LENINE – Cantor, Compositor, Arranjador e Produtor
AQUILO QUE DÁ NO CORAÇÃO
Osvaldo Lenine Macedo Pimentel, 52 anos, começou a ser reconhecido quando teve seu som gravado por Elba Ramalho, após muitos anos vividos no Rio de Janeiro, em contato com muitos músicos e cantores. Depois vieram Fernanda Abreu, O Rappa, Milton Nascimento, Maria Rita, Maria Bethânia e outros nomes de peso da MPB. Trabalhou como arranjador em seriado da Globo e fez outros trabalhos como músico e produtor. Ele já arrebatou dois Grammy Latino.
Aquilo Que Dá No Coração
Aquilo que dá no coração
E nos joga nessa sinuca
Que faz perder o ar e a razão
E arrepia o pelo da nuca
Aquilo reage em cadeia
Incendeia o corpo inteiro
Faísca, risca, trisca, arrodeia
Dispara o rito certeiro
Avassalador
Chega sem avisar
Toma de assalto, atropela
Vela de incendiar
Arrebatador
Vem de qualquer lugar
Chega, nem pede licença
Avança sem ponderar
Aquilo bate, ilumina
Invade a retina
Retém no olhar
O lance que laça na hora
Aqui e agora,
Futuro não há
Aquilo se pega de jeito
Te dá um sacode
Pra lá de além
O mundo muda, estremece
O caos acontece
Não poupa ninguém
Avassalador…
Avassalador
Chega sem avisar
Arrebatador
Vem de qualquer lugar
Aquilo que dá no coração
Que faz perder o ar e a razão
Aquilo reage em cadeia
Incendeia
O grande sucesso da Rede Globo PASSIONE tinha como vinheta mais um sucesso do nosso poeta pernambucano Lenine. Logo que a música tocava, era certo que viriam as cenas de amor e de paixão arrebatadora.
A música intitulada “Aquilo que dá no coração” fala por si só.
O poeta derrama seu néctar já quando dá nome ao tema.
Ele fala do coração como uma terra fértil, irrigada e pronta para fluir sua energia vital: o amor.
E quando a semente amorosa se instala, rapidinho cresce e acontece. Ninguém sabe explicar. De repente, como um passe de mágica, ela deixa a pessoa sem ar e sem razão, numa sinuca difícil (de bico), a qual exige-se arte e malabarismo para escapar do seu laço.
Quando se está enfeitiçado pelo amor, arrepia a pele, os pelos do corpo, inclusive o pelo da nuca, e todos os sistemas do nosso corpo interagem, provocando o acelerar e palpitar do coração, fazendo o amante ou o apaixonado falar sozinho e viver aos sussurros.
E essa energia gostosa é um poderoso combustível, que frente ao menor indício de fogo (faísca), incendeia todo o corpo, num risca e trisca interminável. Vai tomando conta de tudo, arrodeiando e movendo os sentidos, fazendo todo o ser entrar em transe, que descamba no rito certeiro.
O ritual do amor é de conhecimento universal. É aquilo que une e dá liga aos que amam, fundindo-os em uma só pessoa.
Aquilo que dá no coração
E nos joga nessa sinuca
Que faz perder o ar e a razão
E arrepia o pelo da nuca
Aquilo reage em cadeia
Incendeia o corpo inteiro
Faísca, risca, trisca, arrodeia
Dispara o rito certeiro
Nos tempos medievais, o vassalo era aquele que se deixava subjugar pelo seu senhor, colocando-se numa posição de submissão. O poeta Lenine compara a força desse amor com aquela que o patrão exercia sobre seu servo, vivendo apenas para cumprir o ordenamento superior.
Arrebatador, impulso maior que nos arranca do solo, abduzindo o ser amado para outra dimensão. Movido pela paixão, sente-se o corpo ser tomado num repente, de fazer perder a cabeça.
Vem de qualquer lugar, não importando o status social ou a origem. Chega sem avisar, atropelando, sem pedir licença e avança sem pensar.
Este amor não quer somente iluminar, que é a função da vela, mas deseja mais, quer dissipar todas as trevas interiores, fazendo uma fogueira para queimar o peito, provocando uma poderosa combustão.
O pernambucano, com seus versos, conversa com outro famoso poeta, Luís de Camões: “O amor é fogo que arde sem se ver! … É querer estar preso por vontade.”
Avassalador
Chega sem avisar
Toma de assalto, atropela
Vela de incendiar
Arrebatador
Vem de qualquer lugar
Chega, nem pede licença
Avança sem ponderar
Este fogo do amor é iluminador, lançando chama pelos olhos. Todo mundo percebe porque não se pode esconder tal intenso brilho de olhar, que parece anunciar com luzes de neon o sentimento que jorra do coração.
E tudo se dá de momento. Um clique de olhar e pronto. A pessoa é imediatamente capturada pela magia do amor. A partir daí, ninguém pensa no futuro ou no passado, só se quer viver o presente. E esse desejo é tão forte que mexe loucamente, sacudindo rotinas, levando a pessoa a fazer o inusitado. O mundo vira de ponta cabeça, estremecendo os alicerces daqueles que amam ou estão movidos pela paixão.
Aquilo bate, ilumina
Invade a retina
Retém no olhar
O lance que laça na hora
Aqui e agora,
Futuro não há
Aquilo se pega de jeito
Te dá um sacode
Pra lá de além
O mundo muda, estremece
O caos acontece
Não poupa ninguém
O poeta Lenine, com um envolvendo ritmo, faz-nos viajar pelos caminhos do amor, descrevendo-o com felizes metáforas esta impetuosa força, avassaladora e arrebatadora, que de repente se instala no coração. Tal fogo, que atropela e não poupa ninguém, faz perder o nexo, conduzindo ao ápice do prazer os enamorados, no seu indescritível ritual.
Avassalador
Chega sem avisar
Arrebatador
Vem de qualquer lugar
Aquilo que dá no coração
Que faz perder o ar e a razão
Aquilo reage em cadeia
Incendeia
Autor da Análise da Letra da Música José Maria Cavalcanti
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Um pouco mais sobre este grande talento nordestino:
“Cantor, compositor, arranjador, músico e produtor, poucos artistas reúnem reconhecido talento em tantas atividades. Lenine tornou-se uma personalidade da música brasileira, sendo ele reconhecido pelo grande público, pela imprensa, por artistas e multiplicadores de opinião. Seu som inovador, transpõe as fronteiras do Brasil e se consolida no exterior.Um dos artistas de maior vendagem na Europa, suas turnês costumam passar por dezenas de países, atingindo mais de 800 mil pessoas.Apenas na França, onde seu público é mais significativo e onde seus cds já venderam mais de 60 mil cópias, este pernambucano de alma carioca esteve em mais de 15 cidades, sendo sempre apontado como um dos nomes mais representativos da nova safra da música popular brasileira. Do Japão até a República Tcheca, do Canadá à Madagascar,da Dinamarca às Ilhas Canarias este cronista sonoro, se diz planetário ao fazer questão de mostrar sua música, aos quatro cantos do mundo.
Como compositor, possui um catálogo com mais de 600 canções, que são requisitadas e gravadas por artistas de várias gerações, tais como Maria Bethânia, Fernanda Abreu, Maria Rita, O Rappa, Milton Nascimento, Gabriel o Pensador, Frejat, Daniela Mercury, Elba Ramalho, Zélia Duncan, entre outros.
Como produtor, Lenine foi responsável pelo segundo cd de carreira da cantora Maria Rita, que foi lançado pela Warner, e pelo trabalho de Chico César, primeiro na gravadora Biscoito Fino.
Envolvido na “Saison”, evento internacional no qual o Brasil foi homenageado pela França, Lenine compôs, ao lado de Lula Queiroga, a convite do Ministério da Cultura, o tema do evento.
A canção “Sob o mesmo céu”, que fez parte de um dos seus shows, foi executada em todas as rádios da França e nos eventos programados pela Saison.
Lenine participou da Saison, apresentando-se no Teatro Zenith, com a Orquestra National de Ille de France, acompanhado de 1300 vozes infanto juvenis, interpretando sua obra.”
Se apaixonar – por qualquer coisa – é realmente um presente divino. Viva! Aos homens movidos pela paixão. Parabéns, Lenine!
Querido José Maria, muito bom o Lenine é um dos meus preferidos, igual a outro grande que vou postar proximamente. Fiquei surpreso ao ler teu comentário sobre Mariani, um disco não muito conhecido, porém você deu luxo de detalhes da Banda, no blog tem uma outra postagem do Eric Johnson, recomendo prá você pegar. Por outro lado, no dia 22 de Abril, um dia antes de teu comentário sobre o blues, que foi muito lindo e satisfatório prá mim, coloquei um vídeo da menina Jess Lewis, que realmente me sorpreendeu ao descobri-la porque, ao vê-la tão tímida junto a Alex Hutchings and Jess Lewis ‘Little Jazzy Jam’, não imaginei a precisão tão perfeita de sua forma de tocar, o mais incrível que já vi até agora. Muito obrigado por ser tão sincero e querível. Um forte abraço e lembranças.