Vinícius de Moraes – 100 Anos
100 VINÍCIUS SEM
TARDE EM ITAPUÃ
Vinícius de Moraes e Toquinho
Um velho calção de banho
O dia pra vadiar
Um mar que não tem tamanho
E um arco-íris no ar
Depois na praça Caymmi
Sentir preguiça no corpo
E numa esteira de vime
Beber uma água de coco
É bom
Passar uma tarde em Itapuã
Ao sol que arde em Itapuã
Ouvindo o mar de Itapuã
Falar de amor em Itapuã
Enquanto o mar inaugura
Um verde novinho em folha
Argumentar com doçura
Com uma cachaça de rolha
E com o olhar esquecido
No encontro de céu e mar
Bem devagar ir sentindo
A terra toda a rodar
É bom
Passar uma tarde em Itapuã
Ao sol que arde em Itapuã
Ouvindo o mar de Itapuã
Falar de amor em Itapuã
Depois sentir o arrepio
Do vento que a noite traz
E o diz-que-diz-que macio
Que brota dos coqueirais
E nos espaços serenos
Sem ontem nem amanhã
Dormir nos braços morenos
Da lua de Itapuã
É bom
Passar uma tarde em Itapuã
Ao sol que arde em Itapuã
Ouvindo o mar de Itapuã
Falar de amor em Itapuã
Vinícius viveu em muitos lugares do Brasil e do mundo. Por causa de sua carreira diplomática, morou também nos EUA, Paris, Itália e Montevidéu, por isso falava tão bem vários idiomas. Mas a estada baiana de Vinícius de Moraes foi uma das mais interessantes, que se deu exatamente na Praia de Itapuã. A mesma praia que havia sido imortalizada por Jorge Amado em seu romance Dona Flor e Seus Dois Maridos. Sob o lume do Farol de Itapuã, a bela e famosa personagem do escritor baiano se entregou ao seu primeiro amor.
Com a inspiração do amor, da paz e tranquilidade que o lugar passava é que Vinícius compôs TARDE EM ITAPUÃ, em parceria com Toquinho. Quis, com certeza, fazer uma homenagem a Dorival Caymmi, seu grande amigo, o qual havia também morado naquela mesma praia.
Como homenagem aos 100 anos do “poetinha”, deixando “Garota de Ipanema” de lado, quero analisar este primor de música, sem desmerecer as demais parcerias que ele teve com Tom Jobim, Baden Powell, João Gilberto, Chico Buarque e Carlos Lyra.
TARDE EM ITAPUÃ – Análise da Letra da Música
Quem mora à costa marítima sabe que não é preciso muito para desfrutar das delícias do mar. Basta apenas “um velho calção de banho” e pronto, é só mergulhar, nadar e se depois se deitar na areia, numa “preguiça” só. Para recuperar as energias, pode-se recostar a cabeça na areia branquinha, dispensando até a “esteira de vime” e o degustar da doce e energética “água de coco”.
Uma praia é talvez a diversão mais barata que existe. Não é preciso muito, basta sentir o desejo e ir ao encontro da natureza.
Recordo que, quando menino, colocava minha bola debaixo do braço e me divertia muito na praia, na companhia dos meus amigos. Quando a sede e a fome apertavam, era hora de voltar pra casa.
Nossos calções não eram novos, e ali nos divertíamos toda a parte da manhã, no mais delicioso dos ócios: jogar bola. Como a fazer pouco caso do tempo, nem fazíamos caso de vitória, corríamos sempre faceiros e sorridentes, num completo “vadiar”.
Nossos olhares sonhadores abarcavam a imensidão do mar e por vezes, em dias chuvosos, contemplávamos no azul a promessa divina em forma de cores.
Assim como nós, Vinícius fora menino de praia, por isso o compositor carioca, acompanhado do paulista Toquinho, colocou na letra, possivelmente, o viver à beira-mar do grande amigo, cantor e compositor baiano, Dorival Caymmi. Não é à toa que o autor de MARINA, O QUE QUE A BAIANA TEM, MARACANGALHA, dentre muitos outros sucessos, teve seu nome dado à praça principal do bairro de Itapuã.
Como muitas praias de todo o Nordeste, em Itapuã o sol “arde”, amenizado por gostosas e frescas brisas, vindas do mar.
