Músicas
ANÁLISE DE LETRAS DE MÚSICAS
CHICO BUARQUE, CAETANO, MILTON, GIL, ZÉ RAMALHO, RAUL SEIXAS E MUITOS OUTROS TALENTOS MUSICAIS DA NOSSA MPB TERÃO SEUS TRABALHOS ANALISADOS NESTE CANTINHO MUSICAL
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Analisar as letras das músicas destes grandes talentos da MPB não é tarefa fácil. Músicas com mensagens inteligentíssimas, como as de Chico Buarque, que eram verdadeiros panfletos políticos, carregados de teor metafórico, com uma linguagem cifrada, pronta para ser decodificada por seus ávidos fãs em um período difícil, vivenciado por todos eles na década de sessenta. Caetano, Milton Nascimento e Gil compuseram também canções emblemáticas, que vamos carregá-las para sempre em nossos corações. Raul Seixas, nosso maluco beleza, compondo suas enigmáticas e filosóficas letras, ganhou muitos seguidores no ritmo do rock.
Poderíamos começar o quadro de Análise de Letras de Músicas com qualquer um deles, mas Zé Ramalho foi o escolhido com a música:
CHÃO DE GIZ
Eu desço dessa solidão, espalho coisas sobre um chão de giz
Há meros devaneios tolos a me torturar
Fotografias recortadas em jornais de folhas amiúde
Eu vou te jogar num pano de guardar confetes
Eu vou te jogar num pano de guardar confetes
Disparo balas de canhão, é inútil pois existe um grão vizir
Há tantas violetas velhas sem um colibri
Queria usar quem sabe uma camisa de força ou de vênus
Mas não vão gozar de nós apenas um cigarro
Nem vou lhe beijar gastando assim o meu batom
Introdução
Agora pego um caminhão, na lona vou a nocaute outra vez
Pra sempre fui acorrentado no seu calcanhar
Meus vinte anos de “boy, that’s over, baby” , Freud explica
Não vou me sujar fumando apenas um cigarro
Nem vou lhe beijar gastando assim o meu batom
Quanto ao pano dos confetes já passou meu carnaval
E isso explica porque o sexo é assunto popular
no mais estou indo embora 3x
No mais…
Uma análise da música do cantor Zé Ramalho feita no embalo do som maravilhoso deste artista nordestino.
O poeta é volúvel, está sempre se apaixonando (a fraqueza do seu calcanhar), principalmente quando se é muito jovem.
Zé Ramalho compôs esta música com “Meus vinte anos de boy”.
Primeiramente concordamos se tratar da relação homem e mulher. Agora trataremos de decifrar a idade que tinha a musa. No verso “Há tantas violetas velhas sem um colibri”, poderemos inferir que a amada era mais velha que o jovem artista e que ele desdenhava dela por não mais receber suas atenções. Em contrapartida, ele”dispara” contra ela e faz ameaça, dizendo ser um colibri, livre para buscar novas rosas ou até mesmo outra violeta velha.
Ela era uma mulher da alta sociedade, certamente famosa. Deduzimos isto no seguinte verso: “Fotografias recortadas em jornais de folha, amiúde”. Ele acompanhava a vida dela por meio da imprensa, guardando tudo a seu respeito. Com o afastamento que se deu, o amor dele se tornou platônico. Dali em diante, poderia apenas contemplá-la, mantendo-se distante.
Quando se dá conta que para ela tudo havia passado e acabado (that´s over), ele extravasa: “Não quero te beijar gastando assim o meu batom” “Quanto ao pano dos confetes já passou meu carnaval”; e “No mais estou indo embora”.
Com as palavras “Meu carnaval…” o poeta associa que para ele foi como uma festa frenética, movida a uma alegria efêmera.
Ele finalmente desiste dela ao perceber que para ela foi tudo como uma espécie de brincadeira de criança, que se diverte sobre os traços desenhados no chão, riscado com giz.
As relações amorosas causam impactos e geram muitas expectativas nas pessoas. Em algumas mais e em outras menos. Às vezes, o outro não entende que tudo acabou ou que nada havia e enlouquece (vai uma camisa de força aí) na busca das razões de ser desprezado ou mesmo de ser tratado com indiferença, e termina caindo em profunda melancolia.
Como você analisa esta letra da música de Zé Ramalho? Faça seu comentário. Estou esperando.
SOZINHO – ANÁLISE DA LETRA
Você sabe que Sozinho fala forte aos corações apaixonados, principalmente na voz adocicada de Caetano, mas seu segredo não está somente na envolvente melodia, sua letra possui uma belíssima tradução.
Quem escuta essa música não necessita de esforço para enxergar ali Caetano, sentado e bem vestido, com seu violão, num solo de fazer inveja. As caetanetes vão ao delírio assistindo ao toque mágico dos dedos do baiano a tocar de leve nas tensas cordas do seu violão. Para mim, parece até que não dá para dissociar o cantor dessa inesquecível produção do Peninha.
Por falar em Aroldo Alves Sobrinho, ele já havia passado outro sucesso para seu ídolo, Caetano, que foi a música Sonhos, que fez todo público brasileiro cantar com ele. Este primeiro grande destaque consagrou o compositor paulista, que logo registrou outros marcos, tais como: Alma Gêmea, com Fábio Júnior; Que Dure para Sempre, com João Paulo e Daniel; Adoro Amar Você, somente com Daniel e muitos outros hits que explodiram por todo o Brasil. Quem não se lembra de outros sucessos que ele fez com as músicas: Era uma Brincadeira, Que Pena, Pouco a Pouco, Meu Mel, Amo Você. Em sua carreira, o cantor e compositor gravou mais de 300 trabalhos na MPB.
Decompor cada verso dessa linda letra é como espremer um favo de mel, pois dela tudo que escorre é saboroso e açucarado.
S O Z I N H O
Caetano Veloso
Composição: Peninha
Às vezes no silêncio da noite
Eu fico imaginando nós dois
Eu fico ali sonhando acordado
Juntando o antes, o agora e o depois
Por que você me deixa tão solto?
Por que você não cola em mim?
Tô me sentindo muito sozinho
Não sou nem quero ser o seu dono
É que um carinho às vezes cai bem
Eu tenho meus desejos e planos secretos
Só abro pra você mais ninguém
Por que você me esquece e some?
E se eu me interessar por alguém?
E se ela, de repente, me ganha?
Quando a gente gosta
É claro que a gente cuida
Fala que me ama
Só que é da boca prá fora
Ou você me engana
Ou não está madura
Onde está você agora?
Quando a gente gosta
É claro que a gente cuida
Fala que me ama
Só que é da boca prá fora
Ou você me engana
Ou não está madura
Onde está você agora?
A noite, a eterna companheira do poetas, envolve aos que amam, que sentem saudade ou aqueles que esperam.
Quando estamos sozinhos na noite, muita coisa acontece. Um namoro antigo, por uma bela garota, sempre invade nossa mente, mesmo sem pedir licença. Com Peninha não foi diferente, na solidão do tempo e no silêncio perturbador noturno, ele se encontrou mergulhado nas reminiscências de um amor, que passou a permear um vazio que se fazia presente.
Todo mundo sabe que exercitar a imaginação com as doces memórias não é tarefa difícil, principalmente quando você ainda está conectado pelo link do amor, mesmo em casos de atrações amorosas unilaterais ou nos casos de amores correspondidos.
Por mais que você tente fechar os olhos, o sono não vem, porque fortes imagens mentais ficam a envolver sua cabeça, produzindo cenas de amor, de romantismo, vindo logo, como um turbilhão, aqueles remakes dos gostosos momentos vividos. Aí você monta um filme com cada pedacinho: o primeiro olhar, o primeiro abraço, o primeiro beijo, e assim vai montando seu belo trabalho de direção. E se perde no tempo, imaginando-se sempre num passado embriagador e navega na lacuna de todos os sonhos projetados para uma vida a dois, mas que até aquele momento não se concretizou.
Dizem que o amor é grudento. Não sei por que a gente tem essa necessidade de estar sempre atado, ficando fragilizado quando fica só. E, quando sozinho, cobra companhia do outro, sem se preocupar que os espinhos de um zelo exagerado podem sufocar a flor.
Dê um pontapé na insegurança, pois somos únicos, maravilhosos e insubstituíveis. E a liberdade nos concede alegria, e é nisso que reside nosso encanto. Não podemos ser posse de ninguém, nem podemos nos dar ao luxo de aprisionar o direito de voar. Estar livre, mas com asas podadas, é um falso libertar. Um pombo-correio volta milhares de quilômetros para seu dono, mesmo que encontre pelo caminho outras tentações.
Quem não gosta de carícia. Ela sim é a essência dos relacionamentos, mas deixe que venha naturalmente. Isto ocorre quando se sente. Não cobre amor, nem atenção, tampouco carinho, apenas se dê integralmente, pois daí tudo virá.
O amor requer mesmo é proteção. Ele não ameaça, não insufla, apenas espera. Quando se ama, verdadeiramente, não se sente solto e não existe o risco de ser achado por outrem, pois o amar nos deixa focado e amalgamado ternamente à pessoa amada.
Ser cuidado e cuidar é gostoso, não? Cuidar do outro faz parte. Dedicar sua atenção, ser gentil e amoroso, com olhares e jeitinhos, tudo isso faz parte da relação a dois, mas não se deve agir como o proprietário de uma coisa ou objeto. O outro quer se sentir único, e que toda atenção do mundo lhe é dedicada, mas é tudo.
O amor genuíno prende, naturalmente, uma pessoa a outra. Tem-se vontade de estar sempre juntinho, mas quando há um sufocar, você só sente o desejo de fugir, prá nunca mais voltar.
Mas é melhor ser sincero e, olhos nos olhos, pôr um ponto final, pois, se não é mais amor, você só quer mesmo é ficar. Sendo sincera, você não deixará o cara a ver navio e a contar estrelas na noite, SOZINHO, mesmo acompanhado.
Curta agora o inigualável Caetano Veloso.
TIM MAIA – O SÍNDICO
Tim Maia nos embalou com seus sucessos, não somente porque suas letras tocavam forte nossa emoção, mas o timbre de sua voz era único, envolvente, e tinha todo um swing para cantar e comunicar as mais lindas canções de amor.
Ele viveu no Rio de Janeiro, Do Leme ao Pontal, curtindo as belas praias de um matiz lindo, Azul da Cor do Mar. Gostava de viver bem a vida e estava sempre envolto a paixões avassaladoras. No verão amava intensamente, mas curtia muito o frio e dizia: Quando o Inverno Chegar, eu desejo estar junto a ti para curtir Bons Momentos. Mas sua amada um dia o abandonou, e ele disse a ela não vá embora, insistiu com sua musa, fique por toda minha vida. Mas ela, Um Dia de Domingo, desabafou e finalmente se foi. Embora ele não tenha compreendido nada, não encontrando razão para aquilo, exclamou Me Dê Motivo, pois Você sempre foi meu grande amor. Vendo que não tinha mais jeito, apelou para uma amiga. Disse-lhe Leva esta mensagem, Pede a Ela e diga que não me importa nada e Não Quero Dinheiro, Só Quero Amar, pois o amor dela Vale Tudo. Ainda assim não foi atendido e só restou para ele um lamento triste: – Mina, Gostava Tanto de Você!
Esta é uma homenagem que faço ao cantor e compositor Sebastião Rodrigues Maia, Tim Maia, o “síndico”, segundo seu grande amigo Jorge Ben Jor, na música W/Brasil. Tim introduziu o estilo soul na MPB e foi um dos maiores cantores brasileiros, ganhador do prêmio Shell. Suas músicas eram marcadas pela rouquidão da voz, grave e carregada, imortalizando assim muitos sucessos, como este que vocês acabaram de ouvir.
QUEM DE NÓS DOIS
A badaladíssima mineira Ana Carolina um dia “surgiu como um clarão, feito um raio cortando a escuridão”, iluminando nossas vidas com sua performance de palco. Ela veio como um presente de surpresa para todos nós nesse deserto de boas vozes femininas e na secura de boas músicas.
Embora esta música seja uma versão de uma canção italiana, Ana Carolina já demonstrou seu talento com letras incríveis: “O amor em seu carvão foi me queimando em brasa no colchão e me partiu em tantas pelo chão…”. Esta é uma pequena amostra da sua veia poética.
Depois dela, outras talentosas pegaram carona e tivemos mais recente o privilégio de ver surgir uma menina, Maria Gadu, com um timbre de voz agradabilíssimo, que veio também para ficar, principalmente porque foi reverenciada por nada mais nada menos que Caetano Veloso.
Eu e você
Esta lindaletra fala de uma relação a dois que está sofrendo um cheque, como todos os envolvimentos que, de tempo em tempo, necessitam de uma repaginada e às vezes de reavaliação.
Não é assim tão complicado
Às vezes buscamos o inexistente e complicamos o descomplicado.
Não é difícil perceber…
Tudo é tão simples que parece impalpável, não perceptível.
Quem de nós dois
Vai dizer que é impossível
O amor acontecer…
Quando ambos são tocados pelo amor, não se deve ficar racionalizando pequenas coisinhas e sim apenas curtir o que há de melhor, pois o sentimento mais forte que move um casal já existe e não é mais um possibilidade, é só deixar acontecer.
Se eu disser
Que já nem sinto nada
Que a estrada sem você
É mais segura
Sinceridade é a linguagem do amor. Dizer que não sente nada só para fazer joguinho não funciona. Cada um deve se despir dos subterfúgios e, olho no olho, derrramar tudo que se sente.
Eu sei você vai rir da minha cara
Eu já conheço o teu sorriso
Leio o teu olhar
Quando se ama verdadeiramente, a pessoa se torna transparente para a outra. Não se pode esconder nada, tudo fica expresso no seu rosto, como uma imagem retratada no espelho.
Teu sorriso é só disfarce
O que eu já nem preciso…
Sinto dizer que amo mesmo
Tá ruim prá disfarçar
O real não permite máscara. Mesmo que se tente, é impossível dissimular um sentimento verdadeiro.
Entre nós dois
Não cabe mais nenhum segredo
Quando há amor, passa a existir uma fusão de corpos, de mentes e não há espaço para segredos.
Além do que já combinamos
No vão das coisas que a gente disse
Muita coisa fica nas entrelinhas das palavras e é compreendida facilmente, até mesmo um simples olhar tem uma tradução imensa.
Não cabe mais sermos somente amigos
Amor e amizade são grandes sentimentos humanos, mas não dá para ser os dois ao mesmo tempo.
E quando eu falo que eu já nem quero
A frase fica pelo avesso
Meio na contramão
Não devemos desdizer o que manda o coração, senão a vida vira do avesso e o fluxo do nosso caminho se transforma numa grande contramão, realmente.
E quando finjo que esqueço
Eu não esqueci nada…
Negar o que se sente é talvez a coisa mais difícil a se fazer.
E cada vez que eu fujo, eu me aproximo mais
Parece incrível, mas não conseguimos fugir de nós mesmos.
E te perder de vista assim é ruim demais
Quando se ama, o desejo é de estar sempre junto, pertinho dos olhos.
E é por isso que atravesso o teu futuro
E faço das lembranças um lugar seguro…
Rememorar os melhores momentos da relação dá segurança e certeza do que se sente. Baseado em certeza é que se busca consolidar aquilo que se almeja ao lado da pessoa amada, procurando eternizar tudo no futuro.
Não é que eu queira reviver nenhum passado
Nem revirar um sentimento revirado
Mas toda vez que eu procuro uma saída
Acabo entrando sem querer na tua vida
Gostoso é quando se descobre que existe reciprocidade de sentimento, mas quando a coisa é unilateral, a gente se pega se debatendo, tentando fugir para não sofrer depois e sair muito mal de um sonho vivido só por um dos lados.
Eu procurei qualquer desculpa pra não te encarar
Pra não dizer de novo e sempre a mesma coisa
Falar só por falar
Desculpas não vão adiantar sua vida quando elas representam apenas formas de fugas.
Que eu já não tô nem aí pra essa conversa
Que a história de nós dois não me interessa…
Se eu tento esconder meias-verdades
No amor, tudo é por inteiro. Não adiante meias-verdades, falar só por falar, repetições sem nexo.
Você conhece o meu sorriso
Lê o meu olhar
Meu sorriso é só disfarce
O que eu já nem preciso…
Não dá prá disfarçar quando o que se sente está explícito, transparente. Mascarar o sentimento por meio de um falso sorriso é duro demais.
Aquilo que sentimos fica expresso em nosso rosto, no brilho de nosso olhar, no tom da nossa voz, enfim, todo o corpo fala e traduz nossas emoções, que dão voz ao coração.
Aniversário da Cidade de São Paulo – 457 Anos
Nesta linda homenagem, Caetano Veloso nos ensina com sua música que a identidade cultural é aquilo que aproxima e une os indivíduos, formando a base para que uma pessoa se sinta pertencente a um grupo social, pois não se obtém isto apenas dividindo um espaço comum ou só praticando atividades no meio em que se está inserido. É preciso mais.
E o mergulho de Caetano na cultura paulistana é intenso, passando pela música, pela poesia, pelos movimentos de vanguarda, pela arquitetura, por questões ambientais, políticas e sociais.
Como a se sentir parte do todo, o poeta, inspirado, compôs Sampa, que não é só uma música, ela é um verdadeiro hino, que foi feito de coração para homenagear a capital desta linda terra. É difícil que alguém diga que não sabe cantar sua melodia, com sua letra que diz muito sobre a experiência de um baiano ao chegar de ônibus em São Paulo.
SAMPA – CAETANO VELOSO
Alguma coisa acontece no meu coração
Que só quando cruzo a Ipiranga e a avenida São João
É que quando eu cheguei por aqui eu nada entendi
Da dura poesia concreta de tuas esquinas
Da deselegância discreta de tuas meninas
Ainda não havia para mim Rita Lee
A tua mais completa tradução
Alguma coisa acontece no meu coração
Que só quando cruza a Ipiranga e a avenida São João
Quando eu te encarei frente a frente não vi o meu rosto
Chamei de mau gosto o que vi, de mau gosto, mau gosto
É que Narciso acha feio o que não é espelho
E a mente apavora o que ainda não é mesmo velho
Nada do que não era antes quando não somos mutantes
E foste um difícil começo
Afasto o que não conheço
E quem vende outro sonho feliz de cidade
Aprende depressa a chamar-te de realidade
Porque és o avesso do avesso do avesso do avesso
Do povo oprimido nas filas, nas vilas, favelas
Da força da grana que ergue e destrói coisas belas
Da feia fumaça que sobe, apagando as estrelas
Eu vejo surgir teus poetas de campos, espaços
Tuas oficinas de florestas, teus deuses da chuva
Pan-Américas de Áfricas utópicas, túmulo do samba
Mais possível novo quilombo de Zumbi
E os novos baianos passeiam na tua garoa
E novos baianos te podem curtir numa boa
ANÁLISE DA LETRA DA MÚSICA “SAMPA”
Alguma coisa acontece no meu coração
Enquanto Vinicius de Morais provocava os amigos, ao dizer que São Paulo era o túmulo do samba, Caetano iniciou sua linda homenagem à cidade de maior força econômica brasileira, enaltecendo seus mitos e seus símbolos. Ele começou SAMPA fazendo uma paráfrase musical de RONDA, do poeta e compositor Paulo Vanzolini (Ronda, que foi lindamente interpretada por Maria Betânia, irmã do poeta e cantor baiano).
Prova disso é que quando João Gilberto toca Sampa, ele sempre inicia com o último verso da criação inesquecível de Vanzolini: “Cenas de sangue num bar na avenida São João”, que musicalmente casa com perfeição com “Alguma coisa acontece no meu coração”. Durante a música, Caetano retomou esse artifício melódico para deixar claro que não foi uma construção feita por mero acaso.
Que só quando cruzo a Ipiranga e a avenida São João
E Caetano nem desconfiava que naquele momento, em 1965, estaria imortalizando o mais famoso cruzamento do Brasil: a Ipiranga com a São João. Ali ele desceu, vindo da cidade maravilhosa, cheia de praias, encantos e belezas, apregoados por seu amigo e parceiro Gilberto Gil em Aquele Abraço, antes de seguir para o exílio (nela, Gil homenageia os baianos Dorival Caymmi, João Gilberto e Caetano Veloso).
É que quando eu cheguei por aqui eu nada entendi
Ele, que havia se acostumado com o Rio de Janeiro e sua descontração, pisou na selva de concreto, como era conhecida, e ficou chocado com o que via, pois ali não daria para viver “sem lenço e sem documento”, mas teria que acompanhar o ritmo frenético paulistano, com sua diversidade cultural e sua vida noturna encantadora.
Da dura poesia concreta de tuas esquinas
Da deselegância discreta de tuas meninas
Caetano, numa sacada genial, associa o Movimento Poético do Concretismo com as esquinas de São Paulo, uma clara referência aos poetas paulistas Augusto e Haroldo de Campos. Naquela época ainda não havia o São Paulo Fashion Week, e o Rio é que ditava a moda, embora a endumentária de um dos pais do Tropicalismo fosse de uma extravagência sem medidas, o que atraía risinhos discretos daquelas meninas que passavam bem perto dele. Meninas que não eram bem o estereótico da Garota de Ipanema (composição de Vinicius de Moraes de 1962), que quando caminhava, cheia de graça, gingava num doce balanço a caminho do mar e não a caminho do trabalho, como era o caso das paulistanas, em suas roupas de escritório.
Ainda não havia para mim Rita Lee
A tua mais completa tradução
Alguma coisa acontece no meu coração
Que só quando cruza a Ipiranga e a avenida São João
No afã de ressaltar os valores da terra da garoa, o poeta apresenta para o Brasil aquela que ainda não era tão badalada, mas que logo se consagraria como a rainha do rock, a cantora e compositora Rita Lee, líder da banda Os Mutantes (em companhia de Arnaldo Baptista e Sérgio Dias). Com o tempo, como a vaticinar a profecia de Caetano, a roqueira foi considerada a maior tradução daquilo que é São Paulo.
