Vídeo de História
Os Fantásticos Livros Voadores – Morris Lessmore (curta animado)
Procurei uma pequena cidade, numa manhã de domingo, para seguir escrevendo meu livro. Nem a buzina da bicicleta do jovem que pedalava incessantemente no quarteirão seria capaz de roubar meu ímpeto de escrever.
Era sabido que escritores têm suas manias, e varandas de hotel eram meus lugares preferidos. Bem sentado, de terno, gravata e com meu inseparável chapéu Panamá, amontoei ao meu lado dicionários e outros livros que estava lendo, enquanto minha caneta transitava vorazmente, enfileirando palavras, e assim fui tecendo minha história.
De repente, percebi que um vendaval se aproximava. Mas não é desses comuns, era tão forte que começou a levar tudo pela rua. E não só isso, também meus livros, cadernos, revistas e até as letras que eu havia acabado de escrever foram arrastadas pela força avassaladora do vento.
Pessoas e objetos iam sendo levados por aquela energia incontrolável da natureza, e eu em vão tentava me segurar na estrutura do hotel com a ajuda da minha bengala. Enquanto isso, meu livro escapou das minhas mãos, indo parar sobre o fio do poste da rua. Mas não por muito tempo. Logo fui sugado junto com a casa e meu livro de capa vermelha para dentro do redemoinho do enorme furação Katrina.
Aquele tubo, que mais parecia uma onda gigante do Hawaii, transportou-nos para um outro mundo, como se fora algo encantado, mas sem o colorido do lugar onde antes eu estava.
Diante dos entulhos de tudo que o vento arrastou, percebi que meu livro estava em branco, pois as letras estavam espalhadas entre tantos destroços.
Deveria das graças a Deus por estar vivo, mas comecei a ver outras pessoas caminhando por sobre os materiais avariados, talvez buscando recolher algum pertence especial.
Comecei a seguir por um caminho de folhas arrancadas que forravam o chão, quando algo me chamou a atenção. Um bando de livros voadores, ligados por fitas, tomava boa parte do céu. Na cauda de todos eles, havia uma espécie de fada que, ao aparecer, deu cores ao céu e a todo ambiente.
Eu arremessei meu livro até ela, mas ele retornou em queda livre, caindo bem na minha frente. A fada mostrou do alto um livro de capa azul. E, antes de partir, atirou o exemplar solto que tinha nas mãos.
O livro azul, antes de chegar ao chão, pousou sobre a cerca e começou a se abrir, exibindo suas folhas escritas. Numa das páginas, uma figura me convidou a segui-lo.
Eu agarrei do chão meu livro não alado, enquanto seguia o azul, que voava a minha frente em direção a uma casa. Observei que muitos outros livros voavam com o mesmo objetivo.
Não pensei duas vezes antes de adentrar no casarão, da mesma forma que os livros-pássaros faziam a todo instante.
Tirei meu chapéu e presenciei a infinidade de exemplares espalhados por todos os cantos da enorme sala e outros cômodos da casa, que abrigava também um lindo piano.
Não tardou para que um livro começasse a se comunicar comigo e, de forma saltitante, começou a tocar uma linda música. Fui envolvido pela ritmo gostoso que o livro tocava ao mesmo tempo em que outros livros se juntavam a nós, formando uma roda, e começamos a dançar.
Depois da dança com minha bengala e meu chápéu, muitos outros livros se abriam e se fechavam, simulando uma salva de palmas.
De tão cansado, desmaiei sobre as folhas do livro maior, e só fui despertado no dia seguinte.
Passeando por entre as prateleiras enormes de livros, um mais velhinho me chamou a atenção. Mas, de tão antigo, desabou sobre meus braços, desfolhando-se todo. Cabia a mim o trabalho de restauração. Enquanto eu recompunha a vida do exemplar velhinho, todos os demais acompanhavam preocupados, como se estivera numa UTI médica.
Depois de reconstituir as partes preciosas dos muitos ensinamentos e maravilhosas histórias do livro, finalmente ele estava “novo de novo”, para alegria de todos.
Todo feliz, voltei ao colo do meu livro de descanso, quando me deparei com as folhas em branco do meu livro. Inspirado, retomei a escrita da minha história. A partir daquela experiência, passei a ter uma incrível história para contar.
Enquanto escrevia, vivia o dia a dia com meus amiguinhos. Atendia filas de pessoas que ansiavam por leitura. Cada livro dava seu colorido mágico para a vida de cada leitor.
Ao concluir minha história, percebi que eu havia envelhecido muito, e era hora de partir. Agarrei meu livro, meu chapéu e minha bengala e, lentamente, caminhei em direção à porta de saída.
