São João
SÃO JOÃO NA ROÇA
Na roça só é São João
Com bandeirinhas e balão
E as labaredas de uma fogueira
Com o céu riscado de estrelas e rojão
Um arraiá com gente dançando faceira
O noivo matuto e a donzela casamenteira
Diante do padre pra ofertar seu coração
Comidas de milho, risos, tanta alegria
Que a sanfona faz esquecer a dor
Tornando os sonhos em magia
E todos no ritmo da folia
No São João do amor
Autor José Maria Cavalcanti
Luiz Gonzaga do Nascimento nasceu em 13 de dezembro de 1912, no sopé da Serra de Araripe, zona rural do sertão pernambucano. Com seu pai Januário, que trabalhava na roça, aprendeu a tocar o instrumento que lhe deu fama: uma safona de oito baixos.
Já moço e na companhia do cearense Humberto Cavalcanti Teixeira, compuseram a música Asa Branca. Com ela deslancharam a carreira musical com outros sucessos.
Gonzagão hoje é reverenciado em todo Brasil por agigantar a cultura nordestina.
As festas juninas deste ano têm um sabor especial, sem dúvida.
100 anos do Gonzagão!
Não sei se tem a ver com a tradição da sanfona, mas acho que o Nordeste vive mais intensamente as festas juninas.
Não é à toa que cidades da Paraíba e de Pernambuco têm fama de ter o maior São João do Brasil.
Acaba sendo um grande atrativo turístico, associado aos passeios pelas belas praias, ensolaradas o ano inteiro.
Com um povo receptivo e cheio de calor humano, a tradição vem crescendo a cada ano.
A poesia fala de São João na Roça, mas nas cidades grandes a festa pega fogo.
Gostei da homenagem ao São João, em poesia em forma de balão.
Lembro aqui algumas SIMPATIAS USADAS NAS FESTAS JUNINAS.
As simpatias têm um efeito mágico. Consistem na repetição de um ato que pode levar um fato a acontecer. Os desejos acontecem por uma relação com o tipo de pedido.
– ENFIAR FACA VIRGEM NA BANANEIRA. No outro dia amanhece escrito nela o nome da pessoa com quem você vai casar.
– PRENDER UMA FITA NO TRAVESSEIRO E REZAR. No outro dia, se aparecer solta é porque você vai casar.
– NA VÉSPERA DE SÃO JOÃO COLOCAR UM CRAVO NUM COPO COM ÁGUA, ÀS 6 HORAS DA NOITE. De manhã veja como está. Se estiver viçoso é sinal de casamento. Se estiver murcho é sinal de “barricão”. (significa não casar)
– NA NOITE DE SÃO JOÃO JOGUE UM RAMO DE MANJERICÃO NO TELHADO, DEPOIS DE PASSADO NA FOGUEIRA. Se no outro dia estiver verde, você vai casar com moço. Se estiver murcho, vai casar com velho.
– NA NOITE DE SÃO JOÃO DÁ-SE NÓ NAS QUATRO PONTAS DE UM LENÇOL, TENDO ANTES ESCRITO NELAS OS NOMES DE QUATRO QUERIDOS. Ao amanhecer, o nó que estiver desmanchado tem o nome da pessoa com quem vai se casar.
– NUM PRATO COM ÁGUA SE COLOCA VÁRIOS PAPÉIS COM NOMES. No outro dia ver o papel que abriu e ler o nome escrito, que será o da pessoa com quem vai casar.
– NA NOITE DE SÃO JOÃO COBRIR O ROSTO COM UM LENÇO E TIRAR UMA PIMENTA DA PIMENTEIRA. Se for verde você casa com um moço. Se for vermelha seu marido vai ser velho. Se não conseguir pegar em nenhuma pimenta, azar o seu: não arranja casamento.
– COLOCAR NUMA BACIA COM ÁGUA DUAS AGULHAS. Se as agulhas se juntarem é porque você vai casar em breve.
– ATIRAR UMA MOEDA NA FOGUEIRA. No outro dia ficar esperando o primeiro pedinte; dando a moeda, pergunte o seu nome, que vai ser o do seu noivo.