Quando eu te encarei frente a frente não vi o meu rosto
Chamei de mau gosto o que vi, de mau gosto, mau gosto
Há muitas rivalidades entre o Rio e São Paulo, mas, deixando o bairrismo de lado, e toda a violência, o Rio de Janeiro continua lindo. Sempre foi e dificilmente deixará de sê-lo. Com tantas imagens dos recortes mágicos daquele belíssimo litoral, o baiano se assustou com tantos prédios e tanta modernidade de suas linhas arquitetônicas.
É que Narciso acha feio o que não é espelho
E a mente apavora o que ainda não é mesmo velho
Nada do que não era antes quando não somos mutantes
E o lado narcisista de Caetano aflorou, pois ali não enxergou a beleza que nele refletia, através do seu espelho interior. Tudo que vem de encontro ao que você pensa e de como vê o mundo, choca, causando impactos, deixando a sensação de expectativa frustada. Ele desejaria ser mutante para rapidamente transformar o impacto primeiro e o pavor causado em sua mente.
E foste um difícil começo
Afasto o que não conheço
E quem vende outro sonho feliz de cidade
Aprende depressa a chamar-te de realidade
Porque és o avesso do avesso do avesso do avesso
São Paulo é assim: você se assusta no começo, mas depois se apaixona e não consegue mais sair de suas entranhas. Caetano, que vinha de um sonho “feliz cidade”, isto é, de um sonho chamado felicidade,aprendeu depressa que aquele novo mundo era a própria realidade. Não um viver de ficção, mas a cara de um Brasil que luta para tornar esta nação maior.
Porque São Paulo é o próprio avesso de outras realidades brasileiras. Na letra, ao falar do “avesso”, na verdade Caetano dialoga com o poeta paulista Décio Pignatari, que fundou com Augusto e Haroldo de Campos o movimento estético do Concretismo, que punha ênfase no avesso das formas e brincava com a estética dos versos e das palavras.
Do povo oprimido nas filas, nas vilas, favelas
Como megalópolis, São Paulo vive formando filas, para pôr ordem na casa, senão tudo se transforma em caos urbano. O paulistano adora suas “vilas”, que são os chamados bairros em outras capitais. A própria capital paulista se chamava Vila de São Paulo, da mesma forma hoje muitos “points” se encontram nas suas famosas vilas, espalhadas nas áreas nobres e também nas menos favorecidas. Como o Rio de Janeiro, São Paulo também possui suas favelas, onde vivem aqueles de menor renda aquisitiva, mas que abrigam a mão de obra que move a maior economia da América do Sul. Tudo isso não passou despercebido por Caetano Veloso, que descreveu em pormenores sua musa, que não dista daquilo que ela é ainda hoje.
Da força da grana que ergue e destrói coisas belas
O crescimento sustentável é o sonho dos ambientalistas e crescer sem causar impactos é uma meta a ser alcançada por aqueles empresários que não apenas desejam o enriquecimento, mas buscam também a manutenção do ecossistema existente em suas áreas de atuação, procurando manter as coisas belas, sem destruir completamente a natureza. Aqui a gente percebe já naquela época a preocupação de Caetano com as causas ambientais.
Da feia fumaça que sobe, apagando as estrelas
Para Caetano, apagar as estrelas com a fuligem da fumaça é como roubar do poeta sua fonte de inspiração.
Eu vejo surgir teus poetas de campos, espaços
Mais uma referência aos poetas e irmãos Augusto e Haroldo de Campos, construtores de versos poéticos que brincavam com os espaços, sem a preocupação da rima ou da musicalidade, mas sim da forma.
Tuas oficinas de florestas, teus deuses da chuva
Uma clara homenagem ao teatro paulistano que fazia “Oficinas de Florestas” nas mãos do diretor José Celso Martinez Corrêa. Já “deuses da chuva” é uma referência clara à obra do seu amigo e poeta Jorge Mautner, que escreveu “Deuses da Chuva e da Morte” (Editora Martins – 1962).
Pan-Américas de Áfricas utópicas, túmulo do samba
Mais possível novo quilombo de Zumbi
E os novos baianos passeiam na tua garoa
E novos baianos te podem curtir numa boa
Aqui no final, o poeta enaltece os Novos Baianos, que era composto, entre outros, por Moraes Moreira, Pepeu Gomes de Baby. Usa o nome do grupo para se referir a todos aqueles que vêm para São Paulo em busca de melhores oportunidades de vida.
São Paulo é um misto de raças, de nacionalidade e de culturas. Um “pan” (conjunto, reunião) das pessoas que vêm do Sul e do Norte e de todo lugar, como também dos países vizinhos, em busca de sonhos utópicos que muitas vezes são obrigados a sepultá-los frente à dura realidade. E aquilo que parecia sonho se torna uma prisão, um “novo quilombo de Zumbi”, fazendo-os prisioneiros, vivendo atrelados aos grilhões em filas, vilas e favelas.
MILTON NASCIMENTO
Bituca, mesmo sendo carioca de nascimento, sempre se considerou mineiro de coração. Isto porque foi em Minas que ele se encheu de amor, de amigos e de musicalidade.
Depois que o menino cresceu, concedeu-nos muitas pérolas musicais. E foram tantas que se esparramaram pelos clubes e esquinas do Brasil inteiro.
Hoje seus fãs estão espalhados por todo o mundo, e cada tema musical faz seu repertório ser mais especial ainda. Músicas como Nos Bailes da Vida, Canção da América, Travessia, Coração de Estudante, Maria Maria e muitas outras fazem com que seus shows sejam únicos.
Mas tem uma que para mim é muito doce, por remeter ao mundo mais gostoso que todos nós vivemos – a infância!
Bola de Meia, Bola de Gude
Há um menino
Há um moleque
Morando sempre no meu coração
Toda vez que o adulto balança
Ele vem pra me dar a mão
Há um passado no meu presente
Um sol bem quente lá no meu quintal
Toda vez que a bruxa me assombra
O menino me dá a mão
E me fala de coisas bonitas
Que eu acredito
Que não deixarão de existir
Amizade, palavra, respeito
Carater, bondade alegria e amor
Pois não posso
Não devo
Não quero
Viver como toda essa gente
Insiste em viver
E não posso aceitar sossegado
Qualquer sacanagem ser coisa normal
Bola de meia, bola de gude
O solidário não quer solidão
Toda vez que a tristeza me alcança
O menino me dá a mão
Há um menino
Há um moleque
Morando sempre no meu coração
Toda vez que o adulto fraqueja
Ele vem pra me dar a mão
O mundo é hoje um quadro feio de se ver e difícil de ser vivido. Ele é selvagem, cheio de drogas e violências. Suas redes sujas violam o direito à vida, usurpam o espaço da mulher e invadem o universo mágico e inocente das crianças e dos adolescentes.
Na ânsia por competitividade, perde-se a ética, a moral e os bons costumes. Por dinheiro, mata-se e morre-se, sem peso na consciência, pois ela já foi cauterizada, perdendo a sensibilidade.
Quando Milton Nascimento recorre ao menino, ao moleque, morando sempre no meu coração, ele nos incita a fazer este resgate nos porões da nossa mente, trazendo de volta a inocência, a pureza, o lado doce de ser criança, que jaz adormecido, mas não morto, dentro da gente, no nosso coração. Fazendo assim nos lembrar daquele mundo colorido, local onde somos permanentemente pessoas boas e agimos sem segundas intenções ou propósitos desleais.
Toda vez que o adulto balança (ou fraqueja), ele vem me dar a mão.
Muito adultos são formados para ser algo que muitas vezes não querem ser, por isso se tornam infelizes. Atingir a grandeza de ser um homem exige carregar consigo esta criança, este lado pueril, para que não sejamos tão duros, mas amorosos com o outro e complacentes com aqueles que pedem sua ajuda. E, se mesmo assim você algum dia balançar, esse menino estará sempre ali para te dar a mão, como um socorro transdimensional.
Há um passado no meu presente
Um sol bem quente lá no meu quintal
Toda vez que a bruxa me assombra
O menino me dá a mão
Reviva mais e sempre os bons momentos vividos na sua infância, traga com você sempre este passado gostoso para seus dias. Eles serão importantes para lidar com os companheiros de trabalho, com sua esposa e filhos. Lembre-se que no quintal da sua casa você brincava de soltar pipa e disparava atrás de uma bola de meia, das bolas de gude e das muitas outras brincadeiras infantis.
Com tais recordações carinhosas da meninice, nada poderá nos assustar, nem mesmo a bruxa mais assombrosa que possa aparecer, como a da incerteza, da dúvida, da solidão. Nessa hora, agarre-se a esse menino, e tudo voará para longe.
E me fala de coisas bonitas
Que eu acredito
Que não deixarão de existir
Amizade, palavra, respeito.
Carater, bondade, alegria e amor.
A base que recebemos de nossos pais carregamos para sempre conosco. E ela passa a ser a nossa referência , apontando-nos o caminho correto a seguir. Tais ensinamentos são recheados de bons conceitos e é nisso que passamos a acreditar. Com o dever de primar para que sempre permaneçam como o esteio da sociedade que vivemos.
No seio da família e no círculo que fomos criados e crescemos, aprendemos a valorizar sentimentos de amizade e lealdade; passamos a dar valor à palavra, sem tomá-la de forma leviana; ter respeito e sermos respeitados. Tudo entra na formação do nosso caráter. Quem transfere estes bens valiosos para seu filho, concede-lhe o maior tesouro. Com tal lapidação, com certeza ele será feliz e amará com todo seu coração e será de uma bondade imensa, pois o solidário não quer solidão. Quem quer estar sozinho, buscamos companhia, pois o outro nos complementa.
Pois não posso
Não devo
Não quero
Viver como toda essa gente
Insiste em viver
E não posso aceitar sossegado
Qualquer sacanagem ser coisa normal
Quem se contenta com a maldade, e com o curso errôneo por que envereda muita gente, compactua com ela. Devemos saber dizer não ao que não presta. Saber até onde devemos ir e ter forças para recusar algumas propostas que se apresentam, sem medo de ser careta ou ser tachado de bobão. Não podemos aceitar numa boa as muitas sacanagens que aprontam por aí como se isso fosse o normal. Mesmo diante de um programa muito visto na TV, devemos refletir se aquilo traz algo de bom para você e sua família. Reflita sempre sobre o que cada coisa pode acrescentar na sua bagagem cultural e moral, senão descarte o lixo eletrônico ou televiso que a mídia insiste em empurrar goela a baixo para você e sua família.
Bola de meia, bola de gude
O solidário não quer solidão
Toda vez que a tristeza me alcança
O menino me dá a mão
Há um menino
Há um moleque
Morando sempre no meu coração
Toda vez que o adulto fraqueja
Ele vem pra me dar a mão
Quer diversão mais barata do que aquela vivida e tocada com uma bola de meia ou com bolinhas de gude! Quem não pode comprar uma bola de borracha ou de couro, constrói uma com meias velhas, com enchimento de retalhos de roupas, mas não deixa de desfrutar desse momento mágico, no qual a bola é uma presença constante. A bola de gude também é recorrência entre a meninada, principalmente da periferia, que não tem dinheiro para jogos eletrônicos e computadores sofisticados. Com pouco, vive-se feliz, afastando qualquer tipo de tristeza.
Autor: José Maria Cavalcanti
JOÃO BOSCO E ALDIR BLANC
Vinicius fez grandes parcerias com Tom Jobim, João Gilberto, Chico Buarque, Baden Powell e Carlos Lyra, resultando em grandes sucessos musicais. Cartola tinha Carlos Cachaça, Caetano tinha Gil, Cazuza tinha Frejat e muitas foram as parcerias que enriqueceram a Música Popular Brasileira. Mas um dos mais bem sucedidos encontros se deu, em 1970, entre o mineiro, João Bosco, que era o responsável pela melodia, com o carioca, Aldir Blanc, o qual compunha as letras.
Eles foram lançados por ninguém menos que a famosa Elis, durante o governo militar, iniciado em 1964 e terminado em 1985. Juntos compuseram grandes sucessos para a MPB, como Bala com Bala, Mestre-Sala dos Mares, Dois prá lá, dois prá cá e O Rancho da Goiabada, entre vários outros sucessos.
Sem dúvida a maior marca deles foi o Bêbado e a Equilibrista, lançada em 1979, que recebeu uma interpretação inesquecível de uma das maiores vozes que nossa música já teve: Elis Regina.
O BÊBADO E A EQUILIBRISTA
Elis Regina – O Bêbado e a Equilibrista (clipe)
O Bêbado e A Equilibrista
Letra : Aldir Blanc Música: João Bosco
Interpretada por Elis Regina
Caía a tarde feito um viaduto
E um bêbado trajando luto
Me lembrou Carlitos…
A lua
Tal qual a dona do bordel
Pedia a cada estrela fria
Um brilho de aluguel
E nuvens!
Lá no mata-borrão do céu
Chupavam manchas torturadas
Que sufoco!
Louco!
O bêbado com chapéu-coco
Fazia irreverências mil
Prá noite do Brasil.
Meu Brasil!…
Que sonha com a volta
Do irmão do Henfil.
Com tanta gente que partiu
Num rabo de foguete
Chora!
A nossa Pátria
Mãe gentil
Choram Marias
E Clarisses
No solo do Brasil…
Mas sei, que uma dor
Assim pungente
Não há de ser inutilmente
A esperança…
Dança na corda bamba
De sombrinha
E em cada passo
Dessa linha
Pode se machucar…
Azar!
A esperança equilibrista
Sabe que o show
De todo artista
Tem que continuar…
Análise da Letra da Música O Bêbado e a Equilibrista
Caía a tarde feito um viaduto
E um bêbado trajando luto
Me lembrou Carlitos…
Certamente muito impressionou a mente do psiquiatra, Aldir Blanc, a queda repentina dos 122 metros do elevado da Av. Paulo de Frotin, matando 28 pessoas naquela tarde carioca de 1971.
Em março de 1964, havia se instalado no Brasil uma nova forma de governo, com a mesma marca do inesperado, causando impactos sociais para todos os lados.
Como toda matéria a ser publicada passava por uma revisão, entrou nessa música o talento de Aldir, ao falar de uma maneira codificada sua mensagem de protesto. Cada palavra ganhou significado novo, sem perder a beleza e a musicalidade. Por isso esta música até hoje é lembrada em manifestações populares.
Desde o cinema mudo, Charles Chaplin encarnou a figura do palhaço, cheio de sonhos e idealismo. Vivendo a personagem do bêbado, ele passa, como marca maior, a irreverência, que caracteriza o artista.
Aldir Blanc começa sua música naquela noite enlutada, após o rápido cair de tarde daquele dia de 1971. Ali a população carioca lamentou a dor da perda dos seus mortos. Da mesma forma, os novos rumos do país foram comparados a uma longa noite de vinte anos, onde todos viviam na corda bamba, tateando no escuro cada passo a ser dado, correndo o risco de cair a qualquer momento.
A lua
Tal qual a dona do bordel
Pedia a cada estrela fria
Um brilho de aluguel
Apontaram alguns especialistas a Rede Globo como a figura da lua, que compactuava com o poder, representado pelas estrelas.
Eu prefiro dizer que a lua apontava com sua luz o caminho a ser percorrido. Ela iluminava o palco, como um holofote gigantesco, fazendo o povo enxergar o fino fio de esperança que estava sob seus pés.
Enquanto o povo seguia o caminho árido, tal qual a provação sofrida pelo povo de Israel no deserto, eles tinham à noite aquele clarão a iluminar o percurso. Nos dois casos, era como um sinal de que Deus não havia se esquecido deles.
Como a mulher, a lua não é indiferente como as estrelas frias, ela tem fases. Enfeita-se no céu para tornar a noite mais interessante, aliviando a sensação lúgubre que ela passa. Se necessário for, ela fará de tudo para fazer a noite mais bonita, inclusive pedindo por empréstimo um pouco mais de luz às estrelas.
E nuvens!
Lá no mata-borrão do céu
Chupavam manchas torturadas
Que sufoco!
Louco!
O bêbado com chapéu-coco
Fazia irreverências mil
Prá noite do Brasil.
Meu Brasil!…
No deserto havia também uma nuvem que acompanhava o povo sofrido. Lá no Sinai, servia para fazer sombra, mas aqui é utilizada como mata-borrão, suprimindo os excessos da tinta derramada. Enquanto isso, os mais irreverentes, sem medir consequências, faziam graça na tentativa de arrancar um riso.
Que sonha com a volta
Do irmão do Henfil.
Com tanta gente que partiu
Num rabo de foguete
Chora!
A nossa Pátria
Mãe gentil
Choram Marias
E Clarisses
No solo do Brasil…
Betinho partiu para sempre, mas não foi daquela vez, na qual era chorado por sua esposa Maria, junto com Clarice. Sonhavam que seus maridos regressariam um dia para viver de novo no solo brasileiro.
Mas sei que uma dor
Assim pungente
Não há de ser inutilmente
A esperança…
De novo a esperança, representada pela lua, conclamava para que todos continuassem perseverantes, pois, no fim, tudo teria valido a pena.
Dança na corda bamba
De sombrinha
E em cada passo
Dessa linha
Pode se machucar…
Enquanto se espera, enche-se de esperança e, mesmo que às vezes haja esmorecimento, fazendo bambear na corda bamba, depois o equilíbrio é recobrado. A sombrinha colorida é como o arco-íris – um sinal celestial de uma aliança com o divino.
Azar!
A esperança equilibrista
Sabe que o show
De todo artista
Tem que continuar…
A mensagem dos artistas mudou de roupagem, exigindo escaramuças e subterfúgios para enfrentar aqueles tempos de maior rigor, mas não deixou de ser passada como um manifesto, diante do controle necessário para coibir os avanços ideológicos divergentes.
AQUILO QUE DÁ NO CORAÇÃO
Osvaldo Lenine Macedo Pimentel, 52 anos, começou a ser reconhecido quando teve seu som gravado por Elba Ramalho, após muitos anos vividos no Rio de Janeiro, em contato com muitos músicos e cantores. Depois vieram Fernanda Abreu, O Rappa, Milton Nascimento, Maria Rita, Maria Bethânia e outros nomes de peso da MPB. Trabalhou como arranjador em seriado da Globo e fez outros trabalhos como músico e produtor. Ele já arrebatou dois Grammy Latino.
Aquilo Que Dá No Coração
Aquilo que dá no coração
E nos joga nessa sinuca
Que faz perder o ar e a razão
E arrepia o pelo da nuca
Aquilo reage em cadeia
Incendeia o corpo inteiro
Faísca, risca, trisca, arrodeia
Dispara o rito certeiro
Avassalador
Chega sem avisar
Toma de assalto, atropela
Vela de incendiar
Arrebatador
Vem de qualquer lugar
Chega, nem pede licença
Avança sem ponderar
Aquilo bate, ilumina
Invade a retina
Retém no olhar
O lance que laça na hora
Aqui e agora,
Futuro não há
Aquilo se pega de jeito
Te dá um sacode
Pra lá de além
O mundo muda, estremece
O caos acontece
Não poupa ninguém
Avassalador…
Avassalador
Chega sem avisar
Arrebatador
Vem de qualquer lugar
Aquilo que dá no coração
Que faz perder o ar e a razão
Aquilo reage em cadeia
Incendeia
O grande sucesso da Rede Globo PASSIONE tinha como vinheta mais um sucesso do nosso poeta pernambucano Lenine. Logo que a música tocava, era certo que viriam as cenas de amor e de paixão arrebatadora.
A música intitulada “Aquilo que dá no coração” fala por si só.
O poeta derrama seu néctar já quando dá nome ao tema.
Ele fala do coração como uma terra fértil, irrigada e pronta para fluir sua energia vital: o amor.
E quando a semente amorosa se instala, rapidinho cresce e acontece. Ninguém sabe explicar. De repente, como um passe de mágica, ela deixa a pessoa sem ar e sem razão, numa sinuca difícil (de bico), a qual exige-se arte e malabarismo para escapar do seu laço.
Quando se está enfeitiçado pelo amor, arrepia a pele, os pelos do corpo, inclusive o pelo da nuca, e todos os sistemas do nosso corpo interagem, provocando o acelerar e palpitar do coração, fazendo o amante ou o apaixonado falar sozinho e viver aos sussurros.
E essa energia gostosa é um poderoso combustível, que frente ao menor indício de fogo (faísca), incendeia todo o corpo, num risca e trisca interminável. Vai tomando conta de tudo, arrodeiando e movendo os sentidos, fazendo todo o ser entrar em transe, que descamba no rito certeiro.
O ritual do amor é de conhecimento universal. É aquilo que une e dá liga aos que amam, fundindo-os em uma só pessoa.
Aquilo que dá no coração
E nos joga nessa sinuca
Que faz perder o ar e a razão
E arrepia o pelo da nuca
Aquilo reage em cadeia
Incendeia o corpo inteiro
Faísca, risca, trisca, arrodeia
Dispara o rito certeiro
Nos tempos medievais, o vassalo era aquele que se deixava subjugar pelo seu senhor, colocando-se numa posição de submissão. O poeta Lenine compara a força desse amor com aquela que o patrão exercia sobre seu servo, vivendo apenas para cumprir o ordenamento superior.
Arrebatador, impulso maior que nos arranca do solo, abduzindo o ser amado para outra dimensão. Movido pela paixão, sente-se o corpo ser tomado num repente, de fazer perder a cabeça.
Vem de qualquer lugar, não importando o status social ou a origem. Chega sem avisar, atropelando, sem pedir licença e avança sem pensar.
Este amor não quer somente iluminar, que é a função da vela, mas deseja mais, quer dissipar todas as trevas interiores, fazendo uma fogueira para queimar o peito, provocando uma poderosa combustão.
