ALFENIM
ALFENIM
DOCE BOM É ALFENIM
DE GELEIA É FULEIRO
ATÉ O DOCE MINEIRO
AO LADO É CHINFRIM
0
LEMBRA-ME CASA DA AVÓ
O PANELÃO, QUE CHEIRO
QUE DOCINHO MANEIRO
O TAL GOSTO SEI DE COR
0
FAZ-ME LEMBRAR A MENINICE
RECORDO-ME LAMBER A MÃO
O OLHAR CHEIO DE MEIGUICE
É UM RECORDO DO CORAÇÃO
Autor – José Maria Cavalcanti
Meu avô, Pedro Alves, tinha de cor algumas produções poéticas. Uma delas guardo com carinho:
A campa faz tim, tim, tim
Teco, teco a lançadeira
No açougue a molequeira
E a velha faz alfenim
Nhô velho ficou caduco
Caiu do banco e fez puco
Na casa de Zé Chiarrau
Foi onde o gato fez miau
E o fole vuco, vuco
Meu avô, Pedro Alves, nasceu em Quebrangulo/AL – a mesma cidade de Graciliano Ramos.
Viveu quase 100 anos, fazendo de tudo. Gostava de dançar, cantar e era muito festeiro.
No começo de 1960, com mais de 66 anos, partiu com a esposa e duas filhas para Brasília. Boa parte dos filhos havia seguido antes, atendendo ao chamado de JK para construir a nova capital do Brasil.
Tio Bila foi o primeiro a chegar, em 1957. Ele foi o chamariz para os demais irmãos e pais.
Hoje quase toda a família da minha mãe vive no Planalto Central.
Quanta lembrança da minha infância. Lembrei das festas de padroeiro em que as doceiras vendiam a guloseima em formato de pequenos animais. Como bem lembra o poema, era um tempo de poucas opções, do puxa puxa, da geleia de coco, do cavaco chinês, da raiva, do pirulito de açúcar queimado, do pão doce com coco e do sequilho. Todos bem artesanal. Tinha uma senhora, moça velha, Dona Calú, que preparava deliciosos biscoitos de goma. As raivas derretiam logo que colocávamos na boca. Nas quermesses o alfenim eram comercializados em pequenas lancheiras, algumas em formato de barcos. A poesia tem o dom de nos levar a belas e saudosas recordações.
Na página “Lápis Virtual”, há o depoimento de um vendedor de alfenim muito interessante:
“eu vivia disso, não tinha pra mais quem vender alfenim. Fazia muitas figuras com a massa: boneco, flor, passarinho, cachimbo e anjinho, tudo isso eu vendia na feira do Alecrim.”
Ele diz que alfenim é um doce com alma e, mais adiante, diz que é de origem árabe, que chegou ao Brasil, graças aos portugueses que aqui chegaram.
Dileto amigo José Cavalcante……
Eu quero experimentar essa delícia! se souber aonde tem me fala antes de ir até o Nordeste!!!!
Fiquei com água na boca… é uma arte além de ser um doce!!
Que gente maravilhosa que essa terra nos presenteia… na minha próxima viagem vou conhecer esse lugar só para experimentar sua culinária, incluindo os doce… Vixe!!!
Parabéns pelo resgate de sua história e por manter viva essas tradições!!
Ótima semana!!
Reminiscências que me deram água na boca!
Nunca ouvi falar nome desse doce,mas deve ser uma delicia, mais o que e mais importante e o resgate dessa tradiçao nordestina.
Os doces da minha época de moleque de nada se pareciam
com o alfenin. Todos quadrados altos ou baixos mas quase
todos com o mesmo desenho, não deixavam de serem maravilhosos
mas nada tão delicado e cheio de nuances e variações como o tal.
Ainda vou comer um ou melhor apreciar, fotografar e logo depois
degustar tal iguaria. Belo resgate da culinária nordestina seu Zé.
Meu amigo, Cavalcanti, por recomendação do meu médico, já não posso mais me dar ao luxo de saborear as guloseimas do mercado, mas fecharia os fechos pra meus números elevados de colesterol por um pedacinho de alfenim.
Gostei da poesia também.
Abraços.
“Quando eu queria e podia comer, não podia comprar. Agora que quero e posso compra, não posso comer”. Esse dito, fortalece a compreensão de que tudo tem diferente valor de acordo com seu tempo e seu modo de vida. Houve tempo que açúcar refinado, branquinho com é hoje, era artigo para poucos e a maioria dos doces eram confeccionados a base do melaço da cana de açúcar, do açúcar mascavo ou dissolvendo a rapadura. Era um tempo em que também não se tinha tantos cuidados com a saúde e quanto mais doce os produtos mais se consumiam.
O alfenim, por ser sólido, era a bala da época e por isso se popularizou. Vendia em bancas de feira nos mais variados formatos, em que o cliente, após a escolha, levava as guloseimas acondicionadas em papel de embrulho.
Essa poesia nos faz relembrar de coisas simples que tanto encantou a nossa vida. Um tempo doce.
Que doce difícil de fazer, deve queimar a mão, muito trabalhoso, mas parece muito gostoso e bonito, dá vontade de usar para enfeitar.
Não sabia que esse doce era nordestino achei que fosse de Goiânia pois foi lá que o conheci.
Essa linda poesia e vídeo me trazem na lembrança doces que gostava muito na infância.
Quando morei em Buenos Aires eu gostava muito da “bananita dolca”, que tinha uma música de propaganda que lembro até hoje, “bananita dolca, bananita dolca, vestida de chocolate….”,
hoje ainda posso disfrutar dessa delicia quando vou passear por lá.
Que delicia o quebra-queixo que vendia na saída da escola e que não podia faltar.
Gosto muito da produção poética do Sr. Pedro Alves que as vezes ouço ser declamada para alguns amigos pelo seu neto José Maria e que agora também nos prestigia com um belo poema para homenagear o Alfenim. Parabéns.