– NA NOITE DE SÃO JOÃO PEGAR UM BARALHO, TRAÇAR TRÊS VEZES E DAR A UMA PESSOA PARA CORTAR. Se a carta for do naipe Ouro, você vai casar dentro em breve.
– NA NOITE DE SÂO JOÃO OU DE SANTO ANTÕNIO, COLOQUE ÁGUA NUM PRATO, ACENDA UMA VELA QUE NUNCA FOI USADA E REZE UMA PRA DEUS. VÁ PINGANDO A VELA NA ÁGUA ENQUANTO REZA. Quando terminar, os pingos de vela vão formar o nome da pessoa com quem você vai casar.
– NO DIA DE SÃO JOÃO FIQUE SEM COMER E VÁ JUNTANDO UM BOCADO DE CADA REFEIÇÂO. DE NOITE, FAÇA DE CONTA QUE VAI ESPERAR ALGUÉM PRA JANTAR COM A COMIDA QUE JUNTOU NO DIA, E SE DEITE PRA DORMIR. Você vai sonhar com alguém comendo seu jantar. É com essa pessoa que você vai casar.
Não existe festejo mais bonito do que os do período junino aqui no Nordeste. O calor da fogueira, os movimentos do forró, o pipoco dos fogos, a alegria da decoração e a beleza dos trajes típicos são contagiantes para o envolvimento coletivo. Adoro o São João e sempre procuro festejar o seu dia. Esse ano reunimos a família e amigos para um grande encontro que batizamos como Arraial da Alegria: fogueira grande, música ao vivo, mesa farta de comidas típicas, quadrilha improvisada, forró, fogos, churrasco e muita bebida. A decoração ficou por minha conta e passei a semana toda envolvida em criar o clima de roça em nossa casa: bandeirinhas por todo lado, balões iluminados, arupemba, chapéus de palha, mesas decoradas, utilizamo-nos de palhas de coqueiro para camuflar a alvenaria e até lancheira de aniversário de criança providenciei para alegrar a meninada. A festa foi o maior sucesso e o que mais me deixou feliz foi a satisfação dos nossos convidados por terem comparecidos. Viva Santo Antônio! Viva São João! Viva São Pedro! Viva a alegria de ser feliz!
“Origem da Festa Junina
Existem duas explicações para o termo festa junina. A primeira explica que surgiu em função das festividades ocorrem durante o mês de junho. Outra versão diz que está festa tem origem em países católicos da Europa e, portanto, seriam em homenagem a São João. No princípio, a festa era chamada de Joanina.
De acordo com historiadores, esta festividade foi trazida para o Brasil pelos portugueses, ainda durante o período colonial (época em que o Brasil foi colonizado e governado por Portugal).
Nesta época, havia uma grande influência de elementos culturais portugueses, chineses, espanhóis e franceses. Da França veio a dança marcada, característica típica das danças nobres e que, no Brasil, influenciou muito as típicas quadrilhas. Já a tradição de soltar fogos de artifício veio da China, região de onde teria surgido a manipulação da pólvora para a fabricação de fogos. Da península Ibérica teria vindo a dança de fitas, muito comum em Portugal e na Espanha.
Todos estes elementos culturais foram, com o passar do tempo, misturando-se aos aspectos culturais dos brasileiros (indígenas, afro-brasileiros e imigrantes europeus) nas diversas regiões do país, tomando características particulares em cada uma delas.
Festas Juninas no Nordeste
Embora sejam comemoradas nos quatro cantos do Brasil, na região Nordeste as festas ganham uma grande expressão. O mês de junho é o momento de se fazer homenagens aos três santos católicos: São João, São Pedro e Santo Antônio. Como é uma região onde a seca é um problema grave, os nordestinos aproveitam as festividades para agradecer as chuvas raras na região, que servem para manter a agricultura.
Além de alegrar o povo da região, as festas representam um importante momento econômico, pois muitos turistas visitam cidades nordestinas para acompanhar os festejos. Hotéis, comércios e clubes aumentam os lucros e geram empregos nestas cidades. Embora a maioria dos visitantes seja de brasileiros, é cada vez mais comum encontrarmos turistas europeus, asiáticos e norte-americanos que chegam ao Brasil para acompanhar de perto estas festas.