As ondas que quebram na praia ou de encontro às rochas produzem um som muito agradável aos ouvidos. Para muitos, soa como música.
O mar é o destino escolhido pelos amantes para passar a lua de mel ou mesmo para o casal viver um lindo momento, como fez Gabriela – a musa que tinha cheiro e sabor a cravo e canela.
As praias do nosso Brasil, principalmente as mais calientes, não devem nada às praias do Caribe. Suas águas também são de um verde lindo. Parece que a cada momento ela renova sua cor, trazendo mais encanto para os olhos dos frequentadores.
Com o sol vem a sede, e nada como se refrescar com um suco das frutas típicas locais ou uma bebida mais quente.
Todos sabem que a “cachaça de rolha”, de feitio bem artesanal, é algo típico do Nordeste. Por isso Vinícius toca no tema porque, em vida, fora um bom apreciador do aperitivo.
Por seu alto teor alcoólico, este especial filtrado faz girar a cabeça de muitos marinheiros de primeira viagem, “diante do céu e mar”, fazendo o mundo rodar.
À noite, o soprar do vento causa arrepio e faz aconchegar.
É comum o clima ficar mais romântico em um luau à beira-mar.
Difícil mesmo é alguém resistir às doces palavras, aos olhares, braços e abraços do amado/a, principalmente à luz da lua, em volta dos coqueirais.
Compartilho este vídeo histórico, feito por ocasião do Especial de Roberto Carlos de 1981, para homenagear Vinícius de Moraes.
Vale a pena rever.
Adorei e curti esta Homenagem a Vinícius – 100 Anos.
Adora a música nacional!!!
Enilda
Assim como o oceano só é belo com o luar
Assim como a canção só tem razão se se cantar
Assim como uma nuvem só acontece se chover
Assim como o poeta só é grande se sofrer
Assim como viver sem ter amor não é viver
Não há você sem mim, eu não existo sem você
A melhor forma de reconhecimento do artista é o enaltecimento de sua obra, pois ao fazer isso é que o imortalizamos. Justa e bela homenagem. Fiquei feliz com a escolha da música que faz parte do repertório, quase por obrigação, de todos os cantores da noite. Lembro que certa noite de lua, reunidos em minha casa, numa brincadeira, resolvemos analisar os estilos musicais dos nossos amigos cantores e escolhemos essa música como modelo. Foi uma noite prazerosa, mas logo percebemos que todos a interpretavam com muita facilidade, e, assim, tivemos que optar por outra canção que não fosse tão habitualmente cantada nas noites.
Chico Anysio disse sobre a morte: não tenho medo, tenho pena.
O poetinha declamou: que seja eterno enquanto dure.
Viva Vinícius!!!!!!!!!!!!
Vinicius, grande poeta e compositor, que em suas musicas retrata, as belezas naturais do nosso pais, excelente escolha de musica.
Um amor em cada coração: Centenário de Vinicius de Moraes
Vinicius de Moraes
De um trecho de música que já ouvimos algum dia até aqueles versos de poema que aprendemos a declamar na escola. Vinicius de Moraes faz parte da história e cultura dos brasileiros e do mundo. Nascido em 19 de outubro de 1913 no Jardim Botânico, no Rio de Janeiro, ele teve uma vida dedicada à palavra: foi poeta, compositor, jornalista, dramaturgo, diplomata.
Neste ano, é celebrado o Centenário de Vinicius de Moraes e, para homenageá-lo, o Portal EBC apresenta o especial Um amor em cada coração, em que é possível conhecer as diversas facetas do carioca, cujos versos foram eternizados. Na página, apresentamos conteúdos multimídia que vão desde imagens de arquivo até entrevistas feitas especialmente para esta data. Você vai poder ver, também, um clipe da gravação inédita da música As Abelhas, interpretada pelo grupo Móveis Coloniais de Acaju.
Biografia
Vinicius de Moraes iniciou a carreira como poeta e se tornou conhecido por seus poemas românticos. Mas a produção literária do autor tem também títulos que tratam de espiritualidade, boemia e críticas a problemas sociais. Mais tarde ele passou a se dedicar à música, que o projetaria para o mundo. Caracterizada por interpretações vocais intimistas, sua obra musical soma mais de 300 títulos que retratam o cotidiano, o amor e as mulheres. A música Garota de Ipanema é considerada uma das mais reproduzidas na história em todo o mundo, e é também uma das principais canções do compositor, que ao lado de Tom Jobim fez nascer faixas do álbum Canção do Amor Demais, marcando o início da Bossa Nova, no final dos anos 1960.