O pernambucano, com seus versos, conversa com outro famoso poeta, Luís de Camões: “O amor é fogo que arde sem se ver! … É querer estar preso por vontade.”
Avassalador
Chega sem avisar
Toma de assalto, atropela
Vela de incendiar
Arrebatador
Vem de qualquer lugar
Chega, nem pede licença
Avança sem ponderar
Este fogo do amor é iluminador, lançando chama pelos olhos. Todo mundo percebe porque não se pode esconder tal intenso brilho de olhar, que parece anunciar com luzes de neon o sentimento que jorra do coração.
E tudo se dá de momento. Um clique de olhar e pronto. A pessoa é imediatamente capturada pela magia do amor. A partir daí, ninguém pensa no futuro ou no passado, só se quer viver o presente. E esse desejo é tão forte que mexe loucamente, sacudindo rotinas, levando a pessoa a fazer o inusitado. O mundo vira de ponta cabeça, estremecendo os alicerces daqueles que amam ou estão movidos pela paixão.
Aquilo bate, ilumina
Invade a retina
Retém no olhar
O lance que laça na hora
Aqui e agora,
Futuro não há
Aquilo se pega de jeito
Te dá um sacode
Pra lá de além
O mundo muda, estremece
O caos acontece
Não poupa ninguém
O poeta Lenine, com um envolvendo ritmo, faz-nos viajar pelos caminhos do amor, descrevendo-o com felizes metáforas esta impetuosa força, avassaladora e arrebatadora, que de repente se instala no coração. Tal fogo, que atropela e não poupa ninguém, faz perder o nexo, conduzindo ao ápice do prazer os enamorados, no seu indescritível ritual.
Avassalador
Chega sem avisar
Arrebatador
Vem de qualquer lugar
Aquilo que dá no coração
Que faz perder o ar e a razão
Aquilo reage em cadeia
Incendeia
O GARÇOM DO REI
Nós temos o privilégio de ter na MPB quatro reis: Roberto Carlos – nosso eterno rei da música romântica; Raul Seixas – o rei do rock (temos também Rita Lee – a rainha do rock); Luís Gonzaga – o rei do baião; e temos o rei do brega: Reginaldo Rossi.
Ele já ganhou 14 discos de ouro, 02 de platina (mais um de platina duplo) e 01 disco de diamante. Na sua carreira, gravou na Chantecler, CBS, EMI, Polydisc, Sony Music, Continental, Records, dentre outras. É adorado por todas as classes sociais, lotando as casas por onde passa. Faz 25 shows por mês, já havendo superlotado vários lugares famosos, como o Metropolitan – RJ e Olímpia – SP. Com mais de 45 anos de trabalho, já emplacou vários sucessos, tais como O Pão, Deixa de Banca, Tô Doidão, Mon Amour, Meu Bem, Ma Femme, Garçom e A Raposa e as Uvas.
Garçom
Composição : Reginaldo Rossi
Garçom! Aqui!
Nessa mesa de bar
Você já cansou de escutar
Centenas de casos de amor…
Garçom!
No bar todo mundo é igual
Meu caso é mais um, é banal
Mas preste atenção por favor…
Refrão:
Saiba que o meu grande amor
Hoje vai se casar
Mandou uma carta pra me avisar
Deixou em pedaços meu coração…
E pra matar a tristeza
Só mesa de bar
Quero tomar todas
Vou me embriagar
Se eu pegar no sono
Me deite no chão!…
Garçom! Eu sei!
Eu estou enchendo o saco
Mas todo bebum fica chato
Valente, e tem toda a razão…
Garçom! Mas eu!
Eu só quero chorar
Eu vou minha conta pagar
Por isso eu lhe peço atenção…
Saiba que o meu grande amor
Hoje vai se casar
Mandou uma carta pra me avisar
Deixou em pedaços meu coração…
E prá matar a tristeza
Só mesa de bar
Quero tomar todas
Vou me embriagar
Se eu pegar no sono
Me deite no chão!…
Repete o refrão.
O bar funciona com um divã, ambiente de terapia para o cliente, que na verdade é um paciente do garçom amigo. Mesmo estando em lugar público, ele faz desse lugar intrusivo sua catarse, isto é, ali está para desaguar com palavras suas dores e mágoas. Movido pela força etílica, encontra, no ombro do seu atendente, a pessoa amiga que lhe dá atenção.
A bebida, para quem está carente, é um processo de fuga da realidade, daquilo que está massacrando seu dia a dia. Naquele confessionário, a pessoa se liberta, falando sobre o mal que a aflige.
Talvez o ambiente com pouca luz e público não seja o melhor lugar para se fazer uma terapia. Sessão realizada quase sempre em locais fechados e privados, mas é justamente no bar que muitos homens, e agora também inúmeras mulheres, resolvem suas crises, derramando seus corações a um ouvido atencioso e paciente.
No bar, as pessoas se igualam, sem distinção de rico ou pobre. Pagar para sorver uns tragos é muito acessível, e o garçom dá trato igual a todos que acedem a seu ambiente de trabalho, independentemente se a intenção é rir, chorar ou desabafar.
Ser abandonado por um grande amor não é fácil, principalmente sem entender a real motivação, apenas recebendo uma carta de despedida.
Ninguém na verdade deseja ser o protagonista desta história triste de amor, mas já aconteceu milhares de vezes na vida de muitos homens e mulheres pelo mundo afora.
Cenas como esta do contexto da música de Reginaldo Rossi estarão sempre presentes enquanto houver relacionamento humano. Abandonar e ser abandonado faz parte do risco de se apaixonar, e é isso que move os corações.
Análise da música feita por José Maria Cavalcanti
Roberta Miranda também arrasou cantando o maior sucesso do Rei do Brega!
Não deixe de escutar o que pensa Diego Moraes sobre a música brega e sua belíssima interpretação em “ÍDOLOS”!
Luiz Gonzaga – Rei do Baião
A criação imortal de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira completa 64 anos de sucesso. São mais de 500 regravações pelos maiores nomes da MPB e outros artistas internacionais. Aquilo que representou a revalorização da nossa cultura, quando a música estrangeira ocupava quase todos os espaços da nossa mídia, hoje o fenômeno Asa Branca se chama consagração.
Esse choro triste, um baião romântico e arretado de bom, continua embriagando a todos: público e grandes vozes.
Todos no Brasil e grande parte do exterior conhecem esse hino nordestino, esse canto que brota do coração para a alma, causando comoção geral com o infortúnio do homem sofrido do campo.
A nossa inesquecível Elis Regina fez questão de cantar a obra-prima de Gonzaga, na companhia de Hermeto Pascoal, na sua famosíssima passagem por Montreal. Juntos foram aplaudidos de pé pelo arranjo especial que fizeram.
Caetano, quando esteve na França, em 1972, não deixou de reverenciar o Rei do Baião com Asa Branca. E como ela é uma música que fala da sina dos retirantes nordestinos, levou a público uma versão inusitada no seu exílio em Londres.
Toquinho fez um solo impecável em uma apresentação internacional, levando ao povo português a hoje sessentona Asa Branca, para delírio geral. Em outro show, na Suíça, o grande companheiro de Vinícius, também exibiu a pérola do baião, encantando a todos.
E os italianos foram aos aplausos ao escutar a performance de Baden Powell, entoando Asa Branca. O arranjo foi considerado uma grande obra da maestria desse gênio do violão.
Maria Betânia não cansava de lembrar para seus fãs que Asa Branca era a música que mais sua mãe gostava de cantarolar. Depois disso, transmitia todo seu talento e emoção nos versos da linda letra para sua plateia.
O filho do Rei, Gonzaguinha, antes de nos abandonar em 1991, pressentindo como um pássaro o seu fim, cantou pela última vez a música que consagrou seu pai. Após o show na cidade de Pato Branco, no Paraná, ele sofreu um trágico acidente automobilístico, que encerrou de forma repentina sua carreira brilhante.
Além de todos os grupos de forró que tocam Asa Branca, dentre outros cantores famosos, citamos David Byrne e Demis Roussos (em inglês), Geraldo Vandré, Lulu Santos, Fagner, Tom Zé, Hermeto e Sivuca, Dominguinhos, Oswaldinho do Acordeom, Chitãozinho e Chororó, Elba Ramalho, Ricky Vallen, Ney Matogrosso, Gilberto Gil, Quinteto Violado, Zé Ramalho, Cláudia Leite e Raul Seixas (em inglês). Todos eles também emprestaram suas vozes para transmitir toda a força poética dessa música emblemática do Nordeste.
Não é difícil entender o porquê de esta música ser tão prestigiada. Ela conta com riquezas de imagens o que acontece quando o solo não recebe água, ficando esturricado, matando de sede o gado e estancando a esperança do homem do campo, que parte para a cidade grande, na certeza de um dia voltar.
Autor: José Maria Cavalcanti
Asa Branca
Composição: Luiz Gonzaga / Humberto Teixeira
Quando oiei a terra ardendo
Qual a fogueira de São João
Eu preguntei a Deus do céu,ai
Por que tamanha judiação
Que braseiro, que fornaia
Nem um pé de prantação
Por farta d’água perdi meu gado
Morreu de sede meu alazão
Inté mesmo a asa branca
Bateu asas do sertão
“Intonce” eu disse adeus Rosinha
Guarda contigo meu coração
Hoje longe muitas légua
Numa triste solidão
Espero a chuva cair de novo
Pra mim vortar pro meu sertão
Quando o verde dos teus óio
Se espanhar na prantação
Eu te asseguro não chore não, viu
Que eu vortarei, viu
Meu coração
Análise da Música
Quando olhei a terra ardendo/ Qual fogueira de São João/ Eu perguntei, a Deus do céu/ Por que tamanha judiação!
Esta linda canção é uma narrativa feita na linguagem popular, com expressões regionais sendo usadas no discurso poético. Embora exista o distanciamento da norma culta, ela é iniciada com uma figura de linguagem, ao comparar o calor excessivo que assola grande parte das terras do Nordeste com a alta temperatura de uma fogueira, especialmente as grandiosas de São João, que é uma referência à religiosidade do povo. Frente ao infortúnio, o camponês indignado ousa inquirir para seu senhor e Deus qual a razão ou o motivo de tanto castigo e sofrimento.
A fogueira de São João é feita no período junino para homenagear as riquezas providas pela terra, simbolizando a fartura, diferentemente do que ocorre com o imenso queimar figurativo da letra da música.
Na primeira estrofe, os autores tratam do conhecido dilema da seca nordestina. E, como não tendo para quem clamar na esfera terrena, ele se apega àquilo que acredita. Com fé, resolve falar diretamente com o altíssimo, a ver se Ele se compadece daquela triste sina.
Repare no proposital andamento da música, assim como os instrumentos usados para o arranjo, que são predominantemente para passar o clima melodioso e triste para a canção. Este ritmo lento, quase se arrastando, cria um ambiente propício para que o ouvinte se envolva com a temática a ser passada.
Depois de tantas décadas escutando a denúncia passada na letra de Asa Branca, hoje existe um grande projeto para desviar parte das águas do Rio São Francisco para mitigar as agruras por que passa o homem do campo dessa região geográfica. A ideia talvez um dia se torne realidade, saindo definitivamente do papel, por ser motivo de muitas controvérsias. A razão disso é que a solução proposta pelo governo assusta por demais aos que enriquecem a séculos com a indústria da seca.
Que braseiro, que fornalha/ Nem um pé de plantação/ Por falta d´água, perdi meu gado/ Morreu de sede meu alazão.
A riqueza figurativa segue na segunda estrofe. Primeiro o autor usou a simbologia da fogueira, depois braseiro e por fim fornalha, palavras de mesmo valor textual para dar ênfase, com imagens conhecidas, ao fator climático da região semiárida.
A resultante da falta de água é que o nascer, crescer ou frutificar inexiste. Nem adianta o preparo da terra e o plantio, pois o ciclo da produção agrícola naquela faixa de terra é incompleto pela ausência de precipitações pluviométricas, isto é, falta de chuvas. A consequência da ausência de pastos é a morte dos animais por subnutrição. Com a morte do boi, não há como arar a terra; sem a vaca, não leite, manteiga, qualhada e queijo na mesa. Sem o cavalo alazão, como pastorear o rebanho ou como fazer deslocamentos pelas terras, ir à cidade ou à feira. Quer tristeza maior para um homem do campo ficar sem tudo aquilo que o motiva a permanecer atrelado a terra.
Depois de 500 anos de sofrimento, talvez a técnica de gotejamento, já empregada em Israel, EUA e outros países, venha a ser a solução de um problema de muitos séculos. O exemplo da Maísa, fazenda que foi transformada em oásis numa região do semiárido em Mossoró/RN, talvez chegue até outras cidades, resolvendo um problema do descaso, de falta de decisão e comprometimento político.
Até mesmo asa branca/ Bateu asas de sertão/Então eu disse, adeus Rosinha/ Guarda contigo meu coração.
No rico acervo cultural das crendices do povo nordestino, é conhecida como sinal de seca a fuga da Asa Branca. Assim como se acredita que a andorinha voando baixo, o florescimento do murici, o coaxar dos sapos e o canto da cigarra são indícios claros da chegada da chuva.
Quando não existe mais esperança, o homem se vai de sua terra em busca de melhores oportunidades. Ir sozinho muitas vezes é a solução, pois é mais barato e mais fácil. O homem nessas áreas figura com único provedor, diferentemente das cidades, onde as mulheres cada vez mais representam muito na economia doméstica. Por isso, na letra da música, a despedida de Rosinha dá início ao que ocorre com muitos, isto é, o êxodo rural.
Na visão romântica dos autores, a Asa Branca aponta o caminho da sobrevivência: a busca de outro habitat.
Sem políticas para segurar o trabalhador na sua terra, o governo permite a transferência de um problema social do campo para o meio urbano.
Por fim, o apelo ao emocional da sua amada, como um pacto de vida ou morte. Guardar o coração, o órgão vital do ser humano. Isto é como se ele dissesse para ela que apenas o corpo material vai para buscar sobrevivência, mas com ela fica sua alma e todo seu amor. O coração ele deixa com ela como calção, na certeza de que depois voltará para resgatá-lo com sua outra metade.
Hoje longe muitas léguas/Numa triste solidão/Espero a chuva cair de novo/ Pra eu voltar pro meu sertão.
Distante de sua terra, da sua cultura e familiares, o homem se entristece, morrendo de solidão. Aquele sonho de vencer na metrópole fica frustrado quando ele se vê diante de uma dura realidade. Como não possui qualificação para desempenhar outras funções, termina num canteiro de obras, realizando a parte pesada da construção civil. Dá duro dia e noite, descansando à noite em condições precárias num barraco, localizado em áreas de risco da periferia da cidade.
Vivendo um quadro diferente daquilo que sonhou, mantém contato por carta com sua família, na esperança de que as chuvas voltem para poder retornar para seu sertão.
Quando o verde dos teus olhos/ Se espalhar na plantação/ Eu te asseguro, num chore não, viu?/ Que eu voltarei, viu, meu coração.
Outra figura linda. O verde da esperança é também a cor dos olhos da amada Rosinha. Olhos que darão vazão a um montão de lágrimas e serão tantas que irão dar viço a terra, fazendo-a novamente verdejar.
A vegetação do Sertão é chamada de caatinga, que na língua indígena significa mata de um branco acinzentado, apresentado na coloração dos galhos e folhas secas. Quando chegam as primeiras chuvas, árvores, cactos e arbustos, tudo reverdece. O solo descansado, tendo água na sua superfície, em combinação com forte luminosidade, a tudo dá vida, e nisso o verde enche os olhos, promovendo o rebrotar.
Autor: José Maria Cavalcanti
HOMENAGEM A LUIZ GONZAGA – O REI DO BAIÃO
GONZAGUINHA – DA REBELDIA AO CORAÇÃO
Ele poderia viver à sombra gigantesca do pai, mas demonstrou sua personalidade forte ao trilhar seu próprio caminho e assim ocupou um lugar entre as grandes estrelas da MPB.
Começou nos festivais de música dos anos 60, compondo músicas de protesto. Somente em 1973 conseguiu gravar seu primeiro disco pela EMI-Odeon, ainda compondo temas contundentes e irônicos.
A contar de 1982, com o álbum “Caminhos do Coração”, ele ficou mais leve, deixando ceder sua entranhada militância social para dar lugar às coisas do coração. A música “O que é, o que é” passou a ser o carro-chefe do seu repertório, abrindo um espaço maior para sua consagração entre seu fãs.
Com letras que tocam a alma feminina, Gonzaguinha em vida foi presenteado com grandes interpretações das melhores cantoras de nossa música. Ele humildemente sempre se considerou como um bom intérprete de suas composições e não um cantor.
Cantora Simone
Sangrando
Gonzaguinha
Composição: Gonzaguinha
Quando eu soltar a minha voz
Por favor entenda
Que palavra por palavra
Eis aqui uma pessoa se entregando
Coração na boca
Peito aberto
Vou sangrando
São as lutas dessa nossa vida
Que eu estou cantando
Quando eu abrir minha garganta
Essa força tanta
Tudo que você ouvir
Esteja certa
Que estarei vivendo
Veja o brilho dos meus olhos
E o tremor nas minhas mãos
E o meu corpo tão suado
Transbordando toda a raça e emoção
E se eu chorar
E o sal molhar o meu sorriso
Não se espante, cante
Que o teu canto é a minha força
Pra cantar
Quando eu soltar a minha voz
Por favor, entenda
É apenas o meu jeito de viver
O que é amar
Análise da música
É certo que com o silêncio é possível se comunicar, mas sem dúvida soltar a voz ainda é a mais poderosa ferramenta de expressão de que se vale todo ser humano, ainda mais quando se está enamorado. Sempre será a melhor maneira de dizer o que se sente na alma, com toda a força do verbo.
Existe o velho ditado que diz: “A boca fala daquilo que o coração está cheio”. Isto é a mais pura verdade. Quando expressamos nossos pensamentos, estamos na verdade nos entregando, compartilhando com quem ouve nossos sentimentos mais íntimos.
A verbalização do que se passa na nossa cabeça é mais intensa por meio da voz. É com ela que se toca o coração de quem se ama; do mesmo modo, ela é também muito eficaz como elemento do discurso para falar de nossas lutas e para incitar uma multidão.
Às vezes tais emoções são tão fortes que são capazes de nos fazer sangrar.
Para se ter ideia dessa força que dispomos, quando uma oração é elevada com a suprema fé, do corpo da pessoa pode verter gotas de sangue pelos poros. Todos conhecem os efeitos do poder da palavra quando abrimos nossa boca para interceder a Deus. Se com pensamentos positivos já transformamos tudo a nossa volta, com o poder da palavra mobilizamos todo o Universo para que nossos desejos se realizem.
Não importando a forma de externar o que se sente, sabemos que essa força grande não pode ser contida no frágil corpo, vindo inevitavelmente a transbordar sob a forma de discursos falados ou musicados.
Melhor ainda se esse gritar do coração puder ser musical. É um recurso a mais a tocar as sensações do outro. Ninguém resistirá à intensidade desse assédio sentimental: palavra, canto e a música, tudo a serviço do amor!
Sabemos que quando o mais belo dos sentimentos nasce dentro da gente, ele é minúsculo. Aos pouquinhos ele vai crescendo e permeando cada célula do nosso corpo, até não podermos mais represá-lo. E fica tão grande a ponto de causar o intenso brilho no olhar, fulgor intenso na pele da face, iluminando mais e mais o rosto de quem está embriagado de amor.
O sentimento aflora, diante da força incontrolável dessa corrente. E tudo salta de dentro de você, numa explosão inevitável.
Depois o que se sente é uma sensação de alívio, expressa no sorriso molhado do sal das lágrimas.
É tremendo sentir tão intensamente a ponto de suar sangue e chorar para lavar as faces, inundando a indisfarçável alegria.
Pode até causar espanto, mas é apenas o jeito que alguns amantes têm de se expressar. Gritar o amor por meio do seu canto.
Diante do verdadeiro amor, os amantes se rendem. E quem resiste a uma declaração de amor, falada e cantada aos quatro cantos, numa explosão de emoção tão forte que provoca suor, sangue e choro.
Autoria de José Maria Cavalcanti
Notícia da morte com retrospecto da carreira do ídolo.
AQUARELA
Letra de Vinícius de Moraes
Música de Antônio Carlos Pecci (Toquinho)
Acho que se as letras do livro de poesia do Vinicius, Arca de Noé, não tivessem sido musicadas por Toquinho, elas fariam parte de apenas mais um bom livro voltado para as crianças.
Estimulado pelo parceiro poeta, Toquinho criou verdadeiras pérolas musicais que há muitos anos vêm embalando gerações.
Uma das que mais me impressiona é esta. A letra é impecável e a música perfeita. É uma obra-prima, saída da genialidade desse músico incrível.
Com a péssima qualidade de muitas músicas do cenário musical brasileiro, o acervo de Arca de Noé e Arca de Noé II é um verdadeiro presente para os educadores, que realizam com este material trabalhos psicopedagógicos maravilhosos com o público infantil.
Com tantas crianças vivendo em cenários cruéis e de muita miséria, a linda letra e bela música fazem com que elas possam sonhar, imaginar e esquecer um pouco dos seus ais.
Até hoje, Aquarela resgata em muitos adultos a criança que está em cada um de nós.
Aquarela foi gravada em Italiano e em Espanhol, fazendo também muito sucesso nos dois países e em tantos outros países que falam esses idiomas.
Aos 23 anos, Toquinho já acompanhava Chico Buarque nos seus shows pela Itália. Em 1970, compôs com Jorge Benjor o sucesso “Que Maravilha” e, no mesmo ano, segue com Vinícius para Buenos Aires, começando uma parceria que durou muitos anos, resultando daí 120 canções, 25 discos e mais de mil espetáculos. Aquarela é um grande destaque desta famosa dupla.