Comidas típicas
Como o mês de junho é a época da colheita do milho, grande parte dos doces, bolos e salgados, relacionados às festividades, são feitos deste alimento. Pamonha, cural, milho cozido, canjica, cuzcuz, pipoca, bolo de milho são apenas alguns exemplos.
Além das receitas com milho, também fazem parte do cardápio desta época: arroz doce, bolo de amendoim, bolo de pinhão, bombocado, broa de fubá, cocada, pé-de-moleque, quentão, vinho quente, batata doce e muito mais.
Tradições
As tradições fazem parte das comemorações. O mês de junho é marcado pelas fogueiras, que servem como centro para a famosa dança de quadrilhas. Os balões também compõem este cenário, embora cada vez mais raros em função das leis que proíbem esta prática, em função dos riscos de incêndio que representam.
No Nordeste, ainda é muito comum a formação dos grupos festeiros. Estes grupos ficam andando e cantando pelas ruas das cidades. Vão passando pelas casas, onde os moradores deixam nas janelas e portas uma grande quantidade de comidas e bebidas para serem degustadas pelos festeiros.
Já na região Sudeste são tradicionais a realização de quermesses. Estas festas populares são realizadas por igrejas, colégios, sindicatos e empresas. Possuem barraquinhas com comidas típicas e jogos para animar os visitantes. A dança da quadrilha, geralmente ocorre durante toda a quermesse.
Como Santo Antônio é considerado o santo casamenteiro, são comuns as simpatias para mulheres solteiras que querem se casar. No dia 13 de junho, as igrejas católicas distribuem o “pãozinho de Santo Antônio”. Diz a tradição que o pão bento deve ser colocado junto aos outros mantimentos da casa, para que nunca ocorra a falta. As mulheres que querem se casar, diz a tradição, devem comer deste pão.”
Transcrito da Wikipédia.
Bom dia.
Mario Carlos Fernandez.
Oi, Zeca!
Gostei desse seu poema pela descrição detalhada de tudo o que deve ter numa festa de São João na roça, você não se esqueceu de nada. O meu São João começou mais cedo este ano! Fui ao Arraial da Alegria na casa de Joca e Edna, além de tudo o que foi descrito por Edna, no comentário acima, tinha também uma coisa muito importante: o calor e a alegria da recepção que já começava no portão de entrada e depois se estendia num assédio às mesas perguntando o tempo todo se estava faltando alguma coisa. E como disse Cíntia, estava acima do ótimo, foi perfeito!!!!!! No meio da festa, vendo Joca marcar a quadrilha improvisada, lembrei-me de imediato do São João da José Patrô, conhecida festa que era realizada por nosso grupo de amigos, todos os anos no São João, em frente a nossa casa em Candelária. Ô tempo bom! Assim como no seu poema, no Arraial da Alegria não faltou nada, aliás, faltou só um casal de matuto que mora em Sum Paulo. Beijos,
Lena
“… é que eu nasci entre o velame e a macambira, quem é você pra derramar meu munguzá…” – Flávio José. O poeta nordestino fala nesse verso do período da seca em que usamos de todos os mecanismos para matar a fome e também do período das chuvas aonde tem em abundância o leite e o milho, ou seja, a base desse manjar. Para o homem do campo, o ano inicia com as chuvas do dia de São José, 19/03. É o início do plantio das culturas de subsistência: milho, feijão, batata, jerimum e macaxeira. O início de junho é o período das primeiras colheitas e essa alegria de fartura é refletida em agradecimentos aos santos católicos do mês. Santo Antônio, 13/06, São João, 24/06 e São Pedro e São Paulo, 29/06. Para mim é a melhor festividade popular aqui do Nordeste, pois tem o folclore como o centro das atenções. Adivinhações, prendas, casamentos forjados, danças, trio de forró (zabumba, triangulo e sanfona), crendices, comidas típicas e fogueira iluminando as noites de festa. Gosto de ver a integração da comunidade para montar o arraial e me alegro com a satisfação de todos em promover o que há de melhor para o evento. Viva São João!
Sua poesia conversa com a letra dessa linda música cantada por Luiz Gonzaga. Aproveitando a oportunidade do centenário do maior promotor das tradições nordestinas, publico aqui a cantiga de São João, na certeza de que todos tem a música nos corações.