Moraes ajudou a disseminar a cultura brasileira enquanto, como diplomata, serviu ao Itamaraty em cidades como Los Angeles, Montevidéu e Paris. Sua grande paixão – as mulheres – também o guiou, e não só como inspiração na arte. Vinicius teve nove esposas, e por causa de uma delas morou durante quatro anos em Salvador, Bahia. A beleza da capital soteropolitana aparece em sua música, assim como as letras leves e lúdicas dedicadas às crianças nos álbuns A Arca de Noé 1 e 2.
Já tive o privilegio de passar uma tarde em Itapuã na linda cidade de Salvador.
Linda homenagem a esse compositor que muitas belezas nos deixou e que será imortal.
Linda música que é conhecida internacionalmente.
Vinícius – 100 anos..
Meu amigo, Vinícius foi um romântico inveterado, assim como todos os poetas.
Ele gostava das noites, vivia cercado de belas companhias e de grandes escritores, poetas, músicos e compositores.
Era muito culto e teve um papel fundamental na MPB, ao lado de outros grandes artistas: Pixinguinha, Jobim, Chico, Baden e muitos outros.
Ao lado de Toquinho, percorreu o mundo fazendo shows e compondo com ele lindas canções.
Esta é uma das mais tocadas.
Grande homenagem aos “100, sem ele”.
Tarde morena sentindo o sol do mar
deitar sem ter porque se levantar
tarde a beira mar sensação de leveza e
frescor que qualquer um pede para não
acabar. Deixa eu voltar a trabalhar e
parar de sonhar.
(sortudos esses senhores de itapuã)
Li que Garota de Ipanema é a segunda música mais tocada no mundo, só perde para Yesterday, dos Beatles – Lennon–McCartney. Em terceiro lugar, surge outro sucesso de outro artista brasileiro: Feelings, do também carioca Morris Albert, nome artístico de Maurício Alberto Kaisermann.
A Bossa Nova, de Tom Jobim e Vinícius, conquistou muitos fãs mundo afora.
Quando Frank Sinatra cantou Garota de Ipanema ao lado de Tom, o mundo abriu as portas para nossa MPB.
Ao citar Vinícius de Moraes, logo nos vem a lembrança de declarações de amor, visto que o poeta sempre enaltecia as mulheres. Ao perguntarem sobre sua declaração “me perdoem as feias, mas beleza é fundamental”, foi enfático: a beleza está nos gestos, na fala, no andar, no olhar, no gracejo e na intensidade de afeto. Meu primeiro encontro com a poesia de Vinícius foi na oitava série em que uma colega de turma, Jaqueline Susan, tocou e cantou Samba de Uma Nota Só, e, foi folheando o encarte da coletânea musical desse poeta, comprada em bancas de revista e que pertencia a minha irmã, Lena, é que adentrei no mundo poético desse eterno diplomata brasileiro.
Eu “conheci” Vinícius através da minha irmã mais velha, Célia. Na fase de seus grandes amores, ela lia “aos montes” os poemas dele e eu sempre ficava imaginando ver no rosto dela os nomes de cada um dos seus namorados. E quantas “cópias” do Soneto de Fidelidade…
E o tempo passou e os poemas dele continuam “musicando” nossas vidas, com certeza!
Toquinho e Vinícius: grande dupla, assim como Tom e Vinícius. Lembra Queijo com goiabada!
“A felicidade é como a pluma que o vento vai levando pelo ar.
Voa tão leve, mas tem a vida breve…”
Vinicius de Moraes ficou conhecido por uma vasta obra: livros, poesias, músicas e até frases que ficaram muito conhecidas:
“Com as lágrimas do tempo e a cal do meu dia eu fiz o cimento da minha poesia”.
“Quem já passou por essa vida e não viveu, pode ser mais, mas sabe menos do eu”.
“A vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro pela vida”.
“Por mais longe que seja a caminhada, o importante é dar o primeiro passo”.
