TRADIÇÃO
FERA FEDERAL
Quando vi meu nome na lista de aprovados no concurso da ETFRN, há trinta e cinco anos, sabia que estava entrando em um mundo de muitas oportunidades. Edificações era o curso mais concorrido, e eu estava ali figurando entre os escolhidos. Sabia que o esforço tinha sido todo meu, visto que já estava fazendo o segundo grau em administração na Escola Técnica de Comércio, ECT, mas resolvi concorrer ao “vestibulinho” na área de construção civil.
Com a notícia, percebi também que passei a ser motivo de orgulho em minha casa, visto que meus pais se mostravam satisfeitos. Providenciaram logo o meu uniforme, que era uma calça azul com uma lista vermelha, de cima a baixo, nas laterais, uma bata azul claro, um tênis preto e uma camiseta polo, que era adquirida na secretaria da escola. Não reclamaram do aumento do número de passagens que teriam que comprar, visto que havia aulas nos dois períodos do dia e, à noite, eu dava prosseguimento ao curso de administração.
Ser aluno da Escola Técnica Federal do Rio Grande do Norte era ser diferente, pois todos os adultos na rua me cumprimentavam pelo meu êxito e lamentavam que seus filhos não tivessem a mesma dedicação de estudo. O que mais me emocionava era quando os pais de meus amigos, que custeavam para eles escolas particulares, apontavam-me como exemplo a ser seguido, visto que eu era oriundo de escola pública.
A ECT era uma escola enorme, mas nada se comparava à amplitude da ETFRN. Para se ter uma ideia do tamanho, possuía, no seu interior, um campo de futebol oficial com arquibancada e tudo, piscina olímpica, quadras polivalentes, ginásio poliesportivo, pátio de recreação, cinema, gabinete odontológico, enfermaria, biblioteca, pátio recreativo, estacionamento interno para carros, área verde imensa, sem contar é claro com as amplas e modernas salas de aula e os laboratórios para as aulas práticas.
Existia logo na entrada da escola uma maquete que projetava toda a escola e que mostrava que ela ainda estava para ser ampliada com a previsão da construção de um auditório, de novos laboratórios e até de apartamentos, que serviriam para alojar visitantes de outras escolas.
A sala de xadrez era meu espaço favorito, pois era lá que se quebravam as barreiras e nos misturava aos alunos de outros cursos. As regras de comportamento eram observadas pelos atentos monitores que estavam sempre circulando entre os alunos com suas pranchetas de anotações. Na hora do hino nacional, era orientação dada que os alunos parassem o que estivessem fazendo e ficassem em posição de “sentido”, em silêncio ou cantando o hino.
Sobretudo percebo que a bagagem maior que aprendi naquela escola foi o da postura técnica que devemos ter ao ingressar em uma empresa, o linguajar técnico da área específica do curso, a escrita formal, boa oratória, além do ensino fundamental e das aulas do ensino técnico propriamente dito.
Como estava sempre procurando absorver novas informações, inscrevia-me nas modalidades esportivas, participava das gincanas, dos jogos internos, curso de inglês e gostava de aproveitar a bem estruturada e equipada biblioteca. Tenho saudade de meus colegas de turma que vinham de cidades dos quatro cantos de nosso estado.
Vi, tempos depois, os meus dois irmãos caçulas, Joca e Rita, ingressarem também naquele mundo de informações. Hoje, com o advento da Internet, posso de vez em quando acessar o site dessa revolucionária escola, que hoje modificou o nome para Instituto Federal do Rio Grande do Norte, IFRN, com isso ampliando suas fronteiras para proporcionar ensinos também em nível superior.
O saudosismo aflorou em mim, devido eu ter a alegria de saber que meu sobrinho, Arthur, filho de minha irmã Lena, foi aprovado para compor essa escola que marcou a minha vida, mostrando-me que a qualificação profissional é a maior das chaves para se abrir as melhores portas no mundo empresarial. Parabéns Arthur, você é também um “fera federal”, assim como nosso querido e saudoso primo Zé Tônio, que foi o primeiro a pisar os pés no templo do saber técnico norte-rio-grandense.
Autor: José Maria Cavalcanti
A Escola de Aprendizes Artífices – EAA, criada em 23 de setembro de 1909, tinha como objetivo inicial dar acesso aos menos afortunados à formação de operários e contra-mestre. Depois a instituição centenária passou a ser Liceu Industrial e, logo a seguir, Escola Industrial de Natal – EIN. Também se chamou Escola Industrial Federal do RN – EIFRN. A partir do anos 70, passou a Escola Técnica Federal do RN – ETFRN, depois foi mudada para Centro Federal de Ensino Tecnológico do RN – CEFET. Atualmente, com curso superior, chama-se Instituto Federal de Ensino Educacional do RN – IFRN.
Obrigado, tio, valeu pela força e pela minha participação no seu blog.
Arthur, parabéns por sua grande conquista!
Gostei que você foi o primeiro a ver meu “post” e também
o primeiro a comentar.
Grande abraço,
Seu tio, Zeca.
Arthur, que grande vitória, pena não estar aí para a
comemoração.
Sucesso e muitas felicidades.