Abraços de Canindé.
São João Na Roça – Luiz Gonzaga
A fogueira tá queimando
Em homenagem a São João
O forró já começou
Vamos gente, rapapé neste salão
Dança Joaquim com Isabé
Luiz com Iaiá
Dança Janjão com Raqué
E eu com Sinhá
Traz a cachaça, Mané
Eu quero vê, quero vê páia voar
Havia um tempo em que nossos compositores tinham um calendário a seguir: carnaval, festas juninas, Natal.
Luiz Gonzaga lançou inúmeras músicas para as festas juninas, e esta marchinha é um de seus clássicos nesse gênero. Ele a imortalizou na RCA Victor de sempre em 5 de abril de 1951, com lançamento, claro, em junho. Até hoje, inclusive, as festas juninas do Nordeste são verdadeiras apoteoses, embaladas inclusive por músicas como esta.
O ano era 2004, estava muito frio naquele finalzinho do mês de junho.
Depois das quermeses nas igrejas de São José dos Campos e da tradicional Festa Junina do CTA, já não restava evento de São João.
Inesperadamente, fomos convidados por nosso amigo Eduardo Müller para uma festa junina na sua chácara.
O pré-requisito era que deveríamos estar a caráter. Não pensamos duas vezes para correr atrás da indumentária adequada para a festa caipira do amigo.
O Cal estava com um terno muito engraçado, com uma perna da calça mais curta e a outra com um remendão. Na cabeça tinha um chapéu de palha todo desfiapado.
Eu estava vestida como uma autêntica caipirinha, com o rosto pintado, de tranças compridas.
Todos estavam muito engraçados vestidos com o rigor exigido.
Fomos recebidos de forma muito calorosa, bem pertinho da enorme fogueira de frente da casa maior.
Lá dentro estava bem gostoso, com muitas comidas típicas, muito quentão e animação.
O ambiente estava todo enfeitado com bandeirinhas e balão. Houve queima de fogos e não faltou nada.
Aquela foi a melhor festa junina que participei até agora.
Em 2013, irei participar do Arraial da Alegria II.
Com certeza irá superar tudo que vivi de emocionante naquele friozão de 2004.
Amigo Masca…..
Tá difícel até de comentar isso aqui… todos os amigos já falaram tudo que eu queria falar…rsss..
Isso aqui é um painel literário…cada poeta vem completando a fala do outro…
Nossa que chique…
Cada vez aprendo mais.. Se sobrar um momento leia tbm minha postagem…
Lendasdecaissa…agradece a oportunidade de fazer parte desse meité… Vixe Maria……………
Uahsuahsuahs…. Oia a cobra….É mentira!!
Viva São João; Viva Luiz Gonzaga… também…
Acrescentando a tudo que foi dito, lembrei das madrinhas de fogueira da noite de São João. Tive várias madrinhas de fogueira na minha adolescência. Mas, a que não me sai da lembrança é minha madrinha Dona prima, quando residia na cidade de Santa Cruz/RN. Ela me presenteou frente à fogueira com um lindo tecido de fundo vermelho com bolas brancas para que brincasse o São João seguinte. Fiz um modelo com muitos babados e usei tranças longas, com laços vermelhos. Ficou gravado em minha memória. Como era sagrado essas ocasiões! Soube há pouco tempo que ela faleceu, aos 104 anos, mas a tenho viva em minha memória. Viva Santo Antônio!Viva São João! Viva São Pedro!
