Parabéns, Brasília!
BRASÍLIA – CURVAS DA MODERNIDADE
Descobri desde cedo que algumas sacadas, principalmente as iluminadas, têm o poder de influenciar a vida de milhares de outras pessoas. E não é que a ideia do estadista mineiro, Juscelino Kubitscheck, de retirar dos cariocas sua capital federal também iria mexer com minha família, lá num pedacinho distante do Oeste potiguar.
Tudo começou com meu tio Bila, que se tornou um precursor entre nós. Partiu, em 1956, desbravando com seu caminhão, chamado carinhosamente de “Gira-mundo”, todo o Nordeste, Minas, São Paulo, Rio de Janeiro e depois foi parar em Goiás. Ali, nem ele mesmo desconfiava, iria plantar seus pés definitivamente naquele sagrado quinhão de terra, que logo aprendeu a amar.
Depois meus avós, Pedro Alves e Dona Mocinha, que foram se juntar aos demais filhos, os quais seguiram antes para edificar a nova capital. Quase todos os irmãos migraram para o maior canteiro de obras brasileiro, com exceção da minha mãe e do meu tio Antônio.
A contar de abril de 1960, o Planalto Central passou a abrigar oficialmente a capital do Brasil, pois, no dia 21, foi apresentada ao mundo a princesinha curvilínea, uma magnífica obra arquitetônica, saída da genialidade de um brasileiro.
Enquanto os fogos riscavam o céu, minha mãe sentia algumas contrações, mas quis o destino que eu nascesse dois dias depois do grande evento. Quase ganhei o nome de Jorge, mas não poderia fugir da nossa tradição: as mulheres são Marias, e os homens são Josés.
Vinte e três anos depois, fui fazer um curso em Brasília, tendo o privilégio de colocar os pés na central das decisões políticas, sociais e econômicas brasileiras. E foi o mesmo tio Bila que me carregou do aeroporto diretamente para sua casa. Fui tratado como príncipe por minha tia Maria e primos. Depois de conhecer os demais tios: João Bosco, Mariquinha, Neném, Deia e Teresinha, e os muitos primos que ali nasceram, segui para conhecer as curvas da modernidade.
Diante de tanta beleza que contemplei no tour que meu tio me proporcionou, não me cansei de admirar tudo que via, podendo assim encontrar a exata tradução das palavras do seu criador: “Não é o ângulo reto que me atrai, nem a linha reta, dura, inflexível, criada pelo homem. O que me atrai é a curva livre e sensual, a curva que encontro nas montanhas do meu país, no curso sinuoso dos seus rios, nas ondas do mar, no corpo da mulher preferida. De curvas é feito o universo, o universo curvo de Einstein.” (Oscar Niemeyer).
Hoje, 21 de abril, ao completar 51 anos, a cidade tem o orgulho de ser um lugar com muito verde, apresentando baixos índices de analfabetismo e de desemprego, possui uma renda per capita acima da média e por estar crescendo em um ritmo de causar inveja aos grandes centros.
Parabéns a todos os candangos que atenderam ao chamado de Juscelino, saindo dos rincões mais distantes do Brasil para erguer um sonho com a argamassa sólida de muito trabalho, especialmente aos meus familiares, que fazem parte também desta linda história.
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Linda homenagem a capital do nosso Brasil.
Já estive lá e pude apreciar toda a sua beleza e encanto.
Juscelino Kubitscheck que teve uma minissérie em sua homenagem feita pela globo e que tenho guardada para rever, pois admiro sua história.
Brasilia, logo irei novamente te visitar.
Cavalcanti,
Sempre estou antenado no seu Blog.
Dessa vez, resolvi escrever para parabenizar o artigo. Muito bom.
Também é meio suspeito este elogio vindo de um brasiliense.
Um abraço.
Meu avô, Pedro Alves, foi mestre cavoqueiro. Era o responsável por toda a lapidação das pedras de paralelepípedos.
Ele mesmo confeccionou um pilão de pedra e presenteou o presidente Juscelino.
Tenho muito orgulho da participação direta dos meus familiares no maior projeto arquitetônico de nosso país.
Parabéns Brasília. Parabéns família Alves.
Pouco se fala do trabalho daqueles que partiram de suas terras para erguer com argamassa o sonho de Juscelino Kubitschek. 80 mil brasileiros saíram dos seus rincões para derramar suor e lágrimas na construção da nova capital brasileira, em pleno serrado, no coração do Brasil.
E aquilo que parecia utopia se tornou realidade, graças aos guerreiros que não cessaram um só minuto de trabalhar, até o dia 21 de abril de 1960, quando finalmente o monumento arquitetônico modernista foi apresentado ao mundo.
Viva, Brasília, e mil vivas aos guerreiros de todas as partes do Brasil, carinhosamente chamados de candangos.
Eles foram os primeiros habitantes da cidade e serão sempre motivo de orgulho de todos os brasilienses.
Adriano, obrigado por sua ligação constante com o Blog do Bollog. Ele nasceu graças a sua valiosa ajuda. Hoje são quase 20.000 acessos de leitores que prestigiam este fórum criado para divulgar meus contos, poesias, viagens e outros entretenimentos.
Na verdade, tenho o propósito maior de tornar este site em uma praça dos familiares e amigos que tenho espalhados pelo Brasil.
Creio que aos pouquinhos iremos conquistar este objetivo.
Grande abraço, Cavalcanti.