“Não há nada mais gostoso que um amor correspondido”.
“Quem de dentro de si não sai, vai morrer sem amar ninguém”.
“Que não seja imortal posto que é chama, mas que seja infinito enquanto dure”.
“Se o amor é fantasia, eu me encontro ultimamente em pleno carnaval”.
” O sofrimento é o intervalo entre duas felicidades”.
“A hora do sim é o descuido do não”.
“De tudo, ao meu amor serei atento. Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto. Que mesmo em face do maior encanto, dele se encante mais meu pensamento.”
“A felicidade é como pluma leve que o vento vai levando pelo ar. Voa tão leve, mas tem vida breve. Precisa que haja vento sem parar.”
“Tristeza não tem fim, felicidade sim.”
“Eu quis amar, mas tive medo. Eu quis salvar meu coração, mas o amor sabe um segredo: o medo pode matar o seu coração.”
Gente, dá pra mergulhar em cada frase… é pura filosofia de vida.
Há exatos 100 anos nascia no bairro da Gávea, zona sul no Rio de Janeiro, Marcus Vinicius de Melo Moraes ou apenas Vinicius de Moraes. O “poetinha”, como era conhecido, viveu toda a sua infância no Rio, quando escreveu seus primeiros versos. Em 1924, entrou para o tradicional Colégio Santo Inácio, em Botafogo, onde cantava no coro da igreja e montava pecinhas de teatro.
Com apenas 16 anos Vinicius entrou para a Faculdade de Direito do Catete, na qual se formou em 1933, mesmo ano da publicação de seu primeiro livro, “O caminho para a distância”. Durante o período de formação acadêmica firmou amizades e, a partir de então, viveu uma vida ligada à boemia.
Chegou a estudar literatura inglesa na Universidade de Oxford, na Inglaterra, porém, não se formou em razão da Segunda Guerra Mundial. Ao retornar ao Brasil, fez amizade com os escritores Mário de Andrade, Manuel Bandeira e Carlos Drummond de Andrade.
O artista trabalhou como jornalista, cronista e crítico de cinema, antes de ingressar na diplomacia, em 1943, quando foi nomeado vice-cônsul em Los Angeles. Como diplomata, alcançou o posto de segundo secretário da embaixada brasileira em Paris dez anos depois. Anos mais tarde abandonou a diplomacia e tornou-se músico.
O “Poetinha” foi um dos fundadores do movimento revolucionário na música brasileira da década de 50, a Bossa Nova, juntamente com Tom Jobim e João Gilberto. A partir dos anos 60, o estilo musical ganhava o reconhecimento internacional.
É autor de algumas das frases e dos poemas mais conhecidos na literatura brasileira. Entre suas músicas marcantes estão “Garota de Ipanema” (a canção brasileira mais tocada no mundo, parceria dele com Tom Jobim), “A Felicidade”, “Manhã de Carnaval”, “Chega de Saudade” e “Eu sei que vou te amar”.
Sua obra musical soma mais de 300 títulos que retratam o cotidiano, o amor e as mulheres.
“Vinicius de Moraes foi um divisor de águas na história da música popular brasileira. Um poeta de livro que de repente se torna letrista e traz para as letras da música brasileira uma grande densidade poética”, define o crítico musical Tárik de Souza.
Para o especialista, Vinicius “foi o primeiro parceiro do Edu Lobo, o primeiro parceiro do João Bosco, incentivou o Francis Hime e vários outros artistas a se dedicarem realmente à música, a partir de parcerias com ele”. “Vinicius tinha essa generosidade de lançar artistas e de abrir novas frentes, como ele fez com Toquinho, que foi o seu último grande parceiro.”
É também autor de poemas como “Rosa de Hiroshima” e “O Operário em Construção”, que criticam problemas sociais e ganharam notoriedade como formas de protesto.
Boêmio assumido, Vinicius viveu intensamente seus 66 anos. Casou-se nove vezes e teve cinco filhos. Morreu de edema pulmonar aos 67 anos, em 9 de julho de 1980, em sua casa na Gávea.
Em 2010, o governo brasileiro fez uma reparação histórica: promoveu Vinicius a embaixador em homenagem póstuma, após ter sido aposentado compulsoriamente em 1969 pelo regime militar.
Bom dia.