Ah São João!! “é bom demais” diria Luiz Gonzaga. Hoje fico na nostalgia. Quando adolescente saia de casa, lá da Vila Dom Eugenio (Boteco do Zé Capiau), a pé para pegar o trem(Maria Fumaça), que vinha da Ribeira em direção a Recife, no carrasco as 05:00 horas da manhã. O destino era Montanhas há 95 km de Natal. Chegava lá ás 10:00 horas da manhã. Os meus primos, na estação, me esperavam com os jumentos. Nesse meio de transporte colocávamos as malas nos cambitos e íamos cavalgar meia légua até chegar a casa da minha avó. A casa era de chão batido. Na frente já estava um monte alto de lenha para a fogueira. O terreiro bem varrido era recheado de guiné, galinha caipira e peru. Ela nos dizia: meu filho vamos comer a noite. Na cozinha a fumaça tomava conta do ambiente com o fogo a lenha. As panelas de barro eram repletas de comida para o almoço. Naquela época os temperos eram todos naturais. Os primos ficavam fintando os nossos movimentos para qualquer lugar que fôssemos. Eles tinham vergonha de comer com a gente. Ficavam sempre pelas portas nos observando. O sol começava a se pôr. No terreiro as pessoas sentadas nos bancos conversavam sobre a fogueira para acender. Outros debulhavam milho para assar e outros acendiam os candeeiros e arrumavam os bancos nos cantos da sala. Nós comportávamos como adolescentes. Corríamos de um lado para o outro e tudo que fazíamos era para chamar a atenção da minha avó, dos primos e dos vizinhos. A noite começava a chegar. Ao longe o barulho do triangulo, do zabunba e da sofona. Soltávamos traque, peido de véia, e bomba debaixo de lata. Aos poucos eles se aproximavam. De cada lado vinha uma fileira de gente, Todos bem arrumados e cheio de alegria. Ficávamos parados diante do espetáculo. Entraram na sala, e do jeito que chegaram continuaram tocando. As pessoas que o acompanhavam, e aquelas que foram chegando de outra direção iam logo para o salão. Isso era o inicio da noite. Era uma alegria contagiante. Nós não nos cansávamos de correr e soltar fogos de artíficio. Minha avó de vez em quando vinha reclamar das nossas astúcias. A minha avó me chamava de Nirto. Quando dava fome corria para meu tio que só ficava assando milho na fogueira. As meninas eram lindas, Eu só ficava olhando de longe. Aquela que correspondia com o olhar, parava o que estava fazendo e ficava procurando um ângulo favorável para namorar. E assim a noite transcorria com o céu estrelado, a fogueira cheia de gente para casar, as conversas e as brincadeiras no terreiro, no salão a poeira levantando e na cozinha aquele monte de gente cozinhando, comendo etc. Nos quartos era um amontoados de redes uma sobre as outras de filhos de casais que estavam dançando. E assim exaustos dessa noitada caíamos nas redes cheirosas lavadas com pedra de anil e lençõis de saco de açucar. Silenciosos, olhando para as telhas, adormecíamos ao som da sofona entranhado naquele meio de redes penduradas por cordas fixadas nos caibos do telhado. Ah! São João era bom demais.
O convite: Traje matuto, 23/06, 20:00, Aniversário do Matuto Toinho, Goianinha/RN.
Não pude resistir e pegamos a estrada, 80Km. Ao longe escutávamos o som da sanfona, o batuque do triângulo e da zabumba. Tinha uma pessoa organizando o estacionamento que estava bem disputado e, na porta, o anfitrião era convocado a cada chegada dos convidados. O abraço apertado, os cumprimentos, as felicitações e a frase dita: – Obrigado por ter vindo. A casa grande de fazenda estava toda decorada e logo na entrada principal foi montado um arraial, com padre, bêbado, delegado, soldado, pai da noiva, noivo fujão, noiva grávida e um gay (homo-afetivo). Mesas espalhadas por toda a grande extensão reservada a festa estavam ocupadas e a nossa mesa estava posicionada ao lado do anfitrião e sua bela família. O patriarca, com 67 anos, logo nos veio agradecer a visita e nos mostrar a imensa casa centenária. – Meus filhos modernizaram muito, gostava dos tijolos e dormir vendo as telhas. Era a sua reclamação por terem colocado porcelanato no chão e lajeado o teto. Como em toda festa de fazenda tradicional, tinha muita comida, muita bebida e muita alegria. Era gente bem animada e quando o locutor nos convidou para o início da quadrilha improvisada, não houve quem não fosse participar. Na saída, depois de muitas conversas divertidas, danças, contemplar o show de fogos, saborear o variado churrasco e cantar o parabéns, me despedi com essas palavras: – Toinho, o aniversário é seu, mas o presente foi nós que recebemos. Obrigado por tanto carinho. Ele ficou emocionado e disse que não poderia economizar com as pessoas que fazem com que sua vida tenha sentido.
Acho que essa é a essência de uma festa junina: muito afeto.
