Amizade
BONS AMIGOS
Morreu Nezinho.
Como não era beato, não foi anunciado no boca de ferro, e o sino da igreja não repicou como era de costume.
Se bem que não fora encontrado de pronto, por viver solitário num arrabalde, um teto simplório de duas águas, em completa pindaíba.
Já estava há dias no assoalho de tábuas, até que o Faísca, um cachorro rueiro e pidão, que sempre ganhava um pão seco na porta dos fundos, começara a ladrar. Esfomeado, rosnava desesperadamente, até que um transeunte se perturbou com aquela insistência canina.
Aproximou-se da velha estrutura de madeira, que estava com a meia porta apenas encostada. Um mau cheiro já exalava pelos fundos do barraco. Era prenúncio de coisa ruim.
Diante daquela cena, o homem, assustado, saiu apressado a buscar ajuda com o delegado, atirando antes um naco de pão para que o cachorro se fosse dali.
Ninguém nunca soube nada daquela vida, tampouco se achou documento que apontasse algum parente.
Quando transitava pelo parque, as pessoas fingiam não vê-lo, por estar sempre mal cheiroso, vestes rasgadas e cabelos despenteados.
Ao se aproximar de um frequentador do local recreativo, Nezinho sentia que tinham ojeriza a sua pessoa, pois dele se afastavam quase que instintivamente.
Era quase um ser invisível, rechaçado e marginal.
Agora estava ali, mais uma vez desprezado, aguardando ser recolhido para ser lançado numa cova rasa, sem placa de identificação e sem uma reza para encomendar sua alma.
Ao lado do policial, a mesma pessoa que havia atirado aquele pedaço de pão se deu conta que o cachorro não havia comido nada, apenas emitia um grunhido triste, com a cabeça enfiada entre as patas dianteiras e o corpo debruçado ao chão.
Com a perda é que Faísca se deu conta que aquele era seu único amigo e, com certeza, o mesmo sentimento havia sentido um dia Nezinho.
O Faísca havia entrada na vida dele por acaso. Num belo dia de céu azul, um ventinho gelado insistia em bater a meia porta que ficara entreaberta.
Incomodado com aquilo, Nezinho foi enlaçar o barbante no prego, assim a janelinha ficaria travada, resolvendo o barulho.
Ao lançar seu olhar para o ipê amarelo, coberto de flores, olhou para baixo, encontrando aquele olhar penetrante daquele cãozinho.
Como ele estava com um aspecto muito sujo, com um pouco de sarna e magro, Nezinho foi logo buscar um pão para ele.
Enquanto Faísca comia, Nezinho se aproximou e fez nele um dengo. Foi lá dentro e trouxe um pouco de óleo queimado de carro. Foi passando o líquido na pele do cão, que nem se importava, pois comia o que ainda restava, saciando sua fome.
Alguns dias depois, Nezinho sentiu falta do Faísca e lá estava ele outra vez, mas já sem a sarna. Mais uma vez ganhou comida e carinho, e assim se foram aqueles últimos dias entre os dois novos amigos.
Na verdade, não era só a solidão que estava matando Nezinho, ele foi perdendo o gosto pela vida e já nada importava. Quase não comia, e seu corpo estava cada dia mais magro e fraco.
Numa manhã sem sol, tentou se erguer da cama, mas não tinha forças e já não tinha mesmo tanta vontade. Pressentiu que aquela seria sua última manhã.
Como por milagre de última hora, relembrou-se de sua vida, de seus pais, irmãos, filhos e de grandes amores. E veio na sua mente mil e um lugares lindos que havia conhecido, riu de novo de algumas alegrias compartilhada com antigos comaradas e, com um sorriso nos lábios, partiu.
O delegado tentou de todo jeito, mas nada descobriu do falecido. Não sabia ele que ali morrera um homem bom, que havia viajado a serviço e perdera a memória, ao bater sua cabeça na ponta da calçada, após sofrer uma tontura.
Com o corpo desfalecido, fora vítima fácil de delinquentes, que levaram tudo o que podiam: roupas, sapatos, carteira e a pequena mala que trazia.
Sem família, emprego e amigos, passou a viver naquela casinha simples e abandonada, comendo pães velhos e algumas sobras de comidas que os turistas ali deixavam.
Sua família o buscou por muito tempo, mas tudo foi em vão, até que foi dado como morto.
Ele ficava o dia inteiro naquele casebre e aquele animal de rua passara a ser sua única companhia.
Uma historia comovente, e podemos sentir também, como diz o ditado, que o melhor amigo do homem é o cachorro, pois foi a sua companhia até o final de seus dias.
