-lo sempre presente.
Que maravilha!!!!! Perfeita narração, se adequando a um quase que perfeito homem que demonstrou, no seu modo de viver, bons exemplos não só em poucas palavras mas, principalmente em atitudes honestas, sinceras e, acima de tudo, verdadeiras. E ao primo, os nossos agradecimentos pela iniciativa e dedicação desse apurado enredo. Grande abraço!
Não há como mensurar a importância do alfaiate, em décadas passadas. Todos que compunha a classe social de destaque tinham que passar pelas mãos desses profissionais, pois não existia outra forma de vestir-se com a elegância imposta pela posição social. Um bom profissional de costura era muito requisitado e essencial nas viagens internacionais das comitivas presidenciais. O texto relata o início da industrialização das roupas e a preocupação de ver os espaços sendo ocupados pelo o mais prático, em detrimento da arte. Porém, até hoje, é a profissão de alfaiate que veste reis, papas, magnatas, presidentes, empresários bem sucedidos e as pessoas do mundo das celebridades. Parabéns!
Que bela história! Para que a escrita tenha bom efeito, necessário se faz: inspiração, dedicação, pesquisa, vontade de fazer e talento. Meus parabéns!
Afonso demonstrou a vontade de ajudar ao próximo. “tinha preocupação com Dudé e o protegia da ameaça de demissão”.
Agiu com inteligência e sabedoria diante da concorrência. “- Meu amigo, não se preocupe com quem coloca reparo novo em pano velho. Nada vai mudar, dê tempo ao tempo, ele é senhor de tudo. Coloque uma copa para servir um bom café, água e biscoitos finos, que o resto eu faço.”
Demonstrou humildade e descartou o egoismo. “- …é a oportunidade de o pobre adquirir seu terninho para batizar um filho ou até mesmo se casar mais arrumadinho. Isso não vai mexer com nosso mercado e clientela, fique tranquilo.”
Prioridade à família. “estava convicto que era hora de dar um novo rumo para sua vida profissional e abrir novas possibilidades e opções de vida para sua numerosa família.”
Estive em Brasília, eu e minha família, e oportunamente almoçamos com Nenen, em seu apartamento no Guará. Almoçamos com Dicinha em sua residência em Águas Claras e jantamos na casa de Rubismar no Lago Norte. Vi, naquela família, que algo de especial existia. Só agora entendi de onde veio tanta humildade, educação e gratidão. Obrigado!
Lendo o texto, me vi fazendo parte desse novo tempo da industrialização das roupas. Na entrada de Natal, tinha três grandes fábricas de confecção: Soriedem, T Barreto e Reis Magos. Todas fecharam e deram espaços ao Via Direta, Carrefour e Natal Shopping, respectivamente. Trabalhei na Soriedem e acompanhei a produção, em grandes escalas, de calças, camisas, blusas, shorts e camisetas. Como secretária, sabia do destino das mercadorias que iam para todo território brasileiro e outros países. Era uma época em que tudo que era produzido já estava vendido e os pedidos se avolumavam. Quem não queria entrar na moda com uma calça jeans ou de veludo. Aquelas roupas enchiam o guarda roupa de pessoas no geral, mas os diretores da fábrica tinham um alfaiate para confeccionarem seus ternos. O belo exemplo de Afonso dos Anjos faz homenagem a esses profissionais que atravessam o modismo, dando elegância a quem bem aprecia.
Adorei!!! Você conseguiu retratar no texto toda sabedoria, confiança e simplicidade do bom profissional que foi seu Afonso. Ele acreditava realmente no que fazia.
Primo vc é um mestre na arte de contar histórias com detalhes especiais, trouxe para meu coração tantas memórias de meu Pai. Nossa infância foi maravilhosa porque tivemos o privilégio de termos meu Pai e minha Mãe trabalhando dentro de casa, educação e amor o dia todo. Todos de nossa família agradecemos esta linda homenagem e mandamos um grande beijo na Tia Francisquinha, que com certeza contribuiu nessa bela história! Quando será sua noite de autógrafos do livro que você esta escrevendo?
Homens desta época foram os verdadeiros heróis e construtores da moral e civismo deste pais, hoje jogados na lama pela falta de simplicidade, elegância, educação e honestidade de outrora.
Parabéns ao HOMEM Afonso dos Anjos por nos relembrar o que é sobreviver com coragem, sendo fiel aos seus princípios.
Abismei agora: A história é real… encantadora … e lúdica.
Viajei com dos Anjos… Fui até Brasília e voltei ao Rio em segundos… mais rápido do que um super sônico…
Viver é uma arte – feita com linhas e carretéis, tesouras … e fitas métricas . Tudo muito bem cortado e chuleado.
Vivi em meio a linhas também… quando minha mãe queria desestressar: Costurava… e , sempre dizia: Costura seus panos , que dura um ano. E eu complemento-a: Costura de novo … que dura de novo!!!
Alegria em suas páginas me entorpece a alma.
Alicinha. lendasdecaissa.blogspot.com
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