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“Andar com fé, eu vou, que a fé não costuma falhar…” – Gilberto Gil.
Vinha eu de Campina Grande/PB, terra no maior São João do mundo, cortando caminho pelas pequenas cidades do interior. Era manhã do dia 24/06/91 e encontrei na estrada, pedindo ajuda, uma família: o pai, a mãe grávida, um bebê e mais três outros meninos. Estavam desesperados pois temiam não chegarem há tempo de assistirem a missa na cidade de Guarabira/PB. Com o carro lotado acelerei para chegar antes das oito horas, início da missa. Estacionei na escadaria da bela Igreja bem na hora dos primeiros repiques do sino e nunca vi tanta emoção nos olhares admirados daquela família. No caminho, o pai vinha me dizendo que tinha que pedir a benção de São João Batista para que sua mulher tivesse um bom parto. Me despedi e segui viagem rumo a Natal. No percurso percebi que todas as igrejas, das mais variadas cidades, estavam repletas de fiéis. E na última cidade, Monte Alegre/RN, antes de chegar a Natal, resolvi parar e pedir também pela saúde da minha família e pelo bom nascimento de meu filho caçula, que já estava em seu oitavo mês de gestação. Apesar de ser católico e sempre gostei do período junino, naquele momento foi que eu percebi que aquela família entrou na minha vida com o propósito de alertar para a força de São João Batista junto as famílias do Nordeste brasileiro. Viva São João Batista!
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Achei uma explicação interessante para o surgimento dos eventos culturais mais festejados do ano no Nordeste. Acho que você irão gostar:
“Mais um São João chegou e já se foi, com aquele cheirinho de comidas de milho, fogueiras, fogos, quadrilha, etc e tal. Fico orgulhoso de ser do Nordeste e poder desfrutar de um forrozinho e das coisas da nossa terra. Mas de fato como surgiu o São João?
As festas Juninas, inicialmente chamada de Joanina, parecem ter esse nome como referência ao mês de junho, mas os pesquisadores do folclore junino falam que sua origem de fato veio dos portugueses e é uma homenagem ao São João. É uma festa de influências agrárias, ligada a terra, daí sua íntima ligação com o milho.
Na época do Brasil colônia, não só os portugueses, mas também chineses, espanhóis e franceses contribuíram com um legado cultural muito importante e rico para as festas juninas no Brasil. A esses traços culturais foram acrescidos as influências dos negros e indígenas e difundidos em diversas regiões do país, tomando traços particulares em cada uma dela.
No Nordeste, o São João tornou-se uma festa de grandes proporções. A quadrilha veio da França como uma dança marcada, característica típica das danças nobres. Daí se explica as palavras gritadas na quadrilha: “anarriê” (en arrière, que significa “para trás”) ou “anavã” (en avant, que significa “em frente”). Já a tradição de soltar fogos de artifício veio da China, região de onde teria surgido a manipulação da pólvora para a fabricação de fogos.
Em relação a fogueira, sua origem está mais ligada ao catolicismo. Diz uma lenda católica que as primas Maria e Isabel teriam feito um acordo em que quando o filho de Isabel nascesse, João Batista, ela iria acender uma fogueira para avisar a Maria. Mas historicamente as fogueiras é uma tradição pagã de celebrar o solstício de verão (o dia mais longo do ano, ocorrido no Verão).
O Forró foi um ritmo agregado ao São João. Ouve-se a história que a palavra nasceu da expressão inglesa “for all” (para todos). Expressão usada em bailes feitos em Pernambuco para os engenheiros ingleses, quando estavam no Estado para a construção da ferrovia Great Western. Então no vocabulário Nordestino for all se transformou em Forró e ganhou todo o Brasil.
O que importa é que a soma de todos esses fatores, nos deu de presente essa época maravilhosa, onde o povo nordestino tem orgulho de suas raízes, de seus costumes, vivendo intensamente esse momento.
Despois da grande Festa de São João, agora só nos resta a de São Pedro !!!
Clécio Barbosa.”
Sempre bom o teu blog, ainda tenho muito para leer, pra mím; um grande prazer. Muito obrigado sempre e um Grande Abraco, e Grande Satisfação de estar aquí de novo. http://www.youtube.com/watch?v=KNCNhhDBQ9E