Mucuripe
Análise de Música – Mucuripe
Elis
Mucuripe
As velas do Mucuripe
Vão sair para pescar
Vão levar as minhas mágoas
Pras águas fundas do mar
Hoje à noite namorar
Sem ter medo da saudade
Sem vontade de casar
Calça nova de riscado
Paletó de linho branco
Que até o mês passado
Lá no campo inda era flor
Sob o meu chapéu quebrado Um sorriso ingênuo e franco
De um rapaz moço encantado
Com vinte anos de amor
Aquela estrela é bela
Vida vento vela leva-me daqui
Aquela estrela é bela
Vida vento vela leva-me daqui
A Medicina perdeu um jovem médico, mas a MPB ganhou um novo artista com muito talento> Isto ocorreu um pouco antes do início da década de 70.
Ele, que havia sido cantador de feira e poeta repentista, estudou mais tarde coral e piano com ênfase clássica.
Assim foi o início da carreira artística do cearense Antônio Carlos Gomes Belchior Fontenelle Fernandes, que, aos 26 anos, foi ao delírio, quando a cantora Elis Regina gravou MUCURIPE, no ano de 1972.
Depois ela também gravou Como Nossos Pais e Águas de Março, o que consagrou de vez a obra do jovem compositor, cantor e músico.
Belchior, assim que viu Mucuripe, logo se apaixonou com seu cenário multicolorido, do vaivém de barcos e velas nas suas andanças naquela barra de mar.
Com seu primeiro sucesso, ele homenageia permanentemente um local histórico de Fortaleza.
A antiga Vila de Pescadores também foi palco de chegada de muitos navios e caravelas dos conquistadores, vindos de Espanha, de Portugal e de Holanda, antes e após o descobrimento do Brasil.
E estas tais grandes embarcações europeias, que varavam as águas do Atlântico por meio de braços fortes, aportavam em Mucuripe para impor seu domínio, para extrair das terras conquistadas suas riquezas.
Aquele belo cenário dos barcos, que partiam rumo ao mar, serviu de inspiração para o poeta compor a obra que seria o cartão de apresentação de sua carreira. Com esta bela canção, o jovem compositor nos brinda de cara uma pérola:
“As velas do Mucuripe vão sair para pescar”
Observem que ele usa a parte de um objeto pelo todo – no caso as velas para simbolizar os barcos.
Nesses versos, Belchior usa uma figura de palavra muito linda para reforçar o sentimento que quer nos passar sobre o sofrimento vivido pelo jovem que foi afetado pelo abandono de um grande amor.
E são as velas que pescam, e não os pescadores, outra imagem linda!
E as mágoas, personificadas e apavorantes, serão carregadas para alto-mar, onde serão atiradas para o fundo das águas, retirando das costas do amante a pesada carga.
Depois, aliviado do peso, nem sente saudade, ficando livre (não mais um dominado) para um novo amor; “Hoje à noite namorar, sem ter medo de saudade, sem vontade de casar”.
Para curar o coração, nada como sair bem vestido (chamando atenção) para a noitada, em busca de um novo amor: “Calça nova de riscado, paletó de linho branco, que até o mês passado, lá no campo inda era flor”.
Embora o “Ouro Branco do Ceará” seja o algodão mocó, Belchior usou o linho branco, proveniente dos campos europeus, algo mais sofisticado e caro.
Houve uma época que o chapéu era parte integrante do visual masculino e também feminino. Como a moda é cíclica, esta onda está de volta.
Um jovem bem vestido, sorridente e com muito amor para ofertar, sem qualquer ingenuidade.
Só faltava a noite perfeita, isto é, estrelada: “Aquela estrela é bela, vida vento vela leva-me daqui”.
As mulheres são comparadas às estrelas, e são elas que guiam os marinheiros no breu do mar. Por elas, eles se deixam levar ao soprar das velas.
“- E que a mais bela me carregue daqui”, assim diria o jovem, pronto para enfrentar a fúria envolvente de um novo amor.
Amo a Elis e toda a impecável interpretação que ela dá a cada letra. Esta, principalmente, por ser lindíssima.
Esta obra prima, Mucuripe, foi composta pelo grande compositor Belchior com participação de Fagner, mas é sabido que todo o mérito poético destes lindos versos é do primeiro.
Além da inesquecível Elis, outros gigantes da nossa música também deram uma palhinha para aumentar o prestígio desse grande sucesso dos cearenses. Especialmente, gosto muito do toque romântico dado por Ivan Lins.
Quando eu cantava a música Mucuripe todos achavam estranho, pois era coisa de hippie. Sempre escutei com Raimundo Fagner e foi sucesso no LP Manera Frufru Manera. A bela composição de amor retrata como pano de fundo a paisagem pesqueira do Ceará. Belchior é um gênio musical da MPB.
Com a análise da melodia, fica melhor a interpretação da poesia musical, parabéns!
Como um Midas, tudo que Elis cantava virava ouro.
Foi assim com Belchior, João Bosco, Milton e por aí vai.
Mucuripe ganhou este prêmio no início da década de 70: a melhor voz e a melhor interpretação, que resultou em sucesso.
Essa sua leitura engrandece mais ainda a composição de Belchior.