Antes da despedida, olhei para trás e todos eles começaram a girar em torno de mim. À medida que aumentavam a velocidade, voltei a ter a mesma idade quando ali cheguei. Fui levado para fora, e meu corpo começou a se elevar. Quando me dei conta, eu passei a assumir o mesmo papel da fada que eu encontrara quando havia chegado naquele mundo de magia.
Antes de ser puxado pelo rebanho de livros voadores, soltei do alto meu livro vermelho, que havia acabado de escrever, desta vez ele não caiu sem vida no chão, mas, a contar daquele momento, ele também podia voar.
Despedi-me, enquanto meus amiguinhos entristecidos se recolheram para dentro do grande biblioteca, enquanto meu livro entrava voando, indo pousar suavemente sobre o livro maior em que eu havia dormido e descansado muitas vezes.
Nisso uma menininha se aproximou da entrada do casarão de livros, sendo bem recepcionada na porta. De imendiato meu livro voou até ela, pousando sobre o braço dela. A linda menina não perdeu tempo e imediatamente começou a ler a minha história.
É isso mesmo que os escritores idealizam para seus livros: que eles voem para as mãos de muitos leitores. Devemos sempre ver os escritos com bons olhos e enxergar a façanha do autor em se expor para seus leitores. Muitos podem escrever bem, mas ter uma ideia para por no papel é para poucos. O bom conteúdo de uma obra é fruto da vivência, quanto mais se vive com intensidade, mais histórias afloram no imaginário do escritor. Certa vez estava lendo um pequeno texto que o autor que descrevia uma passagem de sua infância em que ele saboreava uma bacia cheia de mangas. Contava com ricos detalhes aquele momento de prazer. Entrei tanto nos escritos que me vi fazendo a mesma coisa, comum na infância e com água na boca fui saborear o fruto em plena madrugada. Viva a imaginação! Viva os escritos!
“Um livro deve ser o machado que partirá os mares congelados dentro de nossa alma”. – Franz Kafka
E é muito bom sermos transformados, para o bem, a cada novo livro que, “voando”, vem pousar em nossas mãos!
Seu texto acompanhou toda a beleza do vídeo (ou será que o vídeo acompanhou toda a beleza do seu texto?).
Parabéns! Obrigada!
Tentei escrever de outra forma, mas meu intento não chegou aos pés do seu. Sei que imagens falam por mil palavras, mas você conseguiu as palavras certas para expressar a beleza dessa linda história.
Vou continuar tentando, assim ganho mais experiência.
Obrigado.
Emílio
Este vídeo é um dos meus favoritos.
Ele faz voar nossa imaginação. Não só os livros ganham asas, nós também!
Os livros têm esse poder especial de nos fazer viajar, navegar por mundos desconhecidos e de mergulhar no imaginário de muitos autores.
Praticamente em todas as situações de nossa vida, temos à disposição
palavras e expressões que traduzem as nossas sensações e emoções. Mas,
o difícil é saber o momento certo do encaixe destas palavras e
expressões para conseguir transferir aos leitores a ideia dos seus
pensamentos e imaginações, conseguindo que eles entrem no seu conto e
sejam sentidas como parte integrante da história.
Viva o escritor – criativos artistas!
O livro existe para cativar leitores e no mundo dos escritores muitos livros povoam sua rica imaginação. O vídeo retrata a vida de um escritor e seus escritos e mostra que sua história de vida só tem um final no momento de sua morte. O autor vive em permanente criação na esperança de que suas histórias atraíam novos leitores e cative novos escritores. É necessário estimular o vício da leitura para que a obra seja eternizada e o autor passe para imortalidade. Cada vez que lemos algo damos nova vida ao livro e ao escritor.
J.M – Parabéns pela narração
O livro abre os caminhos para a jornada do mundo no qual somos inseridos ao chegar por aqui…
Adquirimos coerência e sensatez ao lermos, principalmente, quando o autor é um homem de bem!! e torna-se um iluminado…
Adquiristes o dom de nos prendermos ao que dizes…Isso é fantástico…
Que venham muitas páginas de inspiração, sob todas as formas de locomoção… telepática .. da internet … das bibliotecas .. enfim por onde procurares ela chegará… como a Fada dos Livros …
bjss…
Parabéns como sempre, querido José Maria, vídeo extraordinário de livros voadores, eu adorei. Tente ver este filme, se você ainda não viu. Para mim, um dos melhores que eu vi; com grande conteúdo metafísico. Um grande abraço e saudações a Maria Marta e Eliane. A esperança sempre no meu blog………..http://www.youtube.com/watch?v=T8grIOduvfw&feature=mr_meh&list=PLABFB7DD64BFF4596&playnext=0
Lindíssima e envolvente história acompanhada por um vídeo encantador.
Que ela sirva como exemplo para que as pessoas sigam cada vez mais a arte de ler.