Análise da Letra da Música
Numa folha qualquer
Eu desenho um sol amarelo
E com cinco ou seis retas
É fácil fazer um castelo…
Não precisa ser uma folha especial, papel de seda ou algo do tipo. Pode ser papel de pão, num papelão ou mesmo no piso do chão. Qualquer lugar é perfeito para se desenhar. Já no primeiro verso, o poeta não dita normas, mas dá liberdade de expressão às crianças.
Quem nunca desenhou um sol amarelo, motivado pela letra desta música ou que não tenha feito um castelo com alguns pares de retas. É mais fácil que construir as fortalezas medievais com a areia da praia.
A letra e a melodia de Aquarela nos fazem viajar para dias ensolarados e bonitos, como daqueles vistos nas belas histórias infantis de Charles Dickens, Irmãos Grimm, Andersen, Charles Perrault, Carroll, entre outros.
Corro o lápis em torno
Da mão e me dou uma luva
E se faço chover
Com dois riscos
Tenho um guarda-chuva…
Como num passe de mágica, contornando os dedos da mão com o lápis, surge fácil uma perfeita luva. E o poeta vai brincando e fazendo imaginar quão gostoso é se perder nesse universo infantil, no mundo de faz de conta.
Muitas atividades escolares são realizadas a partir desta letra e música. Usando lápis, giz colorido ou tintas, as crianças se divertem e dão asas para a criatividade.
Se um pinguinho de tinta
Cai num pedacinho
Azul do papel
Num instante imagino
Uma linda gaivota
A voar no céu…
E, se de repente, algo de errado possa acontecer, não tem problema, transforma-se o pequeno descuido num lindo pássaro a voar no céu. Como um artista, dando formas inesperadas na sua tela. Talvez seja o poeta a instigar nas crianças o surgimento de novos Monet, Renoir, Picasso ou um Di Cavalcanti.
Vai voando
Contornando a imensa
Curva Norte e Sul
Vou com ela
Viajando Havaí
Pequim ou Istambul
Pinto um barco a vela
Branco navegando
É tanto céu e mar
Num beijo azul…
Neste mundo de ficção não há limite de tempo ou de espaço. A grande linha do Equador é como um tobogã gigante a nos levar de um lado a outro do globo em fração de segundo. Escorregando ou navegando num barco branco entre o céu e o mar, tudo é mágico, como um beijo azul – o tocar das duas lindas superfícies imensas, a celestial e a marítima.
Entre as nuvens
Vem surgindo um lindo
Avião rosa e grená
Tudo em volta colorindo
Com suas luzes a piscar…
O sonho de voar está em toda criança. Quem ainda não sonhou estar voando, sendo pássaro ou mesmo como passageiro de um avião a cortar as nuvens, que nos parecem flocos de algodão, com todas suas luzes a piscar. Lá de cima, tudo se faz mais lindo, como o primeiro astronauta a contemplar a terra, aquela imensa bola azul.
Basta imaginar e ele está
Partindo, sereno e lindo
Se a gente quiser
Ele vai pousar…
Fingindo ser o piloto da aeronave, você vai para onde quiser e pousa quando achar que é hora. Principalmente quando o céu é de brigadeiro, “sereno e lindo”, fica mais perfeito ainda.
Numa folha qualquer
Eu desenho um navio
De partida
Com alguns bons amigos
Bebendo de bem com a vida…
A vida é feita de partidas e chegadas, por isso, devemos aproveitar ao máximo viver de bem com todos, estar bem coladinho aos amigos, comemorando sempre.
De uma América a outra
Eu consigo passar num segundo
Giro um simples compasso
E num círculo eu faço o mundo…
Como Alice, entrando na toca do coelho, um espécie de mecanismo de fuga da realidade, descobrindo outro mundo: O País das Maravilhas. Num piscar de olhos, tudo em volta, você pode transformar, com um simples giro de compasso.
Um menino caminha
E caminhando chega no muro
E ali logo em frente
A esperar pela gente
O futuro está…
O poeta quer levar, na figura do menino, as crianças ao futuro, carregadas pela imaginação. Não presa a regras ou metodologias cansativas, de forma colorida e engraçada, cheia de alegria. Também nos mostra que na vida há obstáculos, os “muros”, mas que, com criatividade, podemos ultrapassá-los.
E o futuro é uma astronave
Que tentamos pilotar
Não tem tempo, nem piedade
Nem tem hora de chegar
Sem pedir licença
Muda a nossa vida
E depois convida
A rir ou chorar…
Às vezes queremos determinar o futuro de nossos filhos, como eles devem ser e aquilo que devem fazer. Planejamos tudo, e o que acontece é que pouco sai como a gente quer. A frustração (o descolorirá) é grande, levando muitos pais a chorar ou, quando algo dá certo, é motivo de riso. Esquecemos que cada uma é uma individualidade, com personalidade própria, tendo um novo a ser trilhado, sem interferências.
Esse futuro é como uma “linda passarela” que vai se abrindo, conduzindo-nos pela mão, bastando ter sensibilidade para dar cada passo no rumo certo.
Nessa estrada não nos cabe
Conhecer ou ver o que virá
O fim dela ninguém sabe
Bem ao certo onde vai dar
Vamos todos
Numa linda passarela
De uma aquarela
Que um dia enfim
Descolorirá…
Autor José Maria Cavalcanti
AMOR DE ÍNDIO – UMA TRADUÇÃO
Beto Guedes e Ronaldo Bastos
Tudo que move é sagrado E remove as montanhas Com todo o cuidado Meu amor Enquanto a chama arder Todo dia te ver passar Tudo viver a teu lado Com arco da promessa Do azul pintado Pra durar Abelha fazendo o mel Vale o tempo que não voou A estrela caiu do céu O pedido que se pensou O destino que se cumpriu De sentir seu calor E ser todo Todo dia é de viver Para ser o que for E ser tudo Sim, todo amor é sagrado E o fruto do trabalho É mais que sagrado Meu amor A massa que faz o pão Vale a luz do teu suor Lembra que o sono é sagrado E alimenta de horizontes O tempo acordado de viver No inverno te proteger No verão sair pra pescar No outono te conhecer Primavera poder gostar No estio me derreter Pra na chuva dançar e andar junto O destino que se cumpriu De sentir seu calor e ser tudo Sim, todo amor é sagrado.
ANÁLISE DA LETRA DA MÚSICA
Tudo que move é sagrado/E remove as montanhas/Com todo o cuidado/Meu amor
Para captar melhor o sentimento dos autores desta belíssima canção, necessitamos mergulhar na mente de um índio.
Não só o ar, a água, o fogo que arde, também as montanhas e os animais, tudo é sagrado para ele.
No seu pensar, existe uma força maior que tudo rege e sustenta com sua força em perfeita harmonia.
O índio respeita tanto esse equilíbrio da natureza que até mesmo para subtrair um item, no intuito de saciar a própria fome, pede permissão para o espírito da floresta, antes de abater um peixe ou um animalzinho. Tirar uma vida só se for para suprir sua necessidade mais vital. Ao contrário do homem branco, ele procura preservar todas as coisas, não produzindo lixo, poluindo ou alterando o meio ambiente.
Enquanto a chama arder/Todo dia te ver passar/Tudo viver a teu lado/Com arco da promessa/Do azul pintado/Pra durar
E esse amor entre eles é eterno, enquanto a chama da vida arder no interior de cada um deles. Muitas são as histórias de casais indígenas em que o homem prefere morrer junto à esposa a viver sem ela. Se estava escrito na constelação aquele enlace, deveriam viver juntos sempre e partir também acompanhados um ao outro.
O arco é para o índio sua defesa contra as feras bravias com as quais se defronta. O arco da promessa é uma referência ao arco-íris, que colore o horizonte azul, como o símbolo da promessa duradoura que Deus fez com os homens.
Abelha fazendo o mel/Vale o tempo que não voou/A estrela caiu do céu/O pedido que se pensou/O destino que se cumpriu/De sentir seu calor/E ser todo
Neste exato momento, está ocorrendo um fenômeno mundial: o desaparecimento das abelhas (vejam mais sobre este assunto no link abaixo). Pouco a pouco, elas estão sumindo por conta dos agrotóxicos e outros fatores climáticos. Caso isso venha a ocorrer por completo, será iniciado um ciclo catastrófico para a humanidade. A abelha é tão importante que: “Se não existisse o homem no planeta, nada mudaria. Faltando as abelhas, sem a polinização, seriam extintas a flora e a fauna, não haveria florestas, lagos e rios. A terra seria um deserto”.
Por saber o valor do mel e toda sua utilidade para a saúde, tanto os índios como as civilizações antigas as consideravam sagradas e em alguns países eram vistas como símbolo de riqueza.
http://www.youtube.com/watch?v=yMw7airNWA4
Nos meses mais frios, o céu fica limpíssimo, e a vista do teto celeste noturno é espetacular. Contemplar o firmamento, enquanto se namora, talvez seja um dos momentos mais românticos que exista. Assim como todos nós, os índios também têm o hábito de fazer um pedido quando um estrela risca o céu.
Quando se faz um pedido com fé, tudo se realiza, como nosso destino, principalmente porque são duas mentes irmanadas e focadas no mesmo alvo.
E nada mais gostoso que estar no calor da pessoa amada. O tempo e tudo mais para, nada mais importa. Apenas queremos viver aquele momento único, todo inclusivo.
Todo dia é de viver/Para ser o que for/E ser tudo
Segundo as próprias palavras do Beto Guedes: “Todo dia é de viver/Para ser o que for/E ser tudo” estes versos expressavam o lado primitivo e puro que ainda havia em cada uma das pessoas, como um canto de louvor à vida”.
Sim, todo amor é sagrado/E o fruto do trabalho/É mais que sagrado/Meu amor/A massa que faz o pão/Vale a luz do teu suor
O amor é o sentimento mais lindo. Por amor é que realizamos tudo. Se não fosse o amor, seríamos apenas matéria.
Deus é o próprio amor, e Ele é que nos colocou no paraíso, com tudo disponível para vivermos.
O índio nos ensina até hoje que não é preciso muito para vivermos.
Mas na nossa ânsia de querer mais, fomos expulsos do jardim de Deus, passando a viver do suor do próprio trabalho.
Lembra que o sono é sagrado/E alimenta de horizontes/O tempo acordado de viver
Poucos sabem o valor de se dormir bem. É tão essencial que, além de descansar o corpo e a mente, faz com que a pessoa pense melhor e também emagreça. Quando dormimos bem, estamos contribuindo para previnir o aparecimento de doenças, além de promover o rejuvenescimento. Na correria que exige nossas atividades diárias, é muito difícil descansar. Com isso, o estresse logo se instala. Por isso, devemos estar ariscos e reservar nosso horário para garantir uma boa noite de sono. Tomando cuidado com o ambiente da dormida, podemos alcançar o objetivo com seis horas de sono profundo, que podem ser mais eficientes do que oito horas de sono mais leve. Também não vamos exagerar, pois dormir mais que o necessário não é bom e pode ser prejudicial. Quando dormimos bem, “alimentamos de horizontes o tempo acordado de viver”.
No inverno te proteger/No verão sair pra pescar/No outono te conhecer/Primavera poder gostar/No estio me derreter/Pra na chuva dançar e andar junto
Para quem vive constantemente em contato com a natureza, cada mudança climática é percebida. Os índios e as pessoas mais sensíveis observam melhor as estações e podem senti-las em toda plenitude.
Por isso é que os quatro períodos climáticos são vividos de forma especial pelos amantes.
Quem ama quer estar agarradinho, principalmente com as temperaturas mais frias do inverno. Já o clima mais quente do verão é um convite pra sair do aconchego. Parece que o sol nos reenergiza, e é tempo de correr, de pular e de pescar. No outono, as noites são mais longas que o dia e são apropriadas para um “conhecer” melhor o outro. Aqui as temperaturas voltam a cair, assim como as folhas, e é tempo da colheita em muitas partes do mundo. Quando chega a primavera, inicia-se um novo ciclo. Tudo se enche de cores, como se a natureza fizesse festa.
Festa maior faz o índio quando as chuvas chegam. Eles até têm a dança da chuva, quando ela tarda para chegar. Quem mora nas cidades, na selva de concreto, não dá muito valor a este bem indispensável à natureza.
O destino que se cumpriu/De sentir seu calor e ser tudo/Sim, todo amor é sagrado
O amor entre os indígenas é tão puro e sublime que é determinado pelo encontro ocorrido entre eles desde o nascimento, segundo a configuração das estrelas no firmamento, no exato momento em que vieram a existir, como homem e mulher. Eles já crescem sabendo dessa predestinação e se enamoram, e se casam, e são felizes para sempre.
Para eles, o amor é sagrado.
Autor José Maria Cavalcanti
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Clique aqui: https://bollog.wordpress.com/2011/12/11/beto-guedes/#comments
Amor de Índio – Para os fãs do Milton Nascimento
Amor de Índio – Para os fãs do Roupa Nova
Ana Carolina arrebenta, meu irmão, reacendendo velhas lembranças, fazendo com que elas pareçam brasas a queimar as feridas ainda não curadase e que ficaram como portas entreabertas.
“FELIZ” ESSE O NOME DA MÚSICA SABE?! AI, AI, AI! ESTÁ ME DEVENDO ESSA!
Amei ouvir os sucessos do compositor Peninha. Nossa! Que saudades!!
Li, logo estarei colocando uma música do nosso querido e inesquecível
Gonzaguinha. “Feliz” é realmente muito linda, com uma letra incrível.
Estou realmente em débito, mas uma surpresa em breve virá. Aguarde!
O cara vc foi muto feliz comentando a musica sozinho……parecia que vc estava falando comigo fiquei muito tocado com o que escreveu……. parabens abraços
Joaquim, meu amigo, suas palavras afagam meu ego ao mesmo tempo que me estimulam a fazer outras análises musicais.
Espero não ter sido exagerado com as palavras, mas Sozinho é uma música que toca a todos nós.
Valeu mesmo por apreciar meus contos e análises de músicas. Obrigadão mais uma vez por me prestigiar.
Cavalcanti.
Parabéns, como sempre, querido José Maria, bela postagem daqueles grandes músicos. Um Grande Abraço.
Meu amigo Cavalcanti, estou enviando o site de música que você gostou quando esteve na minha casa jogando algumas partidas de xadrez:
http://www.miastomuzyki.pl/
É uma página polonesa muito interessante.
Volte sempre para mais confrontos.
Grande abraço,
Eloisio
Usei parte de suas análises em meus trabalhos universitários. Na pérola do Gonzagão, você voou, carregado por asas de ave, aquela mesma que anuncia a grande seca no sertão.
Alice
Amanhã é mais um aniversário de São Paulo. A música Sampa continue sendo a melhor identidade dessa cidade que aprendemos a amar.
Valeu, Caetano!
Tenho três vícios: ler, escrever e ouvir música. Por isso acho o blog do bollog um ótimo parceiro. Aqui encontro boa leitura, posso escrever nos comentários e curtir uma variedade musical de ótimo gosto. Valeu!!!!!
Me encantei com a análise de Aquarela, quanta doçulra e delicadeza nessa música e letra. Acho que muita gente cresceu ouvindo esse som maravilhoso na infância.
Hoje a gente passa pra garotada na escola e a gente pode ver nos olhinhos deles a mesma magia.
Imagino que muitas outras gerações terão esse mesmo privilégio.
Leo
Gostei muito, muito e muito dos comentários das letras de músicas da MPB. Como sabia que minha próxima “parada” seria aqui, deixei para falar de todos juntos…
O primeiro comentário que li foi o de“Valsinha” do Chico Buarque … que poesia e leveza! E foi um “descortinar” de beleza após beleza: “Amor de Índio” – Beto Guedes; “Sangrando” – Gonzaguinha; “Bola de Meia” – Milton Nascimento; “Sozinho” e “Sampa” – Caetano Veloso; “O bêbado e a equilibrista” – Elis Regina ; “Aquarela” – Toquinho …
Em cada um deles o mesmo ritual: maravilhosa seleção das músicas, de seus intérpretes e os seus comentários que captam e transmitem abundantemente a emoção presente nas letras e melodias . Que delícia de ler, ouvir, sentir e recordar (cada beleza, geralmente “armazenada” em vinil e que guardamos como tesouro).
MPB…Quanta preciosidade, como Sá e Guarabyra (“Caçador de mim”, “Tua casa, minha casa”), 14 Bis (“Todo azul do mar”, “Princesa”), João Bosco (“Desenho de Giz”), Chico Buarque (“Mulheres de Atenas”), Beto Guedes (“O medo de amar é o medo de ser livre”, “Quando te vi”),
– Milton Nascimento (que canta como ninguém: “A noite do meu bem”, de Dolores Duran e escreve, com perfeição, em parceria com Wagner Tiso, “Caso de amor”); Elis Regina (“Fascinação”…); Toquinho (“Sem saída”) … nossa, tudo isso é muito lindo (quanta inspiração!!!)
Obrigada por tanta sensibilidade. Faz um bem enorme ler e se encantar!
Sampa é a identidade cultural de muitos que foram atraídos para este polo industrial que move as engrenagens desse Brasilzão.
Esta música me toca e eu a carrego pra todo canto, como se fosse meu hino.
Sei cada parte da letra e nela viajo por ruas e avenidas, quando quero me encontrar.
Caetano conseguiu se traduzir e me traduzir.
Elis Regina
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Elis Regina Carvalho Costa
Apelido
Pimentinha (apelido criado por Vinicius de Moraes); Elis-cóptero (apelido criado por Rita Lee); Lilica
Nascimento
17 de março de 1945
Origem
Porto Alegre, Rio Grande do Sul
Data de morte
19 de janeiro de 1982 (36 anos)
Gêneros
Bossa-nova, MPB, samba, rock, pop
Instrumentos
voz
Período em atividade
1961 – 1982
Gravadora(s)
Continental (1961-1962), CBS (1963), Philips (atual Universal Music) (1964-1978), WEA (1979-1980), EMI-Odeon (1980-1981), Som Livre (1981-1982)
Afiliações
Fino da Bossa, Jair Rodrigues, Tom Jobim, César Camargo Mariano, Chico Buarque, Ivan Lins
Influência(s)
Edith Piaf
Carmem Miranda
Laurindo Almeida
Nancy Wilson
Peggy Lee
Eartha Kitt
Billie Holiday,
Angela Maria
Elis Regina Carvalho Costa (Porto Alegre, 17 de março de 1945 – São Paulo, 19 de janeiro de 1982) foi uma intérprete brasileira. Conhecida por sua presença de palco histriônica, sua voz e sua personalidade, Elis Regina é considerada por muitos críticos, comentadores e outros músicos a melhor cantora brasileira de todos os tempos.Com os sucessos de Falso Brilhante e Transversal do Tempo, ela inovou os espetáculos musicais no país e era capaz de demonstrar emoções tão contrárias, como a melancolia e a felicidade, numa mesma apresentação ou numa mesma música.
Como muitos outros artistas do Brasil, Elis Regina surgiu dos festivais de música na década de 1960 e mostrava interesse em desenvolver seu talento através de apresentações dramáticas. Seu estilo era altamente influenciado pelos cantores do rádio, especialmente Ângela Maria, e a fez ser a grande revelação do festival da TV Excelsior em 1965, quando cantou “Arrastão” de Vinicius de Moraes e Edu Lobo. Tal feito lhe conferiu o título de primeira estrela da canção popular brasileira na era da TV.Enquanto outras cantoras contemporâneas como Maria Bethânia haviam se especializado e surgido em teatros, ela deu preferência aos rádios e televisões.Seus primeiros discos, iniciando com Viva a Brotolândia (1961), refletem o momento em que transferiu-se do Rio Grande do Sul ao Rio de Janeiro, e que teve exigências de mercado e mídia. Transferindo-se para São Paulo em 1964, onde ficaria até sua morte, logrou sucesso com os espetáculos do Fino da Bossa e encontrou uma cidade efervescente onde conseguiria realizar seus planos artísticos. Em 1967, casou-se com Ronaldo Bôscoli, diretor do Fino da Bossa, e ambos tiveram João Marcelo Bôscoli.
Elis Regina aventurou-se por muitos gêneros; da MPB, passando pela bossa nova, o samba, o rock ao jazz. Interpretando canções como “Madalena”, “Como Nossos Pais”, “O Bêbado e a Equilibrista”, “Querelas do Brasil”, que ainda continuam famosas e memoráveis, registrou momentos de felicidade, amor, tristeza, patriotismo e ditadura militar no país. Ao longo de toda sua carreira, cantou canções de músicos até então pouco conhecidos, como Milton Nascimento, Ivan Lins, Renato Teixeira, Aldir Blanc, João Bosco, ajudando a lançá-los e a divulgar suas obras, impulsionando-os no cenário musical brasileiro. Entre outras parcerias, é célebre os duetos que teve com Jair Rodrigues, Tom Jobim, Simonal, Rita Lee, Chico Buarque — que quase foi lançado por ela não fosse Nara Leão ter o gravado antes — e, por fim, seu segundo marido, o pianista César Camargo Mariano, com quem teve os filhos Pedro Mariano e Maria Rita. Mariano também a ajudou a arranjar muitas músicas antigas e dar novas roupagens a elas, como com “É Com Esse Que Eu Vou”.
Sua presença artística mais memorável talvez esteja registrada nos álbuns Em Pleno Verão (1970), Elis & Tom (1974), Falso Brilhante (1976), Transversal do Tempo (1978), Saudade do Brasil (1980) e Elis. Ela foi a primeira pessoa a inscrever a própria voz como se fosse um instrumento, na Ordem dos Músicos do Brasil. Elis Regina morreu precocemente em 1982, com apenas 36 anos, deixando uma vasta obra na música popular brasileira. Embora haja controvérsias e contestações, os exames comprovaram que havia morrido por conta de altas doses de cocaína e bebidas alcoólicas, e o fato chocou profundamente o país na época.