No início deste século, quando ainda Mucuripe era uma vila, um jovem
pescador decidiu levar sua jangada para bem longe, perdendo a terra de
vista e, nas profundezas do mar, fez silenciar sua paixão não correspondida.
Com a certeza que apagou sua desilusão, decidiu nunca mais se apaixonar.
Em um cair de noite, vestido de calça e paletó, provenientes dos campos do antigo continente, aventurou-se novamente.
Para não cair na tentação de um novo amor, aquele detalhe no seu chapéu
esconderia as janelas de sua alma e, com um sorriso ingênuo e franco, logo
conseguiria nova conquista, todavia não cairia na tentação de se apaixonar.
E quando aquela esperada e bela mulher lhe apareceu, por precaução, pediu para que sua
jangada levasse sua alma para bem longe e deixasse seu corpo para curtir aquela bela estrela.
Belchior, otro de mis preferidos, hermoso video de Elis Regina, Mucuripe………..
“Acredita-se que, em 1500, antes da viagem de Pedro Álvares Cabral ao Brasil, o navegador espanhol Vicente Yáñez Pinzón desembarcou neste cabo e o batizou de Cabo de Santa Maria de La Consolación. Em 1501, André Gonçalves e Gonçalo Coelho chegaram à Enseada do Mucuripe tendo Américo Vespúcio na tripulação.
Quando os holandeses chegaram ao Ceará em 1649, o Mucuripe foi o porto de ancoragem de sua embarcação.
Durante a consolidação de Fortaleza como cidade, a enseada e a ponta do Mucuripe receberam diversas fortificações: Fortim de São Bartolomeu, Fortim de São Bernardo do Governador (Fortim de São Luís), Fortim da Bandeira, Bateria da Princesa Carlota, Bateria de São João do Príncipe e Bateria de São Pedro do Príncipe, que completavam a estrutura militar de defesa do Forte de Nossa Senhora da Assunção. Foi construído, na Ponta do Mucuripe, o Farol do Mucuripe, como apoio e complemento do Porto de Fortaleza e, em 1891, uma estação de trem.
Vila de pescadores, teve dois centros habitacionais: um à margem esquerda do Riacho Maceió e outro à sua margem direita. À margem esquerda do Riacho Maceió, à beira-mar, foi construída uma igrejinha que ficou conhecida como a Capela dos Pescadores[8]. À margem direita do Riacho Macei, no alto da duna, foi construída a Igreja de Nossa Senhora da Saúde Em 1912, foi construído o segundo cemitério público de Fortaleza (Cemitério São Vicente de Paula).
Nos anos 1940, o Mucuripe foi escolhido como o local para o Porto do Mucuripe, sendo o ramal ferroviário reformado para atender ao porto.
Nos anos 1950, este bairro deixou de ser um bairro de pescadores e expandiu-se. Hoje, é uma das áreas onde os imóveis têm uma maior procura comercial da cidade de Fortaleza.
Mesmo com toda a transformação no bairro, neste ainda acontece, às quintas-feiras, a tradicional Feira do Mucuripe.”
Transcrito da Wikipédia
Bom Dia
Mario Carlos Fernandez.
Esta canção ficou mais linda com seu toque, ao tentar traduzir o sentimento do coração do Belchior/Fagner.
Sou fã incondicional desse cearense incrível.
São tantas letras lindas: Como nossos pais; Paralelas, Tudo outra vez; Apenas um rapaz latino americano; A palo seco; Velha roupa colorida; Galos noite e quintais; e a famosíssima Águas de Março.
Esta sem dúvida é uma das mais belas interpretações de Águas de Março, sem tirar a fama e o sucesso dado por Elis.
É claro que só o próprio poeta sabe o poder de cada palavra, cada verso e da poesia que, no caso em apreço, dispensa cometários. Viva Jobim! Salve Belchior! Grande Gilvan!
Ainda existe espaço para os que apreciam a pura arte com silêncio e devoção.
Viva a música brasileira.
Gosto muito de ouvir “Mucuripe” na voz de Raimungo Fagner.
Não conhecia a interpretação feita por Ivan Lins que acabo de ouvir e achei linda.
Parabéns pela bela interpretação desta melodia que nos leva a ouvi-la com maior apreço.
Que voz inconfundível a do Belchior.
É gostoso escutar seu vozeirão nesse lamento triste (como um tango de Gardel), chamado Mucuripe.
Ele canta com o coração.
” O meu blusão de couro se estragou, sentado a beira do caminho, pra pedir carona.”
Belchior compôs o cotidiano rebelde de uma geração inquietante que, diferente da maioria, vivia de viagens, acampamentos, amores imaginários e reais, rodas de violão e cheia de sonhos de um amanhã promissor.
Amigo José…
De fato, o Nordeste nos presenteia com talentos sem fim… em diversas áreas.
Vimos naquela época o despontar magnífico de um grande talento. E embalávamos nossos sonhos com os arranjos dele. Belchior…que só hoje fiquei sabendo seu nome completo…rss…
Parabéns pelo tema, e pela pesquisa.. abçss
Qdo puder visite o blog da Alicinha tem postagens novas… bjs…
http://lendasdecaissa.blogspot.com.br/2012/10/o-que-tiver-que-ser-assim-o-sera.html