O conto com certeza centenas de vezes se materealizou nesta vida corrida dos dias de hoje. Sem pretenção e ou sem atenção ao próximo, precisamos nos cuidar e cuidar de melhorar nossa amizades, pois nossa saúde mental depende delas limpas vivas e transparentes. VIVA A AMIZADE a qualquer custo e preço. Dá-lhe Seu Zé Maria!
Verdade… aqui na meiguice desse conto se confirma a relação de amor entre o homem e o cão.
Por isso que algumas pessoas solitárias recorrem aos animais para ter companhia.
A vantagem é que estas lindas criaturas não cobram nada e em troca dão muito amor pelo pão e pela água.
E isoladas vivem muitas pessoas, mesmo estando morando em lares aparentemente perfeitos. Algumas por serem ranzinzas e mesquinhas, outras por se achar maior e melhor, e muitas por problemas psicológicos: síndrome de pânico e fobias, que submetem o sujeito a um estado depressivo. A solidão promove o deterioramento da saúde social, que por sua vez, em muitos casos, afeta também a saúde física, mental e espiritual. Pouco conversamos com nossos vizinhos, e assim, nos distanciamos dos problemas comuns em nosso meio social. Há muitos Nezinhos bem próximos de nós, abandonados, por pura falta de mais integração social nas comunidades. Um belo texto para reflexão, parabéns!
El amigo más increible que tuve, fué justamente un perro; al que llamaba de “Churro” el me seguía siempre feliz, cuando yo salía. Hoy, realmente; extraño mucho, la alegría que me daba su companía y fidelidad inigualable. Conmovente historia……
Esta linda e comovente história me fez lembrar de alguns dos meus queridos amigos. Eles estarão guardados pra sempre no meu coração.
Quando eu tinha 10 anos ganhei dos meus tios um fox paulistinha que se chamava Toquinho.
Este foi o meu primeiro companheiro, que compartilhou comigo meus melhores momentos da minha infância. Recordo que, todas vezes que eu chegava da escola, lá estava ele todo serelepe à minha espera. Ele era uma companhia constante.
Depois veio o Igor, que também viveu conosco muitos e muitos anos, sempre demonstrando uma grande amizade comigo e meu tios.
Além do Fredy e da Kely, que eu desenvolvi um grande carinho por eles, pois eram do meus tios e do meu irmão, respectivamente, aquele que realmente marcou mais foi o Pitty.
Pitty me foi presenteado ainda bebezinho da raça Pincher. Recordo ainda de como ele tremia e de seus olhinhos de carência: foi amor à primeira vista.
Ele viveu comigo do zero até quando completou seus 17 anos.
Todas as viagens que eu fazia, ali estava ele. Somente quando não dava para eu levar é que eu o deixava aos cuidados de uma grande amiga.
Estes animaizinhos são realmente verdadeiros amigos, pois nutrem por nós um amor incondicional mesmo.
Acompanhei cada fase de sua vida, mas infelizmente ele se foi, deixando uma saudade muito grande e que aperta meu coração cada vez que lembro que ele não está mais comigo.
Ficam agora as lindas lembranças dos momentos que passamos juntos.
Esta história me faz lembra também dos filmes recentes de muito sucesso Marley e Eu e Sempre ao Seu Lado, filmes que retratam o verdadeiro amor do homem e seu cão.
Confesso que não assisti nenhum dos dois filmes, pois sei que irei chorar muito e ficarei triste, mas sei do sucesso de ambos.
Aproveito para parabenizar minha prima Maria Alejandra que se dedica com muito amor e carinho ao oficio de resgatar e cuidar dos animais de rua.
Parabéns também por esse belo trabalho de cuidar dos animais para Denise Contini, Cecilia e Paula que amam verdadeiramente os animais.
“Da sinceridade
Tens um amigo que fala bem
E um cão que nada explica.
Um jura-te amizade… O outro, porém,
Seus bons serviços te dedica.”
” Dos livros
Não percas nunca, pelo vão saber,
a fonte viva da sabedoria.
Por mais que estudes, que te adiantaria,
Se a teu amigo tu não sabes ler?”
Mário Quintana
De verdade: nós procuramos amigos que tem olhos de cachorro, que nos leem por inteiro e apesar disso (ou por isso mesmo…) nos amam incondicionalmente. Que bom se pudermos ser também assim!
Linda história!
Parabéns!
Hoje li novamente este conto que gostei muito e aproveito para dedicar ao dia dos animais que foi dia 4 de outubro. Vamos cuidar dos animais com mais amor lembrando sempre que eles tem vida.