Índice
1 Biografia 1.1 Inícios
1.2 Década de 1960, surge uma estrela 1.2.1 Estilo musical
1.3 Anos de glória
1.4 Anos de chumbo
1.5 Últimos momentos
1.6 Vida pessoal
2 Frases
3 Discografia
4 Videografia
5 Referências
6 Bibliografia
7 Ligações externas
Biografia
Inícios
Edifício onde Elis Regina passou a infância, na Vila do IAPI em Porto Alegre.
Filha de Romeu Costa e de Ercy Carvalho, Elis Regina nasceu no Hospital da Beneficência Portuguesa de Porto Alegre, na capital do Rio Grande do Sul.Tinha um irmão, Rogério (n. 1949). Começou a carreira como cantora aos onze anos de idade em um programa de rádio para crianças chamado O Clube do Guri, na Rádio Farroupilha, apresentado por Ari Rego. Em Porto Alegre, sua família morava em um apartamento na chamada Vila do IAPI, no bairro Passo d’Areia, na Zona Norte da cidade.Revelando enorme precocidade, aos dezesseis anos lançou o primeiro LP da carreira. Sobre o começo da carreira de Elis e a disputa entre quem de fato a lançou, o produtor Walter Silva disse à Folha de S. Paulo.
Poucas pessoas sabem quem realmente descobriu Elis. Foi um vendedor da gravadora Continental chamado Wilson Rodrigues Poso, que a ouviu cantando menina, aos quinze anos, em Porto Alegre. Ele sugeriu à Continental que a contratasse, e em 1962 saiu o disco dela. Levei Elis ao meu programa, fui o primeiro a tocar seu disco no rádio. Naquele dia eu disse: Menina, você vai ser a maior cantora do Brasil. Está gravado.
— O produtor Walter Silva declarando como a cantora foi descoberta[16]
Década de 1960, surge uma estrela
Em 1960 foi contratada pela Rádio Gaúcha, e em 1961 viajou ao Rio de Janeiro, onde gravou o primeiro disco, Viva a Brotolândia. Lançou ainda mais três discos enquanto morava no Rio Grande do Sul.
Em 1964, um ano com a agenda lotada de espetáculos no eixo Rio-São Paulo, assinou um contrato com a TV Rio para participar do programa Noites de Gala; é levada por Dom Um Romão para o Beco das Garrafas sob a direção da dupla Luís Carlos Miéle e Ronaldo Bôscoli, com os quais ainda realizaria diversas parcerias, e um casamento com Bôscoli em 1967. Acompanhada agora pelo grupo Copa trio, de Dom Um, canta no Beco das Garrafas, o reduto onde nasceu a bossa nova, e conhece o coreógrafo americano Lennie Dale, que a ensinou a mexer o corpo para cantar, tirando aquele nado que ela tinha com os braços.
Participa do espetáculo Fino da Bossa organizado pelo Centro Acadêmico da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo, que ficou conhecido também como Primeiro Demti-Samba, dirigido por Walter Silva, no Teatro Paramount, atual Teatro Abril (São Paulo). Ao final do mesmo ano (1964) conhece o produtor Solano Ribeiro, idealizador e executor dos festivais de MPB da TV Record. Um ano glorioso, que ainda traria a proposta de apresentar o programa O Fino da Bossa, ao lado de Jair Rodrigues. O programa, gravado a partir dos espetáculos e dirigido por Walter Silva, ficou no ar até 1967 (TV Record, Canal 7, SP) e originou três discos de grande sucesso: um deles, Dois na Bossa, foi o primeiro disco brasileiro a vender um milhão de cópias. Seria dela agora o maior cachê do show business.
Estilo musical
O estilo musical interpretado ao longo da carreira percorria assim o “fino da bossa nova”, firmando-se como uma das maiores referências vocais deste gênero. Aos poucos, o estilo MPB, pautado por um hibridismo ainda mais urbano e ‘popularesco’ que a bossa nova, distanciando-se das raízes do jazz americano, seria mais um estilo explorado. Já no samba consagrou Tiro ao Álvaro e Iracema (Adoniran Barbosa), entre outros. Notabilizou-se pela uniformidade vocal, primazia técnica e uma afinação a toda prova. O registro vocal pode ser definido como de uma mezzo-soprano característico com um fundo levemente metálico e vagamente rouco.
Desde a década de 1960, quando surgiram os especiais do Festival de Música Popular Brasileira (TV Record), até o final da década de 1980, a televisão brasileira foi marcada pelo sucesso dos espetáculos transmitidos; apresentando os novos talentos, registravam índices recordes de audiência. No Festival conheceu Chico Buarque, mas acabou desistindo de gravá-lo devido à impaciência com a timidez do compositor. Elis participou do especial Mulher 80 (Rede Globo), um desses momentos marcantes da televisão; o programa exibiu uma série de entrevistas e musicais cujo tema era a mulher e a discussão do papel feminino na sociedade de então, abordando esta temática no contexto da música nacional e da inegável preponderância das vozes femininas, com Maria Bethânia, Fafá de Belém, Zezé Motta, Marina Lima, Simone, Rita Lee, Joanna, Elis Regina, Gal Costa e as participações especiais das atrizes Regina Duarte e Narjara Turetta, que protagonizaram o seriado Malu Mulher.
A antológica interpretação de Arrastão (Edu Lobo e Vinícius de Moraes), no Festival, escreveu um novo capítulo na história da música brasileira, inaugurando a MPB e apresentando uma Elis ousada. Uma interpretação inesquecível, encenada pouco depois de completar apenas 20 anos de idade e coroada com o reconhecimento do Prêmio Berimbau de Ouro. O Troféu Roquette Pinto veio na sequência, elegendo-a a Melhor cantora do ano.
Fã incondicional de Angela Maria, a quem prestou várias homenagens, Elis impulsionava uma carreira não menos gloriosa, possibilitando o lançamento do primeiro LP individual, Samba eu canto assim (CBD, selo Philips). Pioneira, em 1966 lançou o selo Artistas, registrando o primeiro disco independente produzido no Brasil, intitulado Viva o Festival da Música Popular Brasileira, gravado durante o festival. Mais uma vitoriosa participação no III Festival de Música Popular Brasileira (TV Record), a canção O cantador (Dori Caymmi e Nelson Motta), classificando-se para a finalíssima e reconhecida com o prêmio de Melhor Intérprete.
Em 1968, uma viagem à Europa a lança no eixo musical internacional, conquistando grande sucesso, principalmente no Olympia de Paris, onde se tornou a primeira artista a se apresentar duas vezes num mesmo ano, naquela que é a mais antiga sala de espetáculos musicais de Paris.
Foi Elis quem também lançou boa parte dos compositores até então desconhecidos, como Milton Nascimento, Renato Teixeira, Tim Maia, Gilberto Gil, João Bosco e Aldir Blanc, Sueli Costa, entre outros. Um dos grandes admiradores, Milton Nascimento, a elegeu musa inspiradora e a ela dedicou inúmeras composições.
Anos de glória
Durante os anos 70, aprimorou constantemente a técnica e domínio vocal, registrando em discos de grande qualidade técnica parte do melhor da sua geração de músicos.
Patrocinado pela Philips na mostra Phono 73, com vários outros artistas, deparou-se com uma plateia fria e indiferente, distância quebrada com a calorosa apresentação de Caetano Veloso: Respeitem a maior cantora desta terra. Em julho lançou Elis.
Em 1975, com o espetáculo Falso Brilhante, que mais tarde originou um disco homônimo, atinge enorme sucesso, ficando mais de um ano em cartaz e realizando quase 300 apresentações. Lendário, tornou-se um dos mais bem sucedidos espetáculos da história da música nacional e um marco definitivo da carreira. Ainda teve grande êxito com o espetáculo Transversal do Tempo, em 1978, de um clima extremamente político e tenso; o Essa Mulher em 1979, direção de Oswaldo Mendes, que estreou no Anhembi em São Paulo e excursionou pelo Brasil no lançamento do disco homônimo; o Saudades do Brasil, em 1980, sucesso de crítica e público pela originalidade, tanto nas canções quanto nos números com dançarinos amadores, direção de Ademar Guerra e coreografia de Márika Gidali (Ballet Stagium); e finalmente o último espetáculo, Trem Azul, em 1981, direção de Fernando Faro. Data desta época a frase:
Neste país só duas cantam: Gal e eu.
— Declaração da cantora.
Anos de chumbo
Elis Regina criticou muitas vezes a ditadura brasileira, nos difíceis Anos de chumbo, quando muitos músicos foram perseguidos e exilados. A crítica tornava-se pública em meio às declarações ou nas canções que interpretava. Em entrevista, no ano de 1969, teria afirmado que o Brasil era governado por gorilas (há ainda controvérsias em relação a essa declaração. Existem arquivos dos próprios militares onde ela se justifica dizendo que isso foi criado por jornalistas sensacionalistas). A popularidade a manteve fora da prisão, mas foi obrigada pelas autoridades a cantar o Hino Nacional durante um espetáculo em um estádio, fato que despertou a ira da esquerda brasileira.
Sempre engajada politicamente, Elis participou de uma série de movimentos de renovação política e cultural brasileira, com voz ativa da campanha pela Anistia de exilados brasileiros. O despertar de uma postura artística engajada e com excelente repercussão acompanharia toda a carreira, sendo enfatizada por interpretações consagradas de O bêbado e a equilibrista (João Bosco e Aldir Blanc), a qual vibrava como o hino da anistia. A canção coroou a volta de personalidades brasileiras do exílio, a partir de 1979. Um deles, citado na canção, era o irmão do Henfil, o Betinho, importante sociólogo brasileiro. Também merece destaque, o fato de Elis Regina ter se filiado ao PT, em 1981.
Outra questão importante se refere ao direito dos músicos brasileiros, polêmica que Elis encabeçou, participando de muitas reuniões em Brasília. Além disso, foi presidente da Assim, Associação de Intérpretes e de Músicos.
Últimos momentos
Memorial em homenagem a Elis Regina.
Causando grande comoção nacional, faleceu aos 36 anos de idade em 19 de janeiro de 1982, devido a complicações decorrentes de uma overdose de cocaína, e bebida alcoólica. O laudo médico foi elaborado por José Luiz Lourenço e Chibly Hadad, sendo o diretor do IML Harry Shibata, médico conhecido por seu envolvimento no caso do jornalista Vladimir Herzog .
Choram Marias e Clarices… Chora a nossa pátria mãe gentil. Em busca de um sol maior, Elis Regina embarcou num brilhante trem azul, deixando conosco a eternidade de seu canto pelas coisas e pela gente de nossa terra. E uma imensa saudade.
— Agência de Publicidade
Vida pessoal
Elis Regina é mãe de João Marcelo Bôscoli (n. 1970), filho do seu primeiro casamento com o músico Ronaldo Bôscoli (1928-1994), e de Pedro Camargo Mariano (n. 1975) e Maria Rita (n. 1977), filhos de seu segundo marido, o pianista César Camargo Mariano (1943-).
Frases
“Sempre vou viver como camicase. É isso que me faz ficar de pé”
“Me apaixonei pela minha voz”.
“Neste país, só há duas que cantam: Gal e eu.”
“Quero saber é do brasileiro, não estou preocupada em cromar minha orelha e sair para a rua para chamar a atenção”.
“Um dia as pessoas vão descobrir que Dalva de Oliveira é a nossa Billie Holiday”.
“Cantar, para mim, é sacerdócio. O resto é o resto.”
“Me tomam por quem? Um imbecil? Sou algo que se molda do jeitinho que se quer? Isso é o que todos queriam, na realidade. Mas não vão conseguir, porque quando descobrirem que estou verde já estarei amarela. Eu sou do contra. Sou a Elis Regina do Carvalho Costa que poucas pessoas vão morrer conhecendo”.
Discografia
Ver artigo principal: Anexo:Discografia de Elis Regina
Videografia
Ver artigo principal: Anexo:Videografia de Elis Regina
Referências
1. Allmusic.
2.Silva, Vinícius R. B.. “O doce & o amargo do Secos & Molhados: poesia, estética e política na música popular brasileira”. Dissertação (Mestrado em Letras) Niterói: Universidade Federal Fluminense, 2007. Disponível em http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/cp103551.pdf p.63.
3.Goés, 2007, p.187
4.Pugialli, 2006, p.170.
5.Silva, 2002, p.193.
6.Arashiro, 1995, p.39.
7.Para citar um músico, o saxofonista Phil Woods declarou: “Elis Regina é a maior cantora do mundo, para mim”. Visão, s.n., 1985.
8.Silva, Vinícius R. B.. “O doce & o amargo do Secos & Molhados: poesia, estética e política na música popular brasileira”. Dissertação (Mestrado em Letras) Niterói: Universidade Federal Fluminense, 2007. Disponível em http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/cp103551.pdf p.62.
9.Veloso, 1997, p.123.
10.
11.Veja. “O amargo brilho do pó” (reportagem da época, 1982). Acesso:2 de março, 2011.
12.Geneall.net – Elis Regina de Carvalho Costa
13.Biografias: Elis Regina
14.Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira. Elis Regina – Biografia. Página visitada em 11 de janeiro de 2012.
15.Zero Hora – Um olhar pela Vila do IAPI – Foto 5
16.”Descobridor” de Elis revê a sua história. Folha de São Paulo. UOL.
17.Elis Regina no programa O Fino da Bossa, 1965. O Globo. Globo.
18.Elis. Brasileirinho.
19.Jornal do Brasil
20.http://veja.abril.com.br/idade/estacao/elis_regina/frases.html
Bibliografia
KIECHALOSKI, Zeca (1984) Elis Regina. Col. Esses Gaúchos. Porto Alegre: Tchê! 101p.
ECHEVERRIA, Regina (1985) Furacão Elis. Inclui cronologia e discografia por Maria Luiza Kfouri. Rio de Janeiro: Nórdica / Círculo do Livro. 363p. 2.ed. rev. ampl. 1994 (São Paulo: Ed. Globo); 3.ed. 2002 (São Paulo: Ed. Globo). 239p. ISBN 8525035149
Elis Regina Por Ela Mesma. (1995) Org. Osny Arashiro. São Paulo: Martin Claret. 2.ed. rev. 2004. 229p. ISBN 8572320857.
O Melhor de Elis Regina. (2003) Melodias cifradas com as letras de 28 músicas do repertório de Elis Regina. Ed. Irmãos Vitale. 112p. ISBN 8574070882.
SARSANO, José Roberto. (2005) Boulevard des Capucines. Teatro Olympia, Paris 1968: Elis Regina e Bossa Jazz Trio em uma época de ouro da MPB. Ed. Árvore da Terra. 207p. ISBN 8585136294.
GOÉS, Ludenbergue. Mulher brasileira em primeiro lugar: o exemplo e as lições de vida de 130 brasileiras consagradas no exterior. Ediouro Publicações, 2007. ISBN 8500019980
Ricardo Pugialli, Almanaque da Jovem guarda: nos embalos de uma década cheia de brasa, mora?. Ediouro Publicações, 2006. ISBN 8500020733
Walter Silva, Vou te contar: histórias de música popular brasileira. Conex, 2002. ISBN 8588953056
Osny Arashiro, Elis Regina por ela mesma. M. Claret, 1995.
Ligações externas
O Wikiquote possui citações de ou sobre: Elis Regina
Discografia de Elis Regina
Vídeos e História de Elis Regina
Revista VEJA, Ed. 386 – Matéria de capa em 28 de janeiro de 1976
Arrastão venceu fácil o Festival, mas outra canção de Vinícius não convenceu
Elis Vive
A maior cantora do Brasil
Elis Regina
Álbuns de estúdio
Viva a Brotolândia (1961) • Poema de Amor (1962) • Elis Regina (1963) • O Bem do Amor (1963) • Samba – Eu Canto Assim (1965) • Elis (1966) • Elis – Como e Porque (1969) • Em Pleno Verão (1970) • Ela (1971) • Elis (1972) • Elis (1973) • Elis & Tom (1974) • Elis (1974) • Falso Brilhante (1976) • Elis (1977) • Essa Mulher (1979) • Saudade do Brasil (1980) • Elis (1980)
Ao Vivo
Dois na Bossa (1965) • O Fino do Fino (1965) • Dois na Bossa nº 2 (1966) • Dois na Bossa nº 3 (1967) • – Elis no Teatro da Praia (1970) • Transversal do Tempo (1978)
Compactos Simples
Dá Sorte / Sonhando (1961) • Dor de Cotovelo / Samba Feito pra Mim (1961) • Poporó Popó / Nos teus Lábios (1962) • A Virgem de Macarena / 1, 2, 3 Balançou (1962) • Menino das Laranjas / Sou sem Paz (1965) • Arrastão / Aleluia (1965) • Zambi / Esse Mundo É Meu / Resolução (1965) • Canto de Ossanha / Rosa Morena (1966) • Ensaio Geral / Jogo de Roda (1966) • Upa, Neguinho / Tristeza que se Foi (1966) • Saveiros / Canto Triste (1966) • Travessia / Manifesto (1967) • Yê-melê / Upa, Neguinho (1968) • Samba da Benção / Canção do Sal (1968) • Lapinha / Cruz de Cinza, Cruz de Sal (1968) • Casa Forte / Memórias de Marta Saré (1969) • Tabelinha Elis x Pelé (Perdão Não Tem / Vexamão) (1969) • Águas de Março / Entrudo (1972) • Águas de Março / Cais (1972) • O Bêbado e a Equilibrista / As Aparências Enganam (1979) • Moda de Sangue / O Primeiro Jornal (1980) • Alô, Alô Marciano / No Céu da Vibração (1980) • Se Eu Quiser Falar com Deus / O Trem Azul (1980)
Compactos Duplos
Menino das Laranjas / Último Canto / Preciso Aprender a Ser Só / João Valentão (1966) • Pout-Porri de Samba / Sem Deus, com a Família / Ué (1966) • Saveiros / Jogo de Roda / Ensaio Geral / Canto Triste (1966) • Deixa / A Noite do meu Bem / Noite dos Mascarados / Tristeza (1968) • Andança / Samba da Pergunta / O Sonho / Giro (1969) • Madalena / Fechado pra Balanço / Falei e Disse / Vou Deitar e Rolar (1970) • Nada Será como Antes / A Fia de Chico Brito / Osanah / Casa no Campo (1971) • Águas de Março / Atrás da Porta / Bala com Bala / Vida de Bailarina (1972) • Dois pra lá, Dois pra Cá / O Mestre-sala dos Mares / Amor até o Fim / Na Batucada da Vida (1975) • Como Nossos Pais / Um Por Todos / Fascinação / Velha Roupa Colorida (1976)
Coletâneas e compilações
Fascinação (1990) • Nada Será Como Antes (1990) • Elis por Ela (1993) • Elis, o Mito (1995) • Música! – O Melhor da Música de Elis Regina (1998) • Millenium – Elis Regina (1999) • Os Sonhos Mais Lindos (2001) • Warner 25 Anos – Elis Regina (2001) • Dose Dupla – Elis Regina (2001) • Perfil – Elis Regina (2003) • 20 Anos de Saudades (2004) • Participação Especial – Elis Regina (2004) • I Love MPB – Elis Regina (2004) • Essential Brazil – Elis Regina (2004) • Novo Millenium – Elis Regina (2005) • Samba, Jazz e Bossa – Elis Regina (2006) • Pérolas Raras – Elis Regina (2006)
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Recordistas de vendas de discos no Brasil
Bela postagem meu querido José Maria, de todos esos grandes músicos. Parabéns a você e também a Mario Carlos, por seu cumprido, mas interesante comentario. Um Grande Abraço………..http://www.youtube.com/watch?v=8vM1Jl-BdY8&feature=related
Rosa de Hiroshima
Pensem nas crianças
Mudas telepáticas
Pensem nas meninas
Cegas inexatas
Pensem nas mulheres
Rotas alteradas
Pensem nas feridas
Como rosas cálidas
Mas, oh, não se esqueçam
Da rosa da rosa
Da rosa de Hiroshima
A rosa hereditária
A rosa radioativa
Estúpida e inválida
A rosa com cirrose
A anti-rosa atômica
Sem cor sem perfume
Sem rosa sem nada
Belíssima composição.
Bom Dia
Mario Carlos Fernandez.
Greetings, I am commenting from Caloundra, Australia. Thanks for the interesting post. It helped me a lot with my school computing research 🙂
AMAR – Calos Drummond de Andrade
Que pode uma criatura senão,
entre criaturas, amar?
amar e esquecer,
amar e malamar,
amar, desamar, amar?
sempre, e até de olhos vidrados, amar?
Que pode, pergunto, o ser amoroso,
sozinho, em rotação universal, senão
rodar também, e amar?
amar o que o mar traz à praia,
e o que ele sepulta, e o que, na brisa marinha,
é sal, ou precisão de amor, ou simples ânsia?
Amar solenemente as palmas do deserto,
o que é entrega ou adoração expectante,
e amar o inóspito, o áspero,
um vaso sem flor, um chão de ferro,
e o peito inerte, e a rua vista em sonho, e uma ave de rapina.
Este o nosso destino: amor sem conta,
distribuído pelas coisas pérfidas ou nulas,
doação ilimitada a uma completa ingratidão,
e na concha vazia do amor a procura medrosa,
paciente, de mais e mais amor.
Amar a nossa falta mesma de amor, e na secura nossa
amar a água implícita, e o beijo tácito, e a sede infinita.
Bom dia…..
Brasileirinho
letra original
O brasileiro quando é do choro
É entusiasmado quando cai no samba,
Não fica abafado e é um desacato
Quando chega no salão.
Não há quem possa resistir
Quando o chorinho brasileiro faz sentir,
Ainda mais de cavaquinho,
Com um pandeiro e um violão
Na marcação.
Brasileirinho chegou e a todos encantou,
Fez todo mundo dançar
A noite inteira no terreiro
Até o sol raiar.
E quando o baile terminou
A turma não se conformou:
Brasileirinho abafou!
Até o velho que já estava encostado
Neste dia se acabou!
Para falar a verdade, estava conversando
Com alguém de respeito
E ao ouvir o grande choro
Eu dei logo um jeito e deixei o camarada
Falando sozinho. Gostei, pulei,
Dancei, pisei até me acabei
E nunca mais esquecerei o tal chorinho
Brasileirinho!
Esta música é um verdadeiro clássico da MPB.
Boa tarde…
Iolanda – Música cantada por Chico Buarque (adaptação)
Esta canção nao é mais que mais uma canção
Quem dera fosse uma declaração de amor
Romântica, sem procurar a justa forma
Do que lhe vem de forma assim tão caudalosa
Te amo,
te amo,
eternamente te amo
Se me faltares, nem por isso eu morro
Se é pra morrer, quero morrer contigo
Minha solidão se sente acompanhada
Por isso às vezes sei que necessito
Teu colo,
teu colo,
eternamente teu colo
Quando te vi, eu bem que estava certo
De que me sentiria descoberto
A minha pele vais despindo aos poucos
Me abres o peito quando me acumulas
De amores,
de amores,
eternamente de amores
Se alguma vez me sinto derrotado
Eu abro mão do sol de cada dia
Rezando o credo que tu me ensinaste
Olho teu rosto e digo à ventania
Iolanda, Iolanda, eternamente Iolanda
Boa Noite.
Novo dia
Sigo pensando em você
Fico tão leve que não levo padecer
Trabalho em samba e não posso reclamar
Vivo cantando só para te tocar
Todo dia
Vivo pensando em casar
Juntar as rimas como um pobre popular
Subir na vida com você em meu altar
Sigo tocando só para te cantar
É o bonde do dom que me leva
Os anjos que me carregam
Os automóveis que me cercam
Os santos que me projetam
Nas asas do bem desse mundo
Carregam um quintal lá no fundo
A água do mar me bebe
A sede de ti prossegue
A sede de ti…
Bela musica!
Marisa Monte !
Boa tarde.
Lanterna dos Afogados
Quando tá escuro
E ninguém te ouve
Quando chega a noite
E você pode chorar
Há uma luz no túnel Dos desesperados
Há um cais de porto
Pra quem precisa chegar
Eu estou na lanterna dos afogados
Eu estou te esperando
Vê se não vai demorar
Uma noite longa
Pra uma vida curta
Mas já não me importa
Basta poder te ajudar
E são tantas marcas
Que já fazem parte
Do que eu sou agora
Mais ainda sei me virar
Eu tô na lanterna dos afogados
Eu tô te esperando
Vê se não vai demorar.
Gosto muito desta música.
Bom Dia.
Vida de Bailarina
“Quem descerrar a cortina
Da vida da bailarina
Há de ver cheio de horror
Que no fundo do seu peito
Abriga um sonho desfeito
Ou a desgraça de um amor
Os que compram o desejo
Pagando amor a varejo
Vão falando sem saber
Que ela é forçada a enganar
Não vivendo pra dançar
Mas dançando pra viver
Que ela é forçada a enganar
Não vivendo pra dançar
Mas dançando pra viver
Bela Música!”
Boa Noite.
Pensem nas crianças
Mudas telepáticas
Pensem nas meninas
Cegas inexatas
Pensem nas mulheres
Rotas alteradas
Pensem nas feridas
Como rosas cálidas
Mas, oh, não se esqueçam
Da rosa da rosa
Da rosa de Hiroshima
A rosa hereditária
A rosa radioativa
Estúpida e inválida
A rosa com cirrose
A anti-rosa atômica
Sem cor sem perfume
Sem rosa sem nada
Boa noite.
Gostaria de uma análise interpretativa da letra da canção “Palavra e som”, de Ricky Vallen
Vapor barato.
Oh, sim, eu estou tão cansado
Mas não pra dizer
Que eu não acredito mais em você
Com minhas calças vermelhas
Meu casaco de general
Cheio de anéis
Vou descendo por todas as ruas
E vou tomar aquele velho navio
Eu não preciso de muito dinheiro
Graças a Deus
E não me importa, honey
Minha honey baby
Baby, honey baby
Oh, minha honey baby
Baby, honey baby
Oh, sim, eu estou tão cansado
Mas não pra dizer
Que eu tô indo embora
Talvez eu volte
Um dia eu volto
Mas eu quero esquecê-la, eu preciso
Oh, minha grande
Ah, minha pequena
Oh, minha grande obsessão
Oh, minha honey baby
Baby, honey baby
Oh, minha honey baby
Honey baby, honey baby, ah
Bom dia……
Vaca Profana
Gal Costa
Respeito muito minhas lágrimas
Mas ainda mais minha risada
Escrevo, assim, minhas palavras
Na voz de uma mulher sagrada
Vaca profana, põe teus cornos
Pra fora e acima da manada
Vaca profana, põe teus cornos
Pra fora e acima da manada
Ê, ê, ê, ê, ê,
Dona de divinas tetas
Derrama o leite bom na minha cara
E o leite mau na cara dos caretas
Segue a “movida madrileña”
Também te mata Barcelona
Napoli, pino, pi, pau, punks
Picassos movem-se por Londres
Bahia, onipresentemente
Rio e belíssimo horizonte
Bahia, onipresentemente
Rio e belíssimo horizonte
Ê, ê, ê, ê, ê,
Vaca de divinas tetas
La leche buena toda en mi garganta
La mala leche para los “puretas”
Quero que pinte um amor Bethânia
Stevie Wonder, Andaluz
Mas do que tive em Tel-Aviv
Perto do mar, longe da cruz
Mas em composição cubista
Meu mundo thelonius monk’s blues
Mas em composição cubista
Meu mundo thelonius monk’s blues
Ê, ê, ê, ê, ê,
Dona das divinas tetas
Quero teu leite todo em minha alma
Nada de leite mau para os caretas
Sou tímido e espalhafatoso
Torre traçada por Gaudi
São Paulo é como o mundo todo
No mundo, um grande amor perdi
Caretas de Paris, New York
Sem mágoas, estamos aí
Caretas de Paris e New York
Sem mágoas estamos aí
Ê, ê, ê, ê, ê,
Vaca das divinas tetas
Teu bom só para o oco, minha falta
E o resto inunde as almas dos caretas
Mas eu também sei ser careta
De perto, ninguém é normal
Às vezes, segue em linha reta
A vida que é “meu bem, meu mal”
No mais, as “ramblas” do planeta
“orchata de chufa, si us plau”
No mais, as “ramblas” do planeta
“orchata de chufa, si us plau”
Ê, ê, ê, ê, ê,
Deusa de assombrosas tetas
Gotas de leite bom na minha cara
Chuva do mesmo bom sobre os caretas
La mala leche para los “puretas”
Nada de leite mau para os caretas
E o leite mau na cara dos caretas
Chuva do mesmo bom sobre os caretas
E o resto inunde as almas dos caretas
Bela Música
Bom dia…………….
cabide
Elza Soares
Se eu fingir e sair por aí na noitada
acabando de rir
seu eu disser que eu não disse não disse não digo,só
vou aprontar
sacudir vou arrancar pra pendurar
quero ver se você tem atitude e vai me encararar
se me virem sambando até de madrugada
e você for até lá
so pra pendurar
quero ver se você tem atitude e vai me encarar
Excelente cantora
Bom dia……
Recado
Maria Rita
Com muito dinheiro e carro do ano
Modelo importado, tu tá comentado
Não tem mais sossego e da roda de samba já se separou
Vive cercado, parece um E.T
E sai todo dia em revista e TV
Pra que tanta banca?
Na terra da santa como você vê.
A feira tá pouca, o bicho tá solto.
Tem muito estrangeiro, muito bafafá.
O dia tá feio, a lua não veio, o dinheiro não dá, não dá
Mas tem muito bamba fazendo refrão,
tem muito samba na concentração.
Muita riqueza que você não tem mais não
[Repete]
E tem muito água no nosso feijão
Muita mandinga na minha oração
Muita riqueza que você não tem mais não
Tem muita Maria e muito João
Tem muita rosa pelo quarteirão
Muita riqueza que você não tem mais não.
Bom dia.
De Primeira Grandeza
Belchior
quando eu estou sob as luzes não tenho medo de nada
e a face oculta da lua que era minha aparece iluminada
sou o que escondo sendo uma mulher igual a tua namorada
mas o que vês, quando
mostro estrela de grandeza inesperada
musa,deusa,mulher cantora e bailarina
a força masculina atrai não é só ilusão
a mais que a historia fez e faz o homem se destina a ser maior que deus por ser filho de adão
anjo, herói, prometeu, poeta e dançarino a glória feminina existe e não se fez em vão e se destina a vir ao gozo a mais do que imagina o louco que pensou a vida sem paixão
Bom dia.
Tempo Perdido
Leila Pinheiro
Todos os dias quando acordo,
Não tenho mais o tempo que passou
Mas tenho muito tempo:
Temos todo o tempo do mundo.
Todos os dias antes de dormir,
Lembro e esqueço como foi o dia:
“Sempre em frente,
Não temos tempo a perder”.
Nosso suor sagrado
É bem mais belo que esse sangue amargo
E tão sério
E selvagem.
Veja o sol dessa manhã tão cinza:
A tempestade que chega é da cor dos seus
Olhos castanhos
Então me abraça forte
E diz mais uma vez
Que já estamos distantes de tudo:
Temos nosso próprio tempo.
Não tenho medo do escuro,
Mas deixe as luzes acesas agora,
O que foi escondido é o que se escondeu,
E o que foi prometido,
Ninguém prometeu.
Nem foi tempo perdido;
Bom dia.
Paciência
Lenine
Mesmo quando tudo pede
Um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede
Um pouco mais de alma
A vida não para
Enquanto o tempo
Acelera e pede pressa
Eu me recuso, faço hora
Vou na valsa
A vida é tão rara
Enquanto todo mundo
Espera a cura do mal
E a loucura finge
Que isso tudo é normal
Eu finjo ter paciência
O mundo vai girando
Cada vez mais veloz
A gente espera do mundo
E o mundo espera de nós
Um pouco mais de paciência
Será que é tempo
Que lhe falta pra perceber?
Será que temos esse tempo
Pra perder?
E quem quer saber?
A vida é tão rara
Tão rara
Mesmo quando tudo pede
Um pouco mais de calma
Mesmo quando o corpo pede
Um pouco mais de alma
Eu sei, a vida não para
A vida não para não
Será que é tempo
Que lhe falta pra percebe?
Será que temos esse tempo
Pra perder?
E quem quer saber?
A vida é tão rara
Tão rara
Mesmo quando tudo pede
Um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede
Um pouco mais de alma
Eu sei, a vida não para
A vida não para não
A vida não para
Bom dia.
Poema
Ney Matogrosso
Eu hoje tive um pesadelo e levantei atento, a tempo
Eu acordei com medo e procurei no escuro
Alguém com seu carinho e lembrei de um tempo
Porque o passado me traz uma lembrança
Do tempo que eu era criança
E o medo era motivo de choro
Desculpa pra um abraço ou um consolo
Hoje eu acordei com medo mas não chorei
Nem reclamei abrigo
Do escuro eu via um infinito sem presente
Passado ou futuro
Senti um abraço forte, já não era medo
Era uma coisa sua que ficou em mim,
De repente a gente vê que perdeu
Ou está perdendo alguma coisa
Morna e ingênua
Que vai ficando no caminho
Que é escuro e frio mas também bonito
Porque é iluminado
Pela beleza do que aconteceu
Há minutos atrás
Eu hoje tive um pesadelo e levantei atento, a tempo
Eu acordei com medo e procurei no escuro
Alguém com seu carinho e lembrei de um tempo
Porque o passado me traz uma lembrança
Do tempo que eu era criança
E o medo era motivo de choro
Desculpa pra um abraço ou um consolo
Hoje eu acordei com medo mas não chorei
Nem reclamei abrigo
Do escuro eu via um infinito sem presente
Passado ou futuro
Senti um abraço forte, já não era medo
Era uma coisa sua que ficou em mim, que não tem fim
De repente a gente vê que perdeu
Ou está perdendo alguma coisa
Morna e ingênua
Que vai ficando no caminho
Que é escuro e frio mas também bonito
Porque é iluminado
Pela beleza do que aconteceu
Há minutos atrás
Bom dia.
Paciência
Lenine
Mesmo quando tudo pede
Um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede
Um pouco mais de alma
A vida não para
Enquanto o tempo
Acelera e pede pressa
Eu me recuso, faço hora
Vou na valsa
A vida é tão rara
Enquanto todo mundo
Espera a cura do mal
E a loucura finge
Que isso tudo é normal
Eu finjo ter paciência
O mundo vai girando
Cada vez mais veloz
A gente espera do mundo
E o mundo espera de nós
Um pouco mais de paciência
Será que é tempo
Que lhe falta pra perceber?
Será que temos esse tempo
Pra perder?
E quem quer saber?
A vida é tão rara
Tão rara
Mesmo quando tudo pede
Um pouco mais de calma
Mesmo quando o corpo pede
Um pouco mais de alma
Eu sei, a vida não para
A vida não para não
Será que é tempo
Que lhe falta pra percebe?
Será que temos esse tempo
Pra perder?
E quem quer saber?
A vida é tão rara
Tão rara
Mesmo quando tudo pede
Um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede
Um pouco mais de alma
Eu sei, a vida não para
A vida não para não
A vida não para
Bom dia
Mais Feliz
Adriana Calcanhotto
O nosso amor não vai parar de rolar
De fugir e seguir como um rio
Como uma pedra que divide um rio
Me diga coisas bonitas
O nosso amor não vai olhar para trás
Desencantar, nem ser tema de livro
A vida inteira eu quis um verso simples
P’ra transformar o que eu digo
Rimas fáceis, calafrios
Fure o dedo, faz um pacto comigo
Num segundo teu no meu
Por um segundo mais feliz
Bom dia
Maria Bethânia
Terezinha
O primeiro me chegou como quem vem do florista
Trouxe um bicho de pelúcia, trouxe um broche de ametista
Me contou suas viagens e as vantagens que ele tinha
Me mostrou o seu relógio, me chamava de rainha
Me encontrou tão desarmada que tocou meu coração
Mas não me negava nada, e assustada, eu disse não
O segundo me chegou como quem chega do bar
Trouxe um litro de aguardente tão amarga de tragar
Indagou o meu passado e cheirou minha comida
Vasculhou minha gaveta me chamava de perdida
Me encontrou tão desarmada que arranhou meu coração
Mas não me entregava nada, e assustada, eu disse não
O terceiro me chegou como quem chega do nada
Ele não me trouxe nada também nada perguntou
Mal sei como ele se chama mas entendo o que ele quer
Se deitou na minha cama e me chama de mulher
Foi chegando sorrateiro e antes que eu dissesse não
Se instalou feito um posseiro dentro do meu coração
Bom dia
Escuto muita música boa….
Simples Carinho
Angela Rô Rô
Amar e sofrer
Eu vou te dizer
Mas vou duvidar
Querendo ou não
O meu coração
Já quer se entregar
Não falta lembrança
Aviso, cobrança
Você vai por mim
Mas feito criança
Lá vou na esperança
Eu sou mesmo assim
Quem sabe até meu destino
Amor sem espinhos
Sou mel da sua boca, calor dos abraços
E tantos beijinhos
Se o sonho acabou
Não sei meu amor
Nem quero saber
Só sei que ontem à noite
Sorrindo acordada
Sonhei com você
Às vezes até na vida é melhor
Ficar bem sozinho
Pra gente sentir qual é o valor
De um simples carinho
Te sinto no ar
Na brisa do mar
Eu quero te ver
Pois ontem à noite
Sonhando acordada
Dormi com você
Bela música e muito bem interpretada por Angêla Ro Ro , Bom dia.
Na cadência do samba
Os Novos Baianos
Batucada de bamba
cadência bonita do samba
Batucada de bamba
cadência bonita do samba
Batucada de bamba
cadência bonita do samba
Batucada de bamba
cadência bonita do samba
Eu sei que vou morrer
Não sei o dia
Levarei saudades da Maria
Sei que vou morrer
Não sei a hora
Levarei saudades da Aurora
Quero morrer numa batucada de bamba
Na cadência bonita do samba
Quero morrer numa batucada de bamba
Na cadência bonita do samba
Mas o meu nome vagabundo nenhum vai jogar na lama
Diz o dito popular
Morre o homem e fica a fama
Eu quero morrer numa batucada de bamba
Na cadência bonita do samba
Quero morrer numa batucada de bamba
Na cadência bonita do samba
Batucada de bamba
cadência bonita do samba
Batucada de bamba
cadência bonita do samba
Batucada de bamba
cadência bonita do samba
Batucada de bamba
cadência bonita do samba
Bom dia.
Vai Vai – Samba Enredo 2015
Samba-Enredo
Ah hê, ah êa, ah hê, ah êa, ah hê, ah êa êêêê
Lá lá laiá, la laiá, la laiá , la laiá , la laiá, la la êê
Reluziu
Seu canto ecoou no meu Brasil
Cantora igual jamais se ouviu
Saracura a cantar bem mais feliz
Simplesmente Elis
Carnaval
A Bela Vista está em festa
Qua qua ra qua qua
Vem viajar, a hora é esta
Mergulhando na emoção
Encontrei inspiração
Que linda voz, salve a rainha
Fiz Louvação em aquarela
Na passarela hoje tem arrastão
Upa, neguinho
Na estrada é demais
Vou a romaria como nossos pais
De um falso brilhante eu fiz fantasia
Maria Maria
Águas de março a rolar
Trem azul vai passar
Um sonho mais lindo
Na batucada da vida
Um samba no Bexiga
Vai amanhecer
A cantar a dor o amor
O bêbado e a equilibrista
A voz do povo diz que o show de todo artista
Tem que continuar
Glória, fino da bossa
Com Jair só alegria
Hoje retrato em preto e branco na folia
A grande estrela deste meu país
Bela homenagem……
Bom dia
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Dança da Solidão
Marisa Monte
Solidão é lava
Que cobre tudo
Amargura em minha boca
Sorri seus dentes de chumbo…
Solidão, palavra
Cavada no coração
Resignado e mudo
No compasso da desilusão…
Viu!
Desilusão, desilusão
Danço eu, dança você
Na dança da solidão…(2x)
Camélia ficou viúva,
Joana se apaixonou,
Maria tentou a morte,
Por causa do seu amor…
Meu pai sempre me dizia:
Meu filho tome cuidado,
Quando eu penso no futuro,
Não esqueço o meu passado
Oh!…
Desilusão, desilusão
Danço eu, dança você
Na dança da solidão
Viu!
Desilusão, desilusão
Danço eu, dança você
Na dança da solidão…
Quando vem a madrugada
Meu pensamento vagueia
Corro os dedos na viola
Contemplando a lua cheia…
Apesar de tudo existe
Uma fonte de água pura
Quem beber daquela água
Não terá mais amargura
Oh!…
Desilusão, desilusão
Danço eu, dança você
Na dança da solidão
Viu!
Desilusão, desilusão
Danço eu, dança você
Na dança da solidão…
Danço eu, dança você
Na dança da solidão…(2x)
Desilusão! Oh! Oh! Oh!..
Bom dia
Tenha Calma
Maria Bethânia
Quer me deixar
Não sei porque
Deixa eu pensar
Pra sei lá, ver
O que fazer
Pra você ficar
Sem seu amor
A vida passa em vão
Se você for
O que é de vidro quebra no meu coração
Seu olhar é lindo
Ver você sorrindo é demais
Por favor não faz
Me dizer adeus, vai me botar a perder
Tenha calma, não se vá, meu pop star, tenha fé
Te prometo vir a ser do jeito que você quer
Um amor de mulher
Tenha calma, não se vá, meu pop star, tenha fé
Te prometo vir a ser do jeito que você quer
Um amor de mulher
Sem seu amor
A vida passa em vão
Se você for
O que é de vidro quebra no meu coração
Seu olhar é lindo
Ver você sorrindo é demais
Por favor não faz
Me dizer adeus, vai me botar a perder
Tenha calma, não se vá, meu pop star, tenha fé
Te prometo vir a ser do jeito que você quer
Um amor de mulher
Tenha calma, não se vá, meu pop star, tenha fé
Te prometo vir a ser do jeito que você quer
Um amor de mulher
Bom dia.
Amor em Paz
Fafá de Belém
Eu amei
E amei ai de mim muito mais
Do que devia amar
E chorei
Ao sentir que iria sofrer
E me desesperar
Foi então
Que da minha infinita tristeza
Aconteceu você
A razão de viver
E de amar em paz
E não sofrer mais
Nunca mais
Porque o amor
É a coisa mais triste
Quando se desfaz
O amor é a coisa mais triste
Quando se desfaz
Bom dia
Amigo é Para Essas Coisas
MPB-4
– Salve!
– Como é que vai?
– Amigo, há quanto tempo!
– Um ano ou mais
– Posso sentar um pouco?
– Faça o favor
– A vida é um dilema
– Nem sempre vale a pena
– Pô…
– O que é que há?
– Rosa acabou comigo
– Meu Deus, por quê?
– Nem Deus sabe o motivo
– Deus é bom
– Mas não foi bom pra mim
– Todo amor um dia chega ao fim
– Triste
– É sempre assim
– Eu desejava um trago
– Garçom, mais dois
– Não sei quando eu lhe pago
– Se vê depois
– Estou desempregado
– Você está mais velho
– É
– Vida ruim
– Você está bem disposto
– Também sofri
– Mas não se vê no rosto
– Pode ser
– Você foi mais feliz
– Dei mais sorte com a Beatriz
– Pois é
– Vivo bem
– Pra frente é que se anda
– Você se lembra dela?
– Não
– Lhe apresentei
– Minha memória é fogo!
– E o l´argent?
– Defendo algum no jogo
– E amanhã?
– Que bom se eu morresse!
– Pra quê, rapaz?
– Talvez Rosa sofresse
– Vá atrás!
– Na morte a gente esquece
– Mas no amor a gente fica em paz
– Adeus
– Toma mais um
– Já amolei bastante
– De jeito algum!
– Muito obrigado, amigo
– Não tem de quê
– Por você ter me ouvido
– Amigo é pra essas coisas
– Tá
– Tome um Cabral
– Sua amizade basta
– Pode faltar
– O apreço não tem preço, eu vivo ao Deus dará
Bom dia , gosto de uma boa música escuto dia todo.
Bodas de Prata
Elis Regina
Você fica deitada
De olhos arregalados
Ou andando no escuro de penhoir
Não adiantou nada
Cortar os cabelos e jogar no mar
Não adiantou nada o banho de ervas
Não adiantou nada o nome da outra
No pano vermelho pro anjo das trevas
Ele vai voltar tarde
Cheirando a cerveja
Se atirar de sapato na cama vazia
E dormir na hora murmurando Dora
E você é Maria
Você fica deitada com medo do escuro
Ouvindo bater no ouvido o coração descompassado
É o tempo Maria
Te comendo feito traça
Num vestido de noivado
Bom dia.
Solidão
Gal Costa
Sofro calada na solidão
Guardo comigo a memória do teu vulto em vão
Eu tudo fiz por você
E o resultado: desilusão
O dia passa, a noite vem
A solução desse caso eu cansei de buscar
Eu vou rezar pra você me querer
Outra vez como um dia me quis
Quando a saudade apertar
Não se acanhe comigo
Pode me procurar
Boa tarde
As Rosas não Falam
Fagner
Bate outra vez
Com esperanças o meu coração
Pois já vai terminando o verão, enfim
Volto ao jardim
Com a certeza que devo chorar
Pois bem sei que não queres voltar para mim
Queixo-me às rosas, mas que bobagem
As rosas não falam
Simplesmente as rosas exalam
O perfume que roubam de ti, ai
Devias vir
Para ver os meus olhos tristonhos
E, quem sabe, sonhavas meus sonhos
Por fim.
Bom dia.
O Homem Falou
Maria Rita
Pode chegar
Que a festa vai
É começar agora
E é prá chegar quem quiser
Deixe a tristeza prá lá
E traga o seu coração
Sua presença de irmão
Nós precisamos
De você nesse cordão…
Pode chegar
Que a casa é grande
E é toda nossa
Vamos limpar o salão
Para um desfile melhor
Vamos cuidar da harmonia
Da nossa evolução
Da unidade vai nascer
A nova idade
Da unidade vai nascer
A novidade…
E é prá chegar
Sabendo que a gente tem
O sol na mão
E o brilho das pessoas
É bem maior
Irá iluminar nossas manhãs
Vamos levar o samba com união
No pique de uma escola campeã…
Não vamos deixar
Ninguém atrapalhar
A nossa passagem
Não vamos deixar ninguém
Chegar com sacanagem
Vambora que a hora é essa
E vamos ganhar
Não vamos deixar
Uns e outros melar…
Oô eô eá!
E a festa vai apenas
Começar
Oô eô eá!
Não vamos deixar
Ninguém dispersar
(O Homem Falou)…(final 2x)
Bom dia
Pagu
Maria Rita
Mexo, remexo na inquisição
Só quem já morreu na fogueira
Sabe o que é ser carvão
Eu sou pau pra toda obra
Deus dá asas à minha cobra
Hum! Hum!
Minha força não é bruta
Não sou freira, nem sou puta
Porque nem toda feiticeira é corcunda
Nem toda brasileira é bunda
Meu peito não é de silicone
Sou mais macho que muito homem!
Nem toda feiticeira é corcunda
Nem toda brasileira é bunda
Meu peito não é de silicone
Eu sou mais macho que muito homem
Ratatá! Ratatá! Ratatá!
Parapá! Parapá!
Hum! Hum!
Sou rainha do meu tanque
Sou Pagu indignada no palanque
Hi! Hi!
Fama de porra louca, tudo bem!
Minha mãe é Maria Ninguém
Hi! Hi! Eh! Eh!
Não sou atriz, modelo, dançarina
Meu buraco é mais em cima
Porque nem toda feiticeira é corcunda
Nem toda brasileira é bunda
Meu peito não é de silicone
Sou mais macho que muito homem!
Nem toda feiticeira é corcunda
Nem toda brasileira é bunda
Meu peito não é de silicone
Eu sou mais macho que muito homem
Ratatá! Ratatatá
Hiii! Ratatá
Parapá! Parapá!
Bom dia
Poema
Ney Matogrosso
Eu hoje tive um pesadelo e levantei atento, a tempo
Eu acordei com medo e procurei no escuro
Alguém com seu carinho e lembrei de um tempo
Porque o passado me traz uma lembrança
Do tempo que eu era criança
E o medo era motivo de choro
Desculpa pra um abraço ou um consolo
Hoje eu acordei com medo mas não chorei
Nem reclamei abrigo
Do escuro eu via um infinito sem presente
Passado ou futuro
Senti um abraço forte, já não era medo
Era uma coisa sua que ficou em mim,
De repente a gente vê que perdeu
Ou está perdendo alguma coisa
Morna e ingênua
Que vai ficando no caminho
Que é escuro e frio mas também bonito
Porque é iluminado
Pela beleza do que aconteceu
Há minutos atrás
Eu hoje tive um pesadelo e levantei atento, a tempo
Eu acordei com medo e procurei no escuro
Alguém com seu carinho e lembrei de um tempo
Porque o passado me traz uma lembrança
Do tempo que eu era criança
E o medo era motivo de choro
Desculpa pra um abraço ou um consolo
Hoje eu acordei com medo mas não chorei
Nem reclamei abrigo
Do escuro eu via um infinito sem presente
Passado ou futuro
Senti um abraço forte, já não era medo
Era uma coisa sua que ficou em mim, que não tem fim
De repente a gente vê que perdeu
Ou está perdendo alguma coisa
Morna e ingênua
Que vai ficando no caminho
Que é escuro e frio mas também bonito
Porque é iluminado
Pela beleza do que aconteceu
Há minutos atrás
Bom Dia
Cidade Maravilhosa
Caetano Veloso
Berço do samba e das lindas canções
Que vivem n’alma da gente
És o altar dos nossos corações
Que cantam alegremente
Cidade maravilhosa
Cheia de encantos mil
Cidade maravilhosa
Coração do meu Brasil
Cidade maravilhosa
Cheia de encantos mil
Cidade maravilhosa
Coração do meu Brasil
Jardim florido de amor e saudade
Terra que a todos seduz
Que Deus te cubra de felicidade
Ninho de sonho e de luz
Cidade maravilhosa
Cheia de encantos mil
Cidade maravilhosa
Coração do meu Brasil
Cidade maravilhosa
Cheia de encantos mil
Cidade maravilhosa
Coração do meu Brasil
Bom dia.
Para a data de hoje tão Especial……
Garota De Ipanema
Tom Jobim
Olha que coisa mais linda
Mais cheia de graça
É ela menina
Que vem e que passa
Num doce balanço
A caminho do mar
Moça do corpo dourado
Do sol de Ipanema
O seu balançado é mais que um poema
É a coisa mais linda que eu já vi passar
Ah, por que estou tão sozinho?
Ah, por que tudo é tão triste?
Ah, a beleza que existe
A beleza que não é só minha
Que também passa sozinha
Ah, se ela soubesse
Que quando ela passa
O mundo inteirinho se enche de graça
E fica mais lindo
Por causa do amor
Bom dia
Elza Soares
Itamar Assumpção
Desde que me entendo por gente
Elza soares da vida
Dar armas brancas, químicas, quentes
Música é a preferida
Eu disse
Dar armas brancas, químicas, quentes
Música é a preferida
Desde que me entendo por gente
Eu sambo, eu faço o que gosto
My soul is black, meu sangue é quente
Eu quando gosto, me enrosco
Eu disse
My soul is black, meu sangue é quente
Eu quando gosto, me enrosco
Desde que me entendo por gente
Difíceis momentos tristes
Vivus vi veri vici noutros continentes
Eu sei que o amor resiste
Eu disse
Vivus vi veri vici noutros continentes
Eu sei que o amor resiste
Bom dia.
Samba da Pergunta
Elis Regina
Ela agora mora só no pensamento
Ou então no firmamento
Em tudo que no céu viaja
Pode ser um astronauta
Ou ainda um passarinho
Ou virou um pé de vento
Pipa de papel de seda
Ou, quem sabe
Um balãozinho
Pode estar num asteróide
Pode ser a Estrela Dalva
Que daqui se olha
Pode estar morando em Marte
Nunca mais se soube dela
Desapareceu..
Bom dia.
Na Batucada Da Vida
Elis Regina
No dia em que eu apareci no mundo
Juntou uma porção de vagabundo da orgia
De noite teve samba e batucada
Que acabou de madrugada em grossa pancadaria
Depois do meu batismo de fumaça
Mamei um litro e meio de cachaça – bem puxados
E fui adormecer como um despacho
Deitadinha no capacho na porta dos enjeitados
Cresci olhando a vida sem malícia
Quando um cabo de polícia despertou meu coração
E como eu fui pra ele muito boa
Me soltou na rua à toa, desprezada como um cão
E hoje que eu sou mesmo da virada
E que eu não tenho nada, nada
Que por Deus fui esquecida
Irei cada vez mais me esmolambado
Seguirei sempre cantando
Na Batucada da vida
Adoro escutar uma boa música , ouço muito e adoro Elis….
Boa tarde
Escrito nas Estrelas
Tetê Espíndola
Você pra mim foi o sol
De uma noite sem fim
Que acendeu o que sou
E renasceu tudo em mim
Agora eu sei muito bem
Que eu nasci só pra ser
Sua parceira, seu bem
E só morrer de prazer
Caso do acaso
Bem marcado em cartas de tarôt
Meu amor, esse amor
De cartas claras sobre a mesa
É assim
Signo do destino
Que surpresa ele nos preparou
Meu amor, nosso amor
Estava escrito nas estrelas
Tava, sim
Você me deu atenção
E tomou conta de mim
Por isso minha intenção
É prosseguir sempre assim
Pois sem você, meu tesão
Não sei o que eu vou ser
Agora preste atenção
Quero casar com você
Bom dia.
Águas de Março
Elis Regina
É pau, é pedra
É o fim do caminho
É um resto de toco
É um pouco sozinho…
É um caco de vidro
É a vida, é o sol
É a noite, é a morte
É um laço, é o anzol…
É peroba do campo
O nó da madeira
Caingá, Candeia
É o matita-pereira…
É madeira de vento
Tombo da ribanceira
É um mistério profundo
É o queira ou não queira…
É o vento ventando
É o fim da ladeira
É a viga, é o vão
Festa da Cumieira…
É a chuva chovendo
É conversa ribeira
Das águas de março
É o fim da canseira…
É o pé é o chão
É a marcha estradeira
Passarinho na mão
Pedra de atiradeira…
Uma ave no céu
Uma ave no chão
É um regato, é uma fonte
É um pedaço de pão…
É o fundo do poço
É o fim do caminho
No rosto o desgosto
É um pouco sozinho…
É um estrepe, é um prego
É uma ponta, é um ponto
É um pingo pingando
É uma conta, é um conto…
É um peixe, é um gesto
É uma prata brilhando
É a luz da manhã
É o tijolo chegando…
É a lenha, é o dia
É o fim da picada
É a garrafa de cana
Estilhaço na estrada…
É o projeto da casa
É o corpo na cama
É o carro enguiçado
É a lama, é a lama…
É um passo é uma ponte
É um sapo, é uma rã
É um resto de mato
Na luz da manhã…
São as águas de março
Fechando o verão
É a promessa de vida
No teu coração…
É pau, é pedra
É o fim do caminho
É um resto de toco
É um pouco sozinho…
É uma cobra, é um pau
É João, é José
É um espinho na mão
É um corte no pé…
São as águas de março
Fechando o verão
É a promessa de vida
No teu coração…
É pau, é pedra
É o fim do caminho
É um resto de toco
É um pouco sozinho…
É um passo, é uma ponte
É um sapo, é uma rã
É um belo horizonte
É uma febre terçã…
São as águas de março
Fechando o verão
É a promessa de vida
No teu coração…
É pau, é pedra
É o fim do caminho
É um resto de toco
É um pouco sozinho…
É pau, é pedra
É o fim do caminho
É um resto de toco
É um pouco sozinho…
Pau, Pedra…
Fim do caminho…
Resto de toco…
Pouco sozinho…
Pau, Pedra…
Fim do caminho…
Resto de toco…
Pouco sozinho…
Pedra…
Caminho…
Pouco…
Sozinho…
Pedra…
Caminho…
Pouco…
Sozinho…
Pedra…
Caminho…
É um Pouco.
Bom dia
Essa Mulher
Elis Regina
De manhã cedo essa senhora se conforma
Bota a mesa, tira o pó, lava a roupa, seca os olhos
Ah. como essa santa não se esquece de pedir pelas mulheres
Pelos filhos, pelo pão
Depois sorri, meio sem graça
E abraça aquele homem, aquele mundo
Que a faz assim, feliz
De tardezinha essas menina se namora
Se enfeita se decora, sabe tudo, não faz mal
Ah, como essa coisa é tão bonita
Ser cantora, ser artista
Isso tudo é muito bom
E chora tanto de prazer e de agonia
De algum dia qualquer dia
Entender de ser feliz
De madrugada essa mulher faz tanto estrago
Tira a roupa, faz a cama, vira a mesa, seca o bar
Ah, como essa louca se esquece
Quanto os homens enlouquece
Nessa boca, nesse chão
Depois parece que acha graça
E agradece ao destino aquilo tudo
Que a faz tão infeliz
Essa menina, essa mulher, essa senhora
Em que esbarro toda hora
No espelho casual
É feita de sombra e tanta luz
De tanta lama e tanta cruz
Que acha tudo natural.
Bom dia.
Brasileirinho
Baby do Brasil
O brasileiro quando é do choro
É entusiasmado quando cai no samba,
Não fica abafado e é um desacato
Quando chega no salão.
Não há quem possa resistir
Quando o chorinho brasileiro faz sentir,
Ainda mais de cavaquinho,
Com um pandeiro e um violão
Na marcação.
Brasileirinho chegou e a todos encantou,
Fez todo mundo dançar
A noite inteira no terreiro
Até o sol raiar.
E quando o baile terminou
A turma não se conformou:
Brasileirinho abafou!
Até o velho que já estava encostado
Neste dia se acabou!
Para falar a verdade, estava conversando
Com alguém de respeito
E ao ouvir o grande choro
Eu dei logo um jeito e deixei o camarada
Falando sozinho. Gostei, dancei,
Pulei, pisei até me acabei
E nunca mais esquecerei o tal chorinho
Brasileirinho!
Bom dia.
Rumo Ao Infinito
Maria Rita
Tenho tanto pra falar
Não deixe que o mau tempo venha pra desarrumar
Se a gente arrumou
Ninguém vai bagunçar
Vem cá, me dê um abraço
Vamos acalmar
A vida já mostrou
Não é pra duvidar
Isso é coisa de momento, eu sei que vai passar
Pois é
Nosso grande amor
Que balança mas não cai
Com fé
Já se superou
Rumo ao infinito vai
E por ser tão forte assim
Bem mais lindo que um jardim
Nada pode abalar
Teu sorriso é bom pra mim
Só eu sei te alegrar
Tá na hora da gente com jeito reconciliar
Bom dia.
Ruas de outono
Gal Costa
Nas ruas de outono, os meus passos vão ficar
E todo abandono que eu sentia, vai passar
As folhas pelo chão que um dia o vento vai levar
Meus olhos só verão que tudo poderá mudar
Eu voltei por entre as flores da estrada
Pra dizer que sem você não há mais nada
Quero ter você bem mais que perto
Com você eu sinto o céu aberto
Daria pra escrever um livro, se eu fosse contar
Tudo que passei antes de te encontrar
Pego sua mão e peço pra me escutar
Seu olhar me diz que você quer me acompanhar
Eu voltei por entre as flores da estrada
Pra dizer que sem você não há mais nada…
Bom dia………..
Pétala
Cássia Eller
O seu amor
Reluz que nem riqueza
Asa do meu destino
Clareza do tino
Pétala
De estrela caindo bem devagar
Ó, meu amor,
Viver é todo sacrifício
Feito em seu nome
Quanto mais desejo um beijo seu
Muito mais eu vejo gosto em viver, viver…
Por ser exato o amor não cabe em si
Por ser encantado o amor revela-se
Por ser amor
Invade
E fim
Bom dia.
Vila do Sossego
Cássia Eller
Oh, eu não sei se eram os antigos que diziam
em seus papiros, papillon já me dizia
que nas torturas toda carne se trai que normalmente, comumente, fatalmente, felizmente, displicentemente o nervo se contrai
Oh, com precisão
nos aviões que vomitavam pára-quedas
nas casamatas, caso vivas, caso morras
e nos delirios meus grilos rever
o casamento, o rompimento, o sacramento, o documento
como um passatempo quero mais te ver
oh, com afliçao
o meu treponema não é pálido nem viscoso
os meus gametas se agrupam no meu som
e as querubinas, meninas, rever
um compromisso submisso,rebuliço no curtiço
chame o padre “ciço” para me benzer
oh, com devoção
Boa tarde.
Napoleão
Ney Matogrosso
Napoleão com seus cem soldados (3x)
Napoleão viveu com seus cem soldados
Napoleão comeu com seus cem soldados
Napoleão dormiu com seus cem soldados
Napoleão brigou com seus cem soldados
Napoleão venceu com seus cem soldados
Napoleão morreu com seus cem soldados
Napoleão com seus cem soldados
Um morreu de frente o outro morreu de lado
Um morreu deitado e o outro morreu sorridente
Um era soldado o outro era presidente
Ah, um era meu avô o outro era filho meu
Um morreu decapitado e outro morreu soluçando
Um até morreu gritando, cada qual mais diferente
Ai, ai, ai, quedê, ai ai ai quedê quedê
Quedê quedê quedê quedê quedê quedê
Mas quem é que sabe o nome desses cem soldados
Napoleão com seus cem soldados
Quem é que sabe o sobrenome desses cem soldados
Napoleão com seus cem soldados
Cem soldados sem velório, cem guerreiros sem história
Napoleão com seus cem soldados
Cem minutos sem memória, sem certo e sem errado
Napoleão com seus cem soldados
E quem sabe me dizer se eram cem soldados
Eu quero ver pra acreditar, eu quero ver, eu quero ver
Boa tarde.
Na Baixa do Sapateiro
Elis Regina
Bahia, terra da felicidade
Moreno!
Eu ando louca de saudade
Meu Senhor do Bonfim
Arranje outro moreno
Igualzinho, prá mim…
Na Baixa do Sapateiro
Eu encontrei um dia
Um moreno mais folgado
Da Bahia
Pedi-lhe um beijo, não deu
Um abraço, sorriu
Pedi-lhe a mão
Não quis dar
Fugiu…
Bahia
Terra de felicidade
Moreno!
Eu ando louca de saudade
Meu Senhor do Bonfim
Arranje outro moreno
Igualzinha prá mim
Aí Bahia, aí, aí…
Aí Bahia, aí, aí…
Bom dia
Feliz Aniversário
Lô Borges
Feliz aniversário, meu bem
Parabéns para quem gostar de você
Feliz pra você, feliz pra nós dois
Feliz para o seu amor
Serei pra você o amor que não tem fim
Nem vale esquecer
Ondas, três contas,
Três mundos, três nós
Um, dois, três, um
Dois, três, um
Dois, três, um
Se outro alguém pintar pra você
Não se esconda não
Mas me faz um favor
Se lembra de mim
No seu parabéns
Um brinde ao nosso amor
Serei pra você
O amor que não tem fim
Nem vale esquecer
Ondas, três contas
Três mundos, três nós
Mundos, três pontas,
Três fontes, três nós
Feliz aniversário, meu bem
Parabéns para quem gostou de você
Feliz pra você, feliz pra nós dois
Feliz para o seu amor
Nem vale esquecer
Um, dois, três, um
Dois, três, um
Dois, três, um
Ondas, três contas
Três mundos, três nós…
Feliz Aniversario Elis Regina em seus 70 anos, sendo recordada eternamente por mais de 700000 vezes em nosso corações !
Mario Carlos Fernandez
Bom dia !
Folhas secas
Elis Regina
Quando piso em folhas secas
Caídas de uma mangueira
Penso na minha escola
E nos poetas da minha Estação primeira
Não sei quantas vezes
Subi o morro cantando
Sempre o Sol me queimando
E assim vou me acabando
Quando o tempo avisar
Que eu não posso mais cantar
Sei que vou sentir saudade
Ao lado do meu violão e da minha mocidade
Feliz dia , onde ser que você esteja !
Tenha certeza que são mais de 70 milhões mundo a fora que até hoje escutam suas gravações
Bom Dia !
Bom conselho
Chico Buarque.
Ouça um bom conselho
Que eu lhe dou de graça
Inútil dormir que a dor não passa
Espere sentado
Ou você se cansa
Está provado, quem espera nunca alcança
Venha, meu amigo
Deixe esse regaço
Brinque com meu fogo
Venha se queimar
Faça como eu digo
Faça como eu faço
Aja duas vezes antes de pensar
Corro atrás do tempo
Vim de não sei onde
Devagar é que não se vai longe
Eu semeio o vento
Na minha cidade
Vou pra rua e bebo a tempestade
Bom dia.
Aquarela Do Brasil
João Gilberto
Brasil!
Meu Brasil Brasileiro
Meu mulato inzoneiro
Vou cantar-te nos meus versos
Brasil, samba que dá
Bamboleio, que faz gingar
O Brasil do meu amor
Terra de Nosso Senhor…
Abre a cortina do passado
Tira a mãe preta do cerrado
Bota o rei congo no congado
Canta de novo o trovador
A merencória à luz da lua
Toda canção do seu amor
Quero ver essa dona caminhando
Pelos salões arrastando
O seu vestido rendado…
Esse coqueiro que dá coco
Oi! Onde amarro minha rede
Nas noites claras de luar
Por essas fontes murmurantes
Onde eu mato a minha sede
Onde a lua vem brincar
Esse Brasil lindo e trigueiro
É o meu Brasil Brasileiro
Terra de samba e pandeiro…
Brasil!
Terra boa e gostosa
Da morena sestrosa
De olhar indiferente
Brasil, samba que dá
Para o mundo se admirar
O Brasil, do meu amor
Terra de Nosso Senhor…
Abre a cortina do passado
Tira a mãe preta do cerrado
Bota o rei congo no congado
Canta de novo o trovador
A merencória à luz da lua
Toda canção do seu amor
Huuum!
Essa dona caminhando
Pelos salões arrastando
O seu vestido rendado…
Esse coqueiro que dá coco
Onde amarro minha rede
Nas noites claras de luar
Por essas fontes murmurantes
Onde eu mato a minha sede
Onde a lua vem brincar
Huuum!
Esse Brasil lindo e trigueiro
É o meu Brasil Brasileiro
Terra de samba e pandeiro…
Brasil!
Meu Brasil Brasileiro
Mulato inzoneiro
Vou cantar-te nos meus versos
Brasil, samba que dá
Bamboleio, que faz gingar
O Brasil do meu amor
Terra de Nosso Senhor…
Abre a cortina do passado
Tira a mãe preta do cerrado
Bota o rei congo no congado
Canta de novo o trovador
A merencória à luz da lua
Toda canção do seu amor
Quero ver essa dona caminhando
Pelos salões arrastando
O seu vestido rendado…
Esse coqueiro que dá coco
Onde amarro minha rede
Nas noites claras de luar
Por essas fontes murmurantes
Onde eu mato a minha sede
Onde a lua vem brincar
Esse Brasil lindo e trigueiro
É o meu Brasil Brasileiro
Terra de samba e pandeiro…
Oi! Essas fontes murmurantes
Onde eu mato a minha sede
Onde a lua vem brincar
Esse Brasil lindo e trigueiro
É o meu Brasil Brasileiro
Terra de samba e pandeiro
Brasil!
Bom dia
Planeta Água
Guilherme Arantes
Água que nasce na fonte serena do mundo
E que abre um profundo grotão
Água que faz inocente riacho
E deságua na corrente do ribeirão
Águas escuras dos rios
Que levam a fertilidade ao sertão
Águas que banham aldeias
E matam a sede da população
Águas que caem das pedras
No véu das cascatas, ronco de trovão
E depois dormem tranquilas
No leito dos lagos
No leito dos lagos
Água dos igarapés
Onde Iara, a mãe d’água
É misteriosa canção
Água que o sol evapora
Pro céu vai embora
Virar nuvens de algodão
Gotas de água da chuva
Alegre arco-íris sobre a plantação
Gotas de água da chuva
Tão tristes, são lágrimas na inundação
Águas que movem moinhos
São as mesmas águas que encharcam o chão
E sempre voltam humildes
Pro fundo da terra
Pro fundo da terra
Terra! Planeta Água
Terra! Planeta Água
Terra! Planeta Água
Água que nasce na fonte serena do mundo
E que abre um profundo grotão
Água que faz inocente riacho
E deságua na corrente do ribeirão
Águas escuras dos rios
Que levam a fertilidade ao sertão
Águas que banham aldeias
E matam a sede da população
Águas que movem moinhos
São as mesmas águas que encharcam o chão
E sempre voltam humildes
Pro fundo da terra
Pro fundo da terra
Terra! Planeta Água
Terra! Planeta Água
Terra! Planeta Água
Terra! Planeta Água
Terra! Planeta Água
Terra! Planeta Água
Bom dia.
Babylon
Zeca Baleiro
Baby!
I’m so alone
Vamos pra Babylon!
Viver a pão-de-ló
E möet chandon
Vamos pra Babylon!
Vamos pra Babylon!…
Gozar!
Sem se preocupar com amanhã
Vamos pra Babylon
Baby! Baby! Babylon!…
Comprar o que houver
Au revoir ralé
Finesse s’il vous plait
Mon dieu je t’aime glamour
Manhattan by night
Passear de iate
Nos mares do pacífico sul…
Baby!
I’m alive like
A Rolling Stone
Vamos pra Babylon
Vida é um souvenir
Made in Hong Kong
Vamos pra Babylon!
Vamos pra Babylon!…
Vem ser feliz
Ao lado deste bon vivant
Vamos pra Babylon
Baby! Baby! Babylon!…
De tudo provar
Champanhe, caviar
Scotch, escargot, rayban
Bye, bye miserê
Kaya now to me
O céu seja aqui
Minha religião é o prazer…
Não tenho dinheiro
Pra pagar a minha yoga
Não tenho dinheiro
Pra bancar a minha droga
Eu não tenho renda
Pra descolar a merenda
Cansei de ser duro
Vou botar minh’alma à venda…
Eu não tenho grana
Pra sair com o meu broto
Eu não compro roupa
Por isso que eu ando roto
Nada vem de graça
Nem o pão, nem a cachaça
Quero ser o caçador
Ando cansado de ser caça…
Não tenho dinheiro
Pra pagar a minha yoga
Não tenho dinheiro
Pra bancar a minha droga
Eu não tenho renda
Pra descolar a merenda
Cansei de ser duro
Vou botar minh’alma à venda…
Eu não tenho grana
Pra sair com o meu broto
Eu não compro roupa
Por isso que eu ando roto
Nada vem de graça
Nem o pão, nem a cachaça
Quero ser o caçador
Ando cansado de ser caça…
Ai, morena! Viver é bom
Esquece as penas
Vem morar comigo
Em Babylon…(4x)
Bom dia.
Tesoura do Desejo
Alceu Valença
Você atravessando aquela rua vestida de negro
E eu lhe esperando em frente a um certo bar, Leblon
Você se aproximando e eu morrendo de medo
Ali, bem mesmo em frente a um certo bar, Leblon
Quando eu atravessava aquela rua, morria de medo
De ver o teu sorriso e começar um velho sonho bom
E o sonho fatalmente viraria pesadelo
Ali, bem mesmo em frente a um certo bar, Leblon
– Vamos entrar…
– Não tenho tempo!
– O que é que houve?
– O que é que há?
– O que é que houve, meu amor, você cortou os seus cabelos?
– Foi a tesoura do desejo, desejo mesmo de mudar
Boa tarde……
Ana Carolina
Alguém me disse que tu andas novamente
De novo amor, nova paixão, todo contente
Conheço bem tuas promessas
Outras ouvi iguais a essa
Esse teu jeito de enganar conheço bem
Pouco me importa que tu beijes tantas vezes
E que tu mudes de paixão todos os meses
Se vais beijar como eu bem sei
Fazer sonhar como eu sonhei
Mas sem ter nunca amor igual ao que eu te dei .
Bom dia;
Dura na queda
Elza Soares
Perdida
Na avenida
Canta seu enredo
Fora do carnaval
Perdeu a saia
Perdeu o emprego
Desfila natural
Esquinas
Mil buzinas
Imagina orquestras
Samba no chafariz
Viva a folia
A dor não presta
Felicidade, sim
O sol ensolará e estrada dela
A lua alumiará o mar
A vida é bela
O sol, estrada amarela
E as ondas, as ondas, as ondas, as ondas
Bambeia
Cambaleia
É dura na queda
Custa a cair em si
Largou a família
Bebeu veneno
E vai morrer de rir
Vagueia
Devaneia
Já apanhou à beça
Mas para quem sabe olhar
A flor também é
Ferida aberta
E não se vê chorar
O sol ensolará e estrada dela
A lua alumiará o mar
A vida é bela
O sol, estrada amarela
E as ondas, as ondas, as ondas, as ondas
Bom dia.
Paralelas
Belchior
Dentro do carro
Sobre o trevo
A cem por hora, ó meu amor
Só tens agora os carinhos do motor
E no escritório em que eu trabalho
e fico rico, quanto mais eu multiplico
Diminui o meu amor
Em cada luz de mercúrio
vejo a luz do teu olhar
Passas praças, viadutos
Nem te lembras de voltar, de voltar, de voltar
No Corcovado, quem abre os braços sou eu
Copacabana, esta semana, o mar sou eu
Como é perversa a juventude do meu coração
Que só entende o que é cruel, o que é paixão
E as paralelas dos pneus n’água das ruas
São duas estradas nuas
Em que foges do que é teu
No apartamento, oitavo andar
Abro a vidraça e grito, grito quando o carro passa
Teu infinito sou eu, sou eu, sou eu, sou eu
Boa tarde
Flores do Mal
Barão Vermelho
Não me atire no mar de solidão
Você tem a faca, o queijo e meu coração nas mãos
Não me retalhe em escândalos
Nem tão pouco cobre o perdão
Deixe que eu cure a ferida dessa louca paixão
Que acabou feito um sonho
Foi o meu inferno, foi o meu descanso
A mesma mão que acaricia, fere e sai furtiva
Faz do amor uma história triste
O bem que você me fez nunca foi real
Da semente mais rica, nasceram flores do mal
Huummm
Não me atire no mar de solidão
Você tem a faca, o queijo e meu coração nas mãos
Não me retalhe em escândalos
Nem tão pouco cobre o perdão
Deixe que eu cure a ferida dessa louca paixão
Não me esqueça por tão pouco
Nem diga adeus por engano
Mas é sempre assim
A mesma mão que acaricia, fere e sai furtiva
Faz do amor uma história triste
O bem que você me fez nunca foi real
Da semente mais rica, nasceram flores do mal
Bom dia
Velha Roupa Colorida
Elis Regina
Você não sente, não vê
Mas eu não posso deixar de dizer, meu amigo
Que uma nova mudança em breve vai acontecer
O que há algum tempo era novo, jovem
Hoje é antigo
E precisamos todos rejuvenescer
Nunca mais teu pai falou: “She’s leaving home”
E meteu o pé na estrada “like a Rolling Stone”
Nunca mais você buscou sua menina
Para correr no seu carro, loucura, chiclete e som
Nunca mais você saiu à rua em grupo reunido
O dedo em V, cabelo ao vento
Amor e flor que é do cartaz
No presente a mente, o corpo é diferente
E o passado é uma roupa que não nos serve mais
Você não sente, não vê
Mas eu não posso deixar de dizer, meu amigo
Que uma nova mudança em breve vai acontecer
O que há algum tempo era novo, jovem
Hoje é antigo
E precisamos todos rejuvenescer
Como Poe, poeta louco americano
Eu pergunto ao passarinho: “Blackbird, o que se faz?”
“Raven never raven never raven”
Blackbird me responde
Tudo já ficou pra trás
“Raven never raven never raven”
Assum-preto me responde
O passado nunca mais
Você não sente, não vê
Mas eu não posso deixar de dizer, meu amigo
Que uma nova mudança em breve vai acontecer
O que há algum tempo era novo, jovem
Hoje é antigo
E precisamos todos rejuvenescer
E precisamos rejuvenescer
Bom dia
Fascinação
Elis Regina
Os sonhos mais lindos sonhei
De quimeras mil um castelo ergui
E o teu olhar, tonto de emoção
Com sofreguidão mil venturas previ
O teu corpo é luz, sedução
Poema divino cheio de esplendor
Teu sorriso prende, inebria e entontece
És fascinação, amor
Os sonhos mais lindos sonhei
De quimeras mil um castelo ergui
E o teu olhar, tonto de emoção
Com sofreguidão mil venturas previ
O teu corpo é luz, sedução
Poema divino cheio de esplendor
Teu sorriso prende, inebria e entontece
És fascinação, amor
Bom dia
Emoções
Maria Bethânia
Quando eu estou aqui,
Eu vivo esse momento lindo
Olhando pra você
E as mesmas emoções sentindo
São tantas já vividas
São momentos que eu não esqueci
Detalhes de uma vida
Histórias que eu contei aqui
Amigos eu ganhei
Saudades eu senti, partindo
E às vezes eu deixei
Você me ver chorar, sorrindo
Sei tudo que o amor
É capaz de me dar
Eu sei já sofri
Mas não deixo de amar
Se chorei
Ou se sofri
O importante
É que emoções eu vivi
Bom dia.
Carinhoso
Elis Regina
Meu coração, não sei por que
Bate feliz quando te vê
E os meus olhos ficam sorrindo
E pelas ruas vão te seguindo
Mas mesmo assim
Foges de mim
Ah se tu soubesses como sou tão carinhosa
E o muito, muito que te quero
E como é sincero o meu amor
Eu sei que tu não fugirias mais de mim
Vem, vem, vem, vem
Vem sentir o calor dos lábios meus a procura dos teus
Vem matar essa paixão que me devora o coração
E só assim então serei feliz
Bem feliz
Ah se tu soubesses como sou tão carinhosa
E o muito, muito que te quero
E como é sincero o meu amor
Eu sei que tu não fugirias mais de mim
Vem, vem, vem, vem
Vem sentir o calor dos lábios meus a procura dos teus
Vem matar essa paixão que me devora o coração
E só assim então serei feliz
Bem feliz
As Rosas Não Falam
Cartola
Bate outra vez
Com esperanças o meu coração
Pois já vai terminando o verão
Enfim
Volto ao jardim
Com a certeza que devo chorar
Pois bem sei que não queres voltar
Para mim
Queixo-me às rosas
Mas que bobagem
As rosas não falam
Simplesmente as rosas exalam
O perfume que roubam de ti, ai
Devias vir
Para ver os meus olhos tristonhos
E, quem sabe, sonhavas meus sonhos
Por fim
Bom dia
Álibi
Maria Bethânia
Havia mais que um desejo
A força do beijo
Por mais que vadia
Não sacia mais
Meus olhos lacrimejam seu corpo
Exposto à mentira do calor da ira
Do afã de um desejo que não contraíra
No amor, a tortura está por um triz
Mas a gente atura e até se mostra feliz
Quando se tem o álibi
De ter nascido ávido
E convivido inválido
Mesmo sem ter havido
Boa noite
Sinal Fechado
Elis Regina
-Olá, como vai?
-Eu vou indo, e você, tudo bem?
-Eu vou indo, correndo, pegar meu lugar no futuro, e você?
-Tudo bem, eu vou indo em busca de um sonho tranqüilo…
-Quem sabe?
-Quanto tempo!
-Pois, é quanto tempo!
-Me perdoe, a pressa é a alma dos nossos negócios!
-Ah, não tem de quê! Eu também só ando a cem!
-Quando é que você telefona?
-Precisamos nos ver por aí!
-Pra semana, prometo, talvez nos vejamos
-Quem sabe?
-Quanto tempo!
-Pois, é quanto tempo!
-Tanta coisa que eu tinha a dizer, mas eu sumi na poeira das ruas.
-Eu também tenho algo a dizer, mas me foge à lembrança…
-Por favor, telefone, eu preciso beber alguma coisa rapidamente!
-Pra semana…
-O sinal…
-Eu procuro você!
-Vai abrir, vai abrir!
-Prometo…
-Não esqueça, por favor!
-Não esqueça, não esqueça, não esqueça, não esqueça!
-Adeus!
Bom dia.
Amanhã
Guilherme Arantes
Amanhã!
Será um lindo dia
Da mais louca alegria
Que se possa imaginar
Amanhã!
Redobrada a força
Prá cima que não cessa
Há de vingar
Amanhã!
Mais nenhum mistério
Acima do ilusório
O astro rei vai brilhar
Amanhã!
A luminosidade
Alheia a qualquer vontade
Há de imperar!
Há de imperar!
Amanhã!
Está toda a esperança
Por menor que pareça
Existe e é prá vicejar
Amanhã!
Apesar de hoje
Será a estrada que surge
Prá se trilhar
Amanhã!
Mesmo que uns não queiram
Será de outros que esperam
Ver o dia raiar
Amanhã!
Ódios aplacados
Temores abrandados
Será pleno!
Será pleno
Bom dia
Bodas de Prata
Elis Regina
Você fica deitada
De olhos arregalados
Ou andando no escuro de penhoir
Não adiantou nada
Cortar os cabelos e jogar no mar
Não adiantou nada o banho de ervas
Não adiantou nada o nome da outra
No pano vermelho pro anjo das trevas
Ele vai voltar tarde
Cheirando a cerveja
Se atirar de sapato na cama vazia
E dormir na hora murmurando Dora
E você é Maria
Você fica deitada com medo do escuro
Ouvindo bater no ouvido o coração descompassado
É o tempo Maria
Te comendo feito traça
Num vestido de noivado
Bom dia.
Aquarela do Brasil
Gal Costa
Brasil, meu Brasil brasileiro
Meu mulato inzoneiro
Vou cantar-te nos meus versos
O Brasil, samba que dá
Bamboleio que faz gingar
O Brasil do meu amor
Terra de Nosso Senhor
Brasil pra mim
Pra mim, pra mim
Ah! abre a cortina do passado
Tira a mãe preta do cerrado
Bota o rei congo no congado
Brasil, pra mim
Deixa cantar de novo o trovador
A merencória luz da lua
Toda canção do meu amor
Quero ver essa dona caminhando
Pelos salões arrastando
O seu vestido rendado
Brasil pra mim
Pra mim, pra mim!
Brasil, terra boa e gostosa
Da morena sestrosa
De olhar indiscreto
O Brasil samba que dá
Bamboleio que faz gingar
O Brasil do meu amor
Terra de Nosso Senhor
Brasil pra mim
Pra mim, pra mim!
Oh, esse coqueiro que dá coco
Onde eu amarro a minha rede
Nas noites claras de luar
Brasil pra mim
Ah! ouve estas fontes murmurantes
Aonde eu mato a minha sede
E onde a lua vem brincar
Ah! esse Brasil lindo e trigueiro
É o meu Brasil brasileiro
Terra de samba e pandeiro
Brasil pra mim, pra mim, Brasil!
Brasil pra mim, pra mim, Brasil, Brasil!
Boa noite.
Trocando em Miúdos
Emílio Santiago
Eu vou lhe deixar a medida do Bonfim
Não me valeu
Mas fico com o disco do Pixinguinha, sim!
O resto é seu
Trocando em miúdos, pode guardar
As sobras de tudo que chamam lar
As sombras de tudo que fomos nós
As marcas de amor nos nossos lençóis
As nossas melhores lembranças
Aquela esperança de tudo se ajeitar
Pode esquecer
Aquela aliança, você pode empenhar
Ou derreter
Mas devo dizer que não vou lhe dar
O enorme prazer de me ver chorar
Nem vou lhe cobrar pelo seu estrago
Meu peito tão dilacerado
Aliás
Aceite uma ajuda do seu futuro amor
Pro aluguel
Devolva o Neruda que você me tomou
E nunca leu
Eu bato o portão sem fazer alarde
Eu levo a carteira identidade
Uma saideira, muita saudade
E a leve impressão de que já vou tarde.
Bom dia
tanto faz
quero entender a musica teatro magico nosso pequeno castelo
Grandiosa música, parabéns por sempre. http://omarcolturi.blogspot.com.ar/
Moço, maltratar não é direito
Essa mágoa no meu peito, você sabe de onde vem
Isso é desamor e não tem jeito
Um amor quando desfeito sempre faz alguém chorar
Eu chorei saudade, tá doendo
E lá vem você querendo
Outra vez me maltratar
Um amor só é bom quando é pra dois, eterno
É antes e depois
Agora, não vou mais me enganar
Não quero mais sofrer, não dá
Se o teu desejo era me ver
Se deu vontade de saber
Se tô feliz
Até posso dizer que sim
O teu reinado acabou, chegou ao fim
Eu não nasci pra você, nem você pra mim.
Maria Rita
Bom dia.
Eu hoje tive um pesadelo e levantei atento, a tempo
Eu acordei com medo e procurei no escuro
Alguém com seu carinho e lembrei de um tempo
Porque o passado me traz uma lembrança
Do tempo que eu era criança
E o medo era motivo de choro
Desculpa pra um abraço ou um consolo
Hoje eu acordei com medo mas não chorei
Nem reclamei abrigo
Do escuro eu via um infinito sem presente
Passado ou futuro
Senti um abraço forte, já não era medo
Era uma coisa sua que ficou em mim, que não tem fim
De repente a gente vê que perdeu
Ou está perdendo alguma coisa
Morna e ingênua
Que vai ficando no caminho
Que é escuro e frio mas também bonito
Porque é iluminado
Pela beleza do que aconteceu
Há minutos atrás
Poema – Cazuza
Blues da Piedade
Cazuza
Agora eu vou cantar pros miseráveis
Que vagam pelo mundo derrotados
Pra essas sementes mal plantadas
Que já nascem com cara de abortadas
Pras pessoas de alma bem pequena
Remoendo pequenos problemas
Querendo sempre aquilo que não têm
Pra quem vê a luz
Mas não ilumina suas minicertezas
Vive contando dinheiro
E não muda quando é lua cheia
Pra quem não sabe amar
Fica esperando
Alguém que caiba no seu sonho
Como varizes que vão aumentando
Como insetos em volta da lâmpada
Vamos pedir piedade
Senhor, piedade
Pra essa gente careta e covarde
Vamos pedir piedade
Senhor, piedade
Lhes dê grandeza e um pouco de coragem
Quero cantar só para as pessoas fracas
Que tão no mundo e perderam a viagem
Quero cantar o blues
Com o pastor e o bumbo na praça
Vamos pedir piedade
Pois há um incêndio sob a chuva rala
Somos iguais em desgraça
Vamos cantar o blues da piedade
Vamos pedir piedade
Senhor, piedade
Pra essa gente careta e covarde
Vamos pedir piedade
Senhor, piedade
Lhes dê grandeza e um pouco de coragem
Bom dia
Queria muito a explicação da música ave de prata