Marta
Zeca,
Seu texto está muito bonito, mas ressuscitou uma passagem triste em minha adolescência!!!Lembrei do dia em que a gente estava se arrumando em casa para fazer o exame do CEFET, eu bastante ansiosa e você bem tranquilo!!!Saí antes de você para pegar o ônibus no Garrafão, parada principal no bairro de Candelária. O ônibus chegou logo, mas antes de pegar a BR, percorreu todo o bairro, perdendo muito tempo. Dentro do ônibus, eu estava preocupada com você que iria chegar atrasado e poderia perder a prova. Depois de muitas voltas, o ônibus parou na Prudente de Morais, e eu saí correndo em direção ao portão do CEFET, duas quadras depois. Quando atravessava a Avenida, pude ver o portão se fechando, e vários estudantes se justificando e pedindo para entrar, tudo em vão. Não sei como cheguei em casa, pois, durante todo o percurso, tudo o que fiz foi chorar. Achei que não seria a única a perder a prova já que você saiu de casa depois de mim. Mas tive mais um motivo para aumentar a minha tristeza, quando você chegou e disse que tinha feito a prova e que tinha gostado muito!!!Descobri que você, ao invés de ir para o Garrafão, desceu para o Posto Planalto, pegou o primeiro ônibus e desceu na porta do CEFET. Fiz todo o Ensino Médio no Churchill, mas a vontade era de estar lá dentro do CEFET.
A vitória de Arthur amenizou um pouco essa passagem em minha vida, por isso fiz questão de ir deixá-lo no dia da prova. Chegamos com uma hora de antecedência e ficamos conversando até abrir os portões. Estou feliz, mais feliz ainda por ele ter realizado um sonho dele. Estou escrevendo no seu Blog um fato que nunca compartilhei com Cíntia, muito menos com Arthur!!!
Valeu, Zeca!!!!
Sua irmã, Lena
Tio Zeca!! Adorei seu post. Só agora descobri o porquê de tanta insistência da minha mãe para eu fazer o Cefet, pena que nunca tive interesse… (risos). Mas Arthur realizou o sonho dela. Eram tantas as recomendações, mas a maioria era sobre a antecedência do horário. Agora tudo fez sentido!!! Acho que ela está duplamente realizada!!!!
Beijos, Cíntia.
Lena, algumas coisas acontecem conosco e não desconfiamos por qual razão. Hoje você é quase Doutora na sua Área de Humanas. É Mestra com grau elevado e já se encaminha para dar mais um passo nessa linda área do conhecimento.
Aquela escola, que mudou de nome, sempre teve um caráter técnico, e o destino conduziu você pela mão, fazendo o ônibus atrasar, para com carinho levar você por outro caminho.
Eu não concluí o curso técnico também, pois passei noutro
concurso, vindo para São Paulo um ano mais tarde. Poucos
anos depois, ingressei na Área de Humanas também, e hoje não penso que me encaixaria noutro lugar senão o prazeroso que nós escolhemos.
O destino brincou um pouquinho comigo, pois eu nem sabia
o que queria até completar vinte anos.
Aqui em São Paulo, descobri minha paixão pelas letras, quando passei a exercer as funções de Redator da revista e da Sociedade dos Alunos da nossa turma e a função de Locutor na Rádio Aparecida do Norte.
Naquele período, conquistei um prêmio que muito me estimularia e definiria minha vocação na área das Letras. Ganhei um concurso de crônicas e poesias, fiz todos os discursos que me incumbiam de fazer e textos do presidente, além de cooperar na confecção da nossa revista.
Toda aquela prática e uma incipiente produção poética deram-me um fio condutor para definir minha vocação.
Hoje sou grato por tudo que me aconteceu, mesmo que
às vezes eu não soubesse o porquê de cada coisa.
Não sinta tanto por aquela vaga que o destino não quis
agraciar a você; também não posso me culpar
por ter conseguido o lugar (que poderia muito bem ser
seu) e depois tê-lo refutado.
Nossa vida às vezes percorre caminhos tortos para
endireitar lá na frente.
O mais importante foram as sementes que você plantou
na Cíntia e no Arthur, que agora começam a frutificar e
muita coisa boa ainda virá da parte deles.
Claro que algo muito maior você sempre passa para eles:
muita garra e muita luta para dar sempre o melhor.
Parabéns, Lena, você é uma irmã vencedora.
Seu irmão e amigo,
Zeca.
Cíntia, você viu, finalmente a “Caixa de Pandora” se abriu…
Puxa, quantos segredos um ser humano pode guardar e por
quanto tempo, hein!
Ainda bem que o Arthur recompôs tudo, colocando as coisas
nos seus devidos lugares, juntando partes quebradas, curando velhas feridas (risos).
Agora, Cíntia, ela deve comemorar muito para jogar todas as
velharias fora, pois senão o poço fica cheio de entulhos, não
deixando a água fluir.
Valeu, Cíntia, grande beijo.
Seu tio, Zeca.
Obrigado por aproveitar o blog e homenagear o nosso sobrinho. Sei que a vitória é toda dele, mas o orgulho é todo nosso. Parabéns Arthur!!!!
Joca, você falou tudo: a vitória é dele, mas o orgulho é nosso!
São lindas as vitórias da família.
Parabéns a todos!
Eloisio
Arthur, você está de parabéns! Desejo tudo de bom para você nessa nova caminhada. Beijos Vovó.
Olá Arthur, gostaria de parabenizá-lo por essa conquista, pois, lendo o texto
e depoimentos, não tive coragem de sair sem deixar aqui as minhas saudações
e dizer que sua família é linda!
Grande abraço e fique com Deus!
Márcia
Parabéns pela conquista Arthur. Te desejo muito sucesso e que vc goste muito da profissão que escolheu nessa nova caminhada. Um